O desafio de entregar a encomenda certa no menor tempo possível

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O desafio de entregar a encomenda certa no menor tempo possível

Por: Hairton Ponciano Voz . 08/05/2022
Inovação

O desafio de entregar a encomenda certa no menor tempo possível

Em um país com as dimensões do Brasil, uma pequena falha na logística pode comprometer toda a operação

4 minutos, 23 segundos de leitura

08/05/2022

Por: Hairton Ponciano Voz

A importância de manter uma cadeia de suprimentos funcionando de forma ideal também foi um dos temas discutidos no evento. Foto: Getty Images

“Basta uma pequena falha na logística e 5 mil funcionários param de trabalhar, à espera de uma peça que não chegou no momento certo”. Com esse exemplo, o vice-presidente de manufatura da Stellantis para a América do Sul, Pierluigi Astorino, dá uma dimensão da importância da cadeia de fornecimento de suprimentos na indústria. O tema foi debatido no painel Desafios e soluções do setor de logística e entregas, que contou ainda com a participação de Joyce Bessa (head de Gestão Estratégica, Finanças e Pessoas da TransJordano), Huber Mastelari (CEO da Lots Group para América Latina) e Márcio Toscano (diretor comercial e de marketing da Autotrac).

Astorino afirma que, diariamente, lida com problemas na linha de produção, por causa da logística. “A crise continua e há interrupções (na montagem)”, diz, referindo-se a falta de componentes, atraso de navios, falta de contêiner, etc. Ele informa que muitos problemas da produção ainda estão relacionados à escassez de semicondutores.

Como a produção trabalha dentro do conceito de “manufatura lean” (mínimo estoque), o fornecimento tem de ser preciso: a peça certa precisa chegar à linha no momento certo. Assim, a logística precisa ser perfeita. Segundo o executivo, qualquer contratempo em algum ponto do trajeto, seja em alfândega ou rodovia, gera tensão. Astorino diz que um dos desafios é achar a forma ideal de utilizar a tecnologia para auxiliar da melhor forma possível o funcionamento de toda a cadeia.

Azeite da salada

Márcio Toscano, da Autotrac (empresa de rastreamento que tem entre seus acionistas o ex-piloto Nelson Piquet), concorda e diz que a tecnologia é o “azeite da salada da logística”;. Mas acrescenta que o importante é saber como utilizá-la.

Ele afirma que, mais do que o uso da tecnologia, é fundamental estabelecer metas a serem cumpridas. De acordo com Toscano, é comum encontrar transportadoras que, mesmo com tecnologia à disposição, ainda usam o método convencional no dia a dia, por razões culturais.

Segundo o executivo, com a adoção de medidas simples, a Autotrac constatou que era possível obter redução de 8% no gasto combustível, apenas corrigindo o modo de condução. Afora a economia de dinheiro (com ganho de tempo e menos paradas para abastecimento), medidas assim também resultam em menor impacto ambiental.

Porém, Toscano constatou que muitas empresas não conseguem colocar em prática os ensinamentos. Como resultado, “o dinheiro se perde pelos dedos”, enfatiza.

Provas de português

Para preparar melhor os motoristas, Joyce Bessa, da transportadora TransJordano, informa que a empresa tem um recrutamento criterioso.  “Nossa seleção envolve até provas de português e matemática”, diz.

Além disso, Joyce afirma que a missão da empresa é qualificar motoristas, trabalho que envolve o monitoramento constante do profissional.  “A correção de erros deve ser feita enquanto ele está dirigindo, e não um mês depois”, afirma, alegando que nesse caso o prejuízo já estaria consumado.

Todo esse trabalho é feito por meio de conectividade com o veículo, e resulta em economia não apenas durante a viagem, mas até posteriormente, na venda do caminhão. “Como nós cuidamos da frota, conseguimos um preço superior na venda.”

Mulheres

Joyce também informa que a transportadora tem incentivado a formação de motoristas do sexo feminino. “Uma pesquisa da CNT (Confederação Nacional do Transporte) constatou que, em 2019, apenas 0,5% de motoristas eram mulheres. Nós temos 10% de mulheres, portanto bem acima da média”, garante.

Apesar disso, a executiva julga que o número ainda é pouco, e investe na formação de profissionais do sexo feminino. “Nós formamos mulheres mesmo sem experiência. Algumas faziam limpeza, outras dirigiam trator. Se elas têm garra, um sonho, nós vamos prepará-las.”

Huber Mastelari, da Lots Group, também informa que a empresa (que faz parte da Scania) tem incentivado a profissionalização de mulheres como motoristas. De acordo com ele, 8,6% do quadro de motoristas é formado por mulheres, média que salta para 25% nas profissionais que trabalham nas bases localizadas na Grande São Paulo.

Além disso, a Lots tem investido muito na condução autônoma. Por meio de satélite, inteligência artificial e georreferenciamento, a empresa tem realizado operações de máquinas sem motoristas em áreas off-road “confinadas”, como mineradoras e fazendas. “Levamos nossas máquinas para operações subterrâneas e dentro de túneis”, garante, locais onde segundo ele não há sinais de telecomunicação.

Mastelari diz que a empresa já testa em uma mineradora na Austrália um caminhão de nível 4 de condução autônoma. Em condições inóspitas, como o ambiente em áreas de mineração, a frota operada a partir de torre de controle, de forma remota, tende a render mais, porque segundo o executivo ela trabalha na velocidade correta e na faixa de consumo ideal. O resultado aparece na economia de itens como pneus, por exemplo. Além disso, a operação é mais produtiva, porque não exige paradas para troca de turno. “A tecnologia não é mais um diferencial, mas sim base para competir”, encerra.

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