No presente, tecnologia treina motoristas; no futuro, poderá substituí-los

Volare Attack 8, desenvolvido para operar de forma completamente autônoma. Foto: Divulgação Volare

02/05/2024 - Tempo de leitura: 4 minutos, 12 segundos

Desde o ano passado, um micro-ônibus sem motorista circula pelo pátio da siderúrgica ArcelorMittal Tubarão, no Espírito Santo. Trata-se de um protótipo autônomo da Volare, ainda em fase experimental, mas um ponto de partida para um futuro mais seguro. No presente, a tecnologia tem auxiliado motoristas a dirigir com mais segurança, respeitando normas de trânsito, em busca de redução de acidentes. Numa segunda etapa, a máquina pode assumir a direção.

O primeiro micro-ônibus autônomo da América Latina foi desenvolvido em parceria com a Lume Robotics, startup brasileira de mobilidade autônoma, com um modelo Volare Attack 8 para funcionar de forma completamente autônoma. De acordo com a Volare, o modelo foi programado para operar na faixa ideal de eficiência, o que possibilita redução no consumo de combustível e na emissão de poluentes, e eleva a segurança.

Isso significa que, ao contrário do que ocorre atualmente nas ruas e estradas, o protótipo não excede velocidade e está programado para respeitar sinalização de trânsito.

Iniciativas como essa têm a finalidade de, a longo prazo, reduzir acidentes de trânsito. Para chamar atenção sobre o tema, o  Observatório Nacional de Segurança Viária (ONSV), criado em 2011, está realizando a 11ª edição do Movimento Maio Amarelo, em busca de internacionalização.

Para isso, o 4º Seminário de Mobilidade Humana, Segura e Sustentável – evento que abre a campanha deste ano – será realizado nos dias 6 e 7 de maio em Foz do Iguaçu, no Paraná, na região da tríplice fronteira, divisa entre Brasil, Argentina e Paraguai.

De acordo com Pedro Borges, head de Mobilidade Segura do ONSV, “a ideia é expandir o Maio Amarelo para os nossos vizinhos”. Ele diz que o relatório da Organização Mundial da Saúde divulgado em 2023, referente a dados de 2021 (o último disponível) revelou que o Brasil registrou 16 óbitos em acidentes de trânsito por 100 mil habitantes.

O índice, no entanto, é similar ao de países vizinhos como Colômbia, Costa Rica e Suriname, mas acima do verificado na Argentina (9 mortes por 100 mil habitantes), Chile (10/100 mil), Peru e Uruguai (13/100 mil).

Características

O micro-ônibus Volare Atrack 8 é dotado de software e sistema de navegação para definição de rotas. Ele é capaz de estabelecer comunicação com outros veículos (V2V, de veículo para veículo) e com a infraestrutura (V2I).

Embora o veículo 100% autônomo – que em tese reduziria muito os acidentes – ainda seja uma realidade distante mesmo em países desenvolvidos, sistemas de condução autônoma devem continuar a chegar aos poucos nos automóveis nacionais, não apenas por causa da concorrência entre fabricantes, mas por uma questão de regulamentação.

De acordo com Hilton Spiler, diretor de engenharia da divisão Vehicle Motion e responsável regional na Bosch pelo sistemas Adas (sistemas avançados de assistência ao motorista, na sigla em inglês), dispositivos como frenagem automática de emergência (AEB, na sigla em inglês) e aviso de saída de faixa (LDW, em inglês) fazem parte do Grupo A do programa Mover – Programa de Mobilidade Verde, sucessor do Rota 2030 -, em um pacote que inclui outros seis itens de segurança, e que serão requisitos obrigatórios.

Entretanto, ainda falta regulamentação sobre o tema. Segundo Spiler, que também é diretor de Segurança Veicular da Associação Brasileira de Engenharia Automotiva (AEA), na média, essas tecnologias deverão estar em 50% da frota em 2025 e a 85% até 2030/31. Atualmente a frenagem automática está em cerca de 35% da frota, e o alerta de saída de faixa, em 28%.

Monitoramento de motorista

Enquanto tecnologias mais sofisticadas não chegam em massa – o que muitas vezes depende de alteração na legislação, como é o caso da condução autônoma -, empresas têm utilizado o conhecimento para treinar motoristas.

Dados da nstech indicam que em 16% do tempo de uma viagem motoristas de caminhão cometem pelo menos um desvio crítico na condução. O estudo ainda aponta que 45% dos desvios cometidos por caminhoneiros são de mão fora do volante e que 44% dos casos são para manusear bebidas ou alimentos.

Desvios de conduta no volante podem levar a um número ainda maior de acidentes fatais: de acordo com relatório da Organização Mundial da Saúde (OMS) de 2022, o Brasil é o país com o terceiro maior número de mortes no trânsito.

A empresa afirma que a tecnologia é aliada e pode salvar vidas. A Onisys, solução da nstech de prevenção de acidentes para embarcadores, transportadores e operadores logísticos, traz um software que monitora riscos de acidentes rodoviários por meio de inteligência artificial (IA), machine learning (aprendizado de máquina), videomonitoramento interno de cabines e análise de dados.