Os desafios da eletrificação dos transportes no Brasil
Entenda os principais fatores que impedem os carros elétricos de chegarem de vez às ruas brasileiras
O mundo estabeleceu a meta de zerar as emissões de gás carbono até 2050 e uma forma de fazer isso é pela eletrificação dos transportes. Isso porque os automóveis a combustão são grandes responsáveis pela emissão de poluentes causadores das mudanças climáticas.
A eletrificação dos transportes pode ser feita por meio de quatro tipos principais de veículos:
- veículos 100% elétricos: obtêm energia exclusivamente de baterias elétricas recarregáveis.
- veículos híbridos: compostos por motor principal a combustão e motor elétrico complementar, o que gera menos emissões de poluentes do que os veículos tradicionais.
- veículos híbridos plug-in: possuem motor de combustão interna menor e baterias elétricas mais potentes.
- veículos elétricos movidos a células de hidrogênio: possuem motor elétrico que funciona por meio de uma célula de combustível e converte a energia química do hidrogênio em energia elétrica.
Portanto, a eletrificação dos transportes envolve principalmente a estrutura energética para mantê-los em circulação. Ao contrário de outros países, isso não é problema no Brasil, em que a principal fonte de energia elétrica (hidrelétrica) é renovável. No entanto, outros desafios impedem a popularização dos elétricos no País. Confira quais são:
Restrição do poder de compra dos brasileiros
A fabricação dos carros elétricos é complexa, envolve o setor automobilístico e elétrico. Soma-se isso o alto custo das baterias íon-lítio, principais componentes desses veículos e que, apesar de terem ficado mais acessíveis nos últimos anos, ainda encarecem os elétricos em relação aos automóveis convencionais.
A frota brasileira é composta por carros médios e populares, segmentos em que os automóveis elétricos têm pouca representatividade. Apesar de a economia com combustível justificar o investimento em longo prazo, em geral, a maioria da população brasileira não consegue adquirir um veículo, cujo custo gira em torno de R$ 200 mil, dependendo do modelo.
A esperança é que as montadoras consigam reduzir o custo com a fabricação e repasse a economia aos consumidores, tornando os carros elétricos mais acessíveis ao público brasileiro.
Baixo valor de revenda
Ainda falando do custo-benefício para o consumidor, quem opta por comprar um carro elétrico e pretende vendê-lo anos depois, pode ter o valor inicial mais depreciado do que a revenda de um carro médio ou popular. Isso também é um impeditivo para a aquisição desses automóveis, o que prejudica a eletrificação dos transportes no País.
Falta de investimento em infraestrutura de recarga
A infraestrutura para comportar os carros elétricos ainda engatinha no Brasil, principalmente em relação ao carregamento. Os proprietários podem recarregar os carros em casa, mas quando estiverem na rua, dependendo do local, terão dificuldade para encontrar um posto de recarga.
Algumas cidades brasileiras já contam com boa oferta de eletropostos, como é o caso de São Paulo e Rio de Janeiro. Mas a maioria fica em locais privados, já que é iniciativa especialmente de montadoras. Entre essas empresas estão: Volvo, Enel e Nissan.
Além de demorar para encontrar um posto de recarga, o proprietário de um automóvel elétrico também precisa torcer para que o local ofereça carregador compatível com seu modelo. Mais um desafio que desestimula a eletrificação dos transportes no País.
Valorização do setor de biocombustíveis desfavorece incentivos à eletrificação dos transportes
Outro fator que interfere na eletrificação do transporte é que o Brasil tem um forte setor de biocombustíveis. O uso de etanol e biodiesel também diminuem, ainda que em menor proporção, as emissões de gases de efeito estufa nos transportes. Nesse contexto de elevada participação dos biocombustíveis, pode não ser interessante a difusão rápida dos veículos elétricos.
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