O mal hábito, considerado por especialistas uma ‘epidemia da distração’, contudo, não é praticado apenas por quem está dirigindo um automóvel: ele tem sido cada vez mais frequente em motocicistas, pedestres, ciclistas e até mesmo pessoas no transporte público, como em trens e metrôs, por exemplo, que não prestam atenção em seus deslocamentos e se colocam em risco. Veja, a seguir, situações em que não é uma boa ideia usar o celular na mobilidade.

1. Celular ao dirigir: tão perigoso quando consumir álcool

O uso de celular ao volante entra em uma categoria que Organização Pan-Americana de Saúde chama de ‘direção distraída’, da mesma forma que comportamentos como beber, fumar ou conversar enquanto se está dirigindo.

“A divisão de atenção entre a via e o smartphone atrasa as reações de uma pessoa entre 3 e 5 segundos, tempo suficiente para que ocorra um acidente”, afirma Renan Soares Júnior, psicólogo do trânsito e diretor nacional de comunicação da Associação Brasileira de Psicologia do Tráfego (Abrapsit).

De acordo com ele, a prática pode até mesmo causar um fenômeno chamado “cegueira de desatenção”, quando uma pessoa vê um obstáculo, mas não consegue reagir. Em outras palavras, usar o celular enquanto dirige deixa o motorista em condições parecidas com o consumo de álcool.

Usar o celular enquanto dirige faz com que um motorista tire uma das mãos do volante, olhe com menos atenção para a via e foque em outra atividade, desviando a atenção em todas as esferas possíveis. “Isso faz com que a pessoa tenha uma diminuição do seu campo visual. Ou seja, assim como no uso de álcool, em que há a visão de túnel, o motorista também tem prejuízo na visão periférica”, compara Júnior.

2. Uso do celular por pedestres: perigo à vista

O uso excessivo do smartphone – e o consequente aumento no número de acidentes com pedestres – tem feito capitais do mudo todo criarem semáforos no chão.

Dessa forma, pessoas que são viciadas no celular conseguem ver as luzes vermelhas ou verdes e não se envolvem em acidentes.

Na América Latina, a primeira cidade a implantar a medida foi Concepción, no Chile, em 2017. Neste ano, Seul, na Coreia do Sul, passou a utilizar a mesma medida, seguida pela cidade de Ilsan, que instalou luzes piscando no chão e lançou um aplicativo que orienta pedestres sobre o trânsito.

Os semáforos no chão também estão presentes em Chongqing e Hong Kong, na China. No Brasil, esse tipo de sinalização ainda não existe e a aposta é na conscientização.

Pesquisas mostram que o uso do aparelho enquanto se caminha aumenta as chances de quedas e colisões, como também o risco de atropelamentos. Isso ocorre porque, ao falar ao celular, a atenção é desviada do local onde o pedestre está.

3. Motociclistas e celular: combinação proibida

Dados da Associação Brasileira de Medicina do Tráfego (Abramet) mostram que usar o celular enquanto se pilota aumenta em até 400% o risco de acidentes.

No caso dos motociclistas, o mal hábito é mais grave do que para os motoristas de carros, porque quem pilota uma moto está mais desprotegido.

A distração causada pelo celular afeta a capacidade de reação do motociclista, tornando-o mais vulnerável a situações de risco.

Além disso, coloca em risco a segurança dos garupas e de outros usuários da via, como pedestres e outros veículo.

4. Ciclistas precisam estar atentos ao ambiente onde pedalam

Diversos países do mundo criaram ou têm elaborado legislação específica para proibir a prática de pedalar usando o celular, de tão perigosa que ela é. No Japão, por exemplo, o ciclista que for pego falando ao celular pode pegar até seis meses de prisão.

Na Holanda, país com forte tradição de uso de bikes pela população, há multa para quem for pego usando o celular enquanto pedala. No Brasil ainda não há regulamentação específica sobre o tema, mas autoridades de trânsito especialistas em mobilidade não recomendam a prática.

O principal motivo é que falar ao celular, ou até mesmo ouvir música, isola os ruídos do local em que se está pedalando. Isso pode ser muito perigoso, já que o ciclista tem que ficar atento ao barulho da via e dos demais modais para evitar acidentes.

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