Sofisticação com vista para o mar
Iates mais luxuosos do País fazem curtos trajetos e são equipados para receber convidados com muito requinte a bordo
É como se você estivesse em uma residência de luxo, com projeto assinado por arquitetos renomados, revestida de madeira nobre e decorada com móveis italianos. Mas, ao contrário dos lares terrestres, no iate, um dia, você abre a janela e vê, ao fundo, o casario colonial de Parati (RJ). No outro, os contornos de Ilhabela (SP) ou os recortes do litoral de Angra dos Reis (RJ). Dentro, dois ou até três pisos, com três suítes. Fora, terraço, um deque de madeira que desce até o nível da água e área gourmet – com churrasqueira.
O mercado brasileiro de iates de luxo cresceu tanto nos últimos anos que promoveu até uma mudança nos estaleiros. Marcas como a italiana Azimut passaram a produzir suas embarcações no Brasil. E os fabricantes tiveram de se adaptar às exigências da clientela. “Espaço gourmet [em iates] foi um termo criado no Brasil; lá fora, nem tinha isso”, garante Fernando Assinato, CEO da Armatti, empresa nacional que produz, em Santa Catarina, iates de 30 a 52 pés, com valores que podem chegar a R$ 6,5 milhões.
Preço, a propósito, não é obstáculo nesse mercado. Tanto que o iate mais caro do São Paulo Boat Show, o Intermarine 24M, de 81 pés, tem cotação inicial de R$ 36 milhões. Apesar do valor, o estaleiro conta com mais clientes na fila do que embarcações para vender. “Estamos com nossa linha sold out [totalmente vendida]”, afirma Rafael Paião, diretor de marketing da empresa. A espera pode chegar a dez meses.
O 24M (alusão aos 24,8 metros de comprimento) tem 6 metros de largura, que chega a 7,8 com o beach club aberto (que é como a empresa chama o deque lateral, expansível). Há outro deque na popa, igualmente móvel, que desce até o nível da água. A exemplo da churrasqueira, essas expansões da área externa também foram requisitos dos clientes brasileiros, mais acostumados a receber convidados no iate. O modelo tem quatro suítes, cinco banheiros, sem contar as dependências reservadas à tripulação, e pode receber até 26 pessoas.
“O brasileiro usa mais o exterior, o flybridge [terraço superior], o espaço gourmet”, informa Assinato, da Armatti. Outra característica da preferência nacional são as pinturas. Ao contrário dos iates brancos vistos nos EUA e na Europa, ele garante que “90%” dos iates da Armatti saem pintados.
Viagens curtas
Os iates mais sofisticados no Brasil não são utilizados para grandes deslocamentos. “As viagens mais longas são de Ilhabela até Angra dos Reis”, diz o CEO da Armatti, referindo-se à curta distância entre o litoral norte de São Paulo e o sul do Rio de Janeiro.
Outra faceta pouco conhecida é que muitos proprietários de iate partem para uma segunda unidade. “A embarcação menor serve como barco de apoio”, afirma Assinato. A Armatti tem uma segunda marca, a Fishing, que fabrica modelos menores. Porém, ao contrário do que o nome indica (fishing, em inglês, significa pescaria), os modelos são utilizados para passeios, churrascos, mergulho, atividades de lazer que raramente envolvem pesca.
Entre as qualidades desse tipo de embarcação, que custa de R$ 400 mil a R$ 4 milhões, estão a agilidade e a resistência. Como são projetadas para pescarias em mar aberto, têm casco reforçado, tanque de combustível para grande autonomia (cerca de 1.200 litros, mais do que o dobro de um barco normal) e muita potência. Os modelos de 39 pés, os mais vendidos do estaleiro, saem com três motores de popa de até 400 hp, cada um. Assim, são capazes de atingir até 60 milhas náuticas, por hora (cerca de 110 km/h). Um barco de passeio normalmente não excede 38 milhas/hora (em torno de 70 km/h).
Luxo com sotaque italiano
Se não é tão rápido como um modelo da Fishing nem tão grande como o da Intermarine, a Azimut garante que terá o iate mais luxuoso da exposição. O Azimut 62 tem 18,6 metros (61,6 pés) e utiliza fibra de carbono e de vidro na estrutura. A embarcação custa a partir de R$ 14,9 milhões e tem projeto assinado pelos designers italianos Achille Salvagni (interior) e Stefano Righini (exterior).
Segundo a Azimut, os móveis são feitos à mão por artesãos italianos. Graças aos deques expansíveis, a área total é de cerca de 150 m2, distribuída em três pisos. O iate conta com três camarotes, sendo dois suítes.
Marinas
O custo mensal de uma marina varia de acordo com a localização e o tamanho. Para uma lancha pequena em vaga “seca” (fora da água), o preço parte de R$ 1.500. Sobe para cerca de R$ 4.500 para uma embarcação média e pode chegar a R$ 8.500 para os grandes iates. Um marinheiro habilitado para conduzir um iate desse porte tem salário em torno de R$ 6.500 mensais.
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