Todo mundo quer ir a Gramado de carro elétrico
Planeta Elétrico investiga as iniciativas de eletromobilidade na região Sul do País
O título desta matéria foi extraído de um bate-papo descontraído com um dos maiores especialistas brasileiros em eletromobilidade, o engenheiro Zeno Nadal, que trabalhou, por 11 anos, na Copel (Companhia Paranaense de Energia), e, atualmente, é o líder de experiência do cliente da GreenV, uma startup com soluções para mobilidade elétrica. Nadal gerenciou o projeto de pesquisa e implementou a primeira eletrovia, inaugurada no território nacional, a Eletrovia Paranaense, uma rota de 730 quilômetros de extensão, que liga o Porto de Paranaguá à Foz de Iguaçu.
“O pessoal brinca que a Paranaense é uma eletrovia gastronômica. Os pontos de recarga estão localizados em restaurantes, hotel e tem até um laticínio. A ideia foi proporcionar conforto e segurança aos usuários”, afirma Nadal. O engenheiro conta que os desafios mudaram muito desde a implantação da eletrovia. “Atualmente, existem várias iniciativas. Essa área está muito aquecida, mas ainda precisamos de investimento forte em recarga; afinal, todo mundo quer ir a Gramado de carro elétrico”, brinca.
Planejamento de viagem
Sim, é possível ir de Curitiba a Gramado com um veículo elétrico. Se bem planejada, a viagem pode até cortar o território nacional. Utilizando o site www.plugshare.com, por exemplo, pode-se traçar a rota e programar a viagem com grande facilidade. Também existem aplicativos nacionais, como o Eletroposto Celesc, que oferece a visão do Estado de Santa Catarina, mas que precisaria de um app complementar para planejar todo o percurso até a “Suíça brasileira”.
Paraná na frente
O Estado conta com diversas iniciativas, sendo que a Eletrovia Paranaense, na BR-277, é uma das grandes referências nacionais. Implantada em 2018, conta com 11 estações de recarga rápida e uma semirrápida. Curitiba também está desenvolvendo dois projetos com foco na eletromobilidade para o transporte público. O Inter 2, uma linha circular que integrará os seis corredores de transporte da cidade, melhorando a velocidade operacional; e a Linha Leste-Oeste, estrutura maior, com ônibus articulado que circulará na canaleta exclusiva e ligará a cidade de São José dos Pinhais ao bairro de Barigui, oeste da capital paranaense.
De acordo com a arquiteta e urbanista Ana Jaime, assessora de investimento do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba (IPPUC), o objetivo é que, a partir de 2024, existam cerca de 150 ônibus elétricos rodando na cidade. “Esses dois projetos integram o sistema estruturante de passageiros, que são responsáveis por cerca 33% do volume transportado, diariamente. Já progredimios bastante nos estudos e a implementação desses novos projetos nos guiará rumo à nossa meta de 100% da frota zero emissão em 2050”, planeja.
Universidade empenhada
No Rio Grande do Sul, um dos projetos com mais expressividade é o liderado pela professora Luciane Canha, da Universidade Federal de Santa Maria, que estuda a viabilidade da implementação de recarga V2G, modelo em que o carro elétrico pode trocar energia com a rede. Ela explica tudo neste artigo.
É também da Universidade de Santa Maria o projeto da Rota Elétrica Mercosul, que ligará o litoral norte do Rio Grande do Sul à divisa com o Uruguai, em um total de 905 quilômetros. Coordenado pela professora Alzenira Abaide, ele foi iniciado em setembro de 2021, e tem investimento previsto de R$ 11 milhões, para estudos e implementação, que contemplam a aquisição de um Audi e-tron Sportback, a implantação de 11 carregadores rápidos e estruturas de carport, um tipo de pergolado, que contará com a cobertura de painéis solares que vão gerar energia em todos os pontos de recarga.
Novos negócios
Em Santa Catarina, a Celesc deu início, em 2014, a uma chamada pública voltada ao incentivo da mobilidade elétrica. No mesmo ano, em parceria com a Fundação Certi, instituição de fomento à tecnologia, implementou o projeto da eletrovia, que, atualmente, conta com 5 veículos elétricos, 34 estações de recarga, 60 conectores e com o aplicativo Eletroposto Celesc. Segundo Marcos Gianesini, gerente de mobilidade da distribuidora, o trabalho evoluiu bastante, e, no momento, estão coletando muitas informações, entre elas a utilização da tecnologia V2G. “Nossa intenção é tornar essa tecnologia uma forma de negócio”, diz.
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