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O Dia Nacional da Indústria e a era da nova industrialização

Por: . 25/05/2023
Inovação

O Dia Nacional da Indústria e a era da nova industrialização

Imaginar como será a indústria automobilística nas próximas décadas é um exercício que praticamos com frequência, especialmente nesse momento de mudanças tão profundas

4 minutos, 9 segundos de leitura

25/05/2023

Montadoras, fornecedores e academia geram para o País uma riqueza intangível em termos de produção de tecnologias, inteligência estratégica e formação profissional. Foto: Getty Images

Hoje, 25 de maio, comemora-se o Dia Nacional da Indústria. Costumo dizer que todo dia é dia de produzir, é dia da indústria, pois sem ela nenhum país do mundo atinge patamares mínimos de desenvolvimento econômico, acadêmico, estratégico e social.

Mas este dia 25 tem um significado especial, pois foi criado em homenagem a Roberto Cochrane Simonsen (1889-1948), um dos pioneiros da industrialização no Brasil. Além das empresas que criou na área de construção civil e transportes, o engenheiro santista Simonsen foi um visionário.

Há quase um século idealizou o Senai e o Sesi, importantes instrumentos de apoio à indústria, além de ter presidido com destaque a CNI e a FIESP.

Se a indústria brasileira tem essa força e importância nos dias de hoje, muito se deve a esses pioneiros, que em sua atuação empresarial e pública se preocuparam com os fundamentos de um País industrializado. Isso tudo na primeira metade do século 20. Pois, agora, nessa altura do século 21, o Brasil está precisando muito de um novo choque de industrialização.

Já escrevi aqui neste espaço que “nova industrialização” é o nome do jogo hoje no Brasil, e seu sobrenome é “descarbonização” . A junção dos dois conceitos, que são as duas grandes bandeiras da Anfavea, pode ser compreendida como a reinvenção da indústria automobilística, com foco total na mobilidade ambientalmente responsável, na localização de componentes de alta complexidade e na criação de infraestrutura para as novas rotas tecnológicas.

Corrida pela descarbonização

Imaginar como será a indústria automobilística nas próximas décadas é um exercício que praticamos com frequência, especialmente nesse momento de mudanças tão profundas. Até a metade deste século, os países mais ricos já terão como padrão a eletrificação. Outros, como o Brasil, deverão utilizar múltiplas soluções de propulsão limpa, com a convivência de modelos elétricos, híbridos, a biocombustíveis, HVO, ou inovações como a célula combustível a etanol, por exemplo.

Além dessa inevitável corrida pela descarbonização, o setor automotivo será ainda mais impactado por fenômenos já em curso, como a conectividade, que irá intensificar a troca de informações entre veículos e com o ambiente; o aumento do grau da automação; e os serviços de compartilhamento que irão se moldar a novos perfis de clientes. A chegada do 5G já está acelerando todos esses processos em uma velocidade jamais vista.

Márcio de Lima Leite: “O ecossistema produtivo está preparado para surfar na nova onda de industrialização que o mundo está passando”. Foto: Divulgação Anfavea

Como presidente da Anfavea, o que mais me preocupa é o que estará reservado ao Brasil. Qual será o papel da indústria nacional nesses cenários de médio e longo prazo? Acredito que os próximos anos serão definidores do destino do ecossistema industrial automotivo. As tecnologias avançadas, a corrida da descarbonização e a reorganização das cadeias de suprimentos pós-pandemia são movimentos que exigem visão de futuro por parte de entes públicos e privados, e principalmente ações no presente.

Nossas montadoras, fornecedores e academia geram para o País uma riqueza intangível em termos de produção de tecnologias, inteligência estratégica e formação profissional. Esse ecossistema está preparado para surfar na nova onda de industrialização que o mundo está passando.

Oportunidades de crescimento

A revolução tecnológica e a corrida pela descarbonização geram oportunidades incríveis para que o Brasil amplie sua tradição como importante polo automotivo, produtor e exportador. Temos parques industriais de primeiro mundo, mão de obra e engenharia qualificadas, e centros de desenvolvimento e design avançados.

Nosso país é rico em recursos naturais, energia limpa e recursos humanos. Além de todas essas vantagens competitivas, o Brasil deve aproveitar a nova configuração geopolítica global, na qual os países mais industrializados buscam parcerias com mercados mais próximos em termos geográficos e mais amigáveis em termos de segurança e previsibilidade.

E aqui me refiro não ao fornecimento de matérias-primas, mas sim de produtos industrializados e tecnologias sofisticadas. Temos todas as condições de produzir localmente produtos de ponta: de semicondutores a baterias complexas, de veículos elétricos a motores com as mais inovadoras soluções em biocombustíveis.

Por isso, há motivos reais para mantermos o otimismo. Temos um grande mercado consumidor, uma economia relevante com potencial de crescimento, baixa motorização por habitante, uma indústria dinâmica e resiliente e forte base de engenharia local. Com o mesmo entusiasmo dos pioneiros da nossa indústria, seguimos acreditando em nosso país, em nossas riquezas e em nossa capacidade de adaptação aos novos desafios.

Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião do Estadão

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