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Sem tags, motos correm risco nos pedágios

Por: Arthur Caldeira . 28/09/2022
Inovação

Sem tags, motos correm risco nos pedágios

Excluídos das cobranças automáticas, motociclistas se arriscam pagando a tarifa com cédulas e moedas em cabines manuais na maioria das rodovias do País

4 minutos, 9 segundos de leitura

28/09/2022

Motociclista coloca sua segurança em risco ao ser obrigado a fazer o pagamento em cabines manuais: além do óleo derramado na pista por outros veículos, atropelamentos são comuns. Foto: Infomoto

Apesar da evolução das tags como meios de pagamentos eletrônicos nos últimos anos, viajar de motocicleta nas rodovias brasileiras parece coisa do século passado. Afinal, em todas as praças de pedágio das estradas em que as motos são tarifadas, os motociclistas ainda precisam parar a moto e pagar com dinheiro, em espécie, pois não existem tags para veículos de duas rodas.

“Na questão tecnológica, a tag é totalmente adaptável a motocicletas; porém, precisamos de ajustes e regras bem definidas quando falamos em uso dessa tecnologia para essa categoria de veículo”, afirma Alexandre Fontes, superintendente de operações e customer experience da Veloe. Para que motocicletas usem as tags, no entanto, o executivo afirma que falta desde a padronização da tecnologia, do local na via de tráfego das motocicletas, e até pistas de cobranças automáticas para essa categoria de veículo.

A segurança viária, aliás, é o principal motivo alegado pelas empresas do setor para que não existam tags para motos. “O maior desafio é o convívio de motos e veículos pesados utilizando as mesmas vias de passagem. Hoje, existe uma competição entre veículos pesados e motocicletas que disputam o mesmo espaço, e as motos são o elo mais vulnerável quando pensamos na segurança”, acrescenta Fortes.

Carla Barreiros, diretora de operações do Sem Parar, concorda que o uso de tags por motos em cancelas de pagamento automático não seria o ideal. “O atrito é muito complexo para o motociclista. A leitura da tag é eletrônica, mas a abertura é mecânica. No caso de algum problema, poderia colocar em risco a segurança dos motociclistas”, explica a executiva do Sem Parar.

Segurança em risco

Entretanto, mesmo o pagamento nas cabines manuais oferece risco. Afinal, são comuns os casos de atropelamentos de motociclistas em praças de pedágio Brasil afora. “Segundo o Código de Trânsito Brasileiro, ‘o trânsito, em condições seguras, é um direito de todos e dever dos órgãos e entidades componentes do Sistema Nacional de Trânsito, a estes cabendo, no âmbito das respectivas competências, adotar as medidas destinadas a assegurar esse direito’. Ou seja, as concessionárias que cobram pedágio de motocicletas também deveriam adotar medidas a fim de garantir a segurança dos usuários de moto”, analisa o advogado André Garcia, para quem a falta de passagens automáticas exclusivas para motos parece mais uma desculpa em relação à não adoção de tags para esse tipo de veículo.

“É um descaso do poder concedente não existirem cabines exclusivas para motos”, concorda Edison Araújo, diretor executivo da UsuVias, associação brasileira de usuários de rodovias sob concessão. O poder concedente, no caso, são as agências reguladoras estaduais e a Agência Nacional de Transporte Terrestre (ANTT). “São esses órgãos que deveriam exigir cabines exclusivas para motos”, esclarece o advogado André Garcia.

Alternativas para as motos

Como forma de tentar incluir as motos em uma jornada de mobilidade mais fluida e com menos atritos, as empresas de tecnologia têm testado alternativas. No início de 2020, a Veloe criou uma pulseira com tecnologia NFC para que os motociclistas pudessem fazer o pagamento por aproximação em pedágios.

A iniciativa, contudo, não foi para frente. “Devido à falta de padronização da tecnologia usada pelos órgãos de regulação e controle, o NFC com pagamento por aproximação não foi viabilizado de forma interoperável em todas as praças de pedágio”, justifica Fontes, da Veloe.

Já o Sem Parar criou, em abril deste ano, o Sem Parar Pay, um aplicativo que permite que todos os usuários, incluindo os motociclistas, façam o pagamento de pedágio pelo Bluetooth do celular. “O motociclista pode baixar nosso app, fazer o cadastro, se não for usuário do Sem Parar, e optar pelo plano pré-pago. Só ativar o Bluetooth e nem precisa tirar o celular do bolso”, explica Carla Barreiros.

A solução tem atraído muitos motociclistas. De acordo com a empresa, até setembro deste ano, foram registradas mais de 100 mil transações de pedágio utilizando o app. Dessas, 41% foram realizadas por motociclistas. Atualmente, o serviço funciona em 11 concessionárias, que cruzam os Estados do Rio Grande do Sul, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Espírito Santo, São Paulo, Rio de Janeiro e Santa Catarina. Mas o objetivo é chegar a 100% da malha viária até o final de 2023, afirma a diretora de operações do Sem Parar. 

Apesar de ser sem contato, pois não há necessidade de manusear o celular, o pagamento ainda é feito nas cabines manuais. Embora seja mais prático do que usar cédulas e moedas, os motociclistas precisam parar a moto e dividir a cabine com outros veículos.

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