Quando se fala em suspensão, quase todo mundo pensa apenas em amortecedores. Os dois componentes são fundamentais para o bom funcionamento do carro. Mas as molas, geralmente colocadas em segundo plano por não apresentarem grande complexidade tecnológica, também são importantes. E precisam de cuidados.
As molas helicoidais equipam praticamente todos os veículos – nacionais e importados – principalmente na suspensão dianteira. Elas mantêm a altura ideal do carro, de acordo com o que foi determinado pelos engenheiros e projetistas. Também contribuem para a absorção dos impactos e para garantir a estabilidade.
Há ainda outros dois formatos de molas: as de flexão (ou feixe de molas), utilizadas principalmente em veículos de carga, por conta de sua maior robustez, e as de torção (conhecidas como eixo ou barra de torção), presentes no conjunto traseiro da maioria dos modelos produzidos no País, por ser uma solução mais em conta e eficiente.
“Depois que o carro alcança a marca de 40 mil km rodados, as molas, assim como os amortecedores e demais componentes da suspensão, devem ser inspecionadas a cada 10 mil km”, explica Jair Silva, gerente de qualidade e de serviços da Nakata. “A substituição deve ser feita quando o veículo apresentar problemas como altura mais baixa em relação ao solo ou arriar um dos lados.”
Silva aponta outros sinais de desgaste desses componentes: “Se a mola exibir sinais de oxidação ou pintura descascada, batidas entre as espirais, fadiga ou, pior, de quebra, também deve ser trocada”. O técnico, porém, diz que as molas não têm vida útil determinada. A durabilidade está diretamente ligada à forma de condução.
Uma prática que, felizmente, está em desuso no Brasil, mas que foi popular há alguns anos – e por isso ainda pode estar presente em modelos usados –, é o uso de molas cortadas para rebaixar a suspensão dos carros.
“Usam maçaricos para cortar um elo da mola, e isso altera toda a estrutura da peça, podendo resultar na quebra do componente”, explica Jair Silva. Se isso acontecer com o carro em movimento, o motorista pode perder o controle do veículo. Em casos extremos, provocar um acidente com graves consequências.
Instalar peças menores do que as originais para diminuir a altura da suspensão do carro também não é uma ação recomendada por especialistas.
“A mola menor diminuirá o curso de compressão do amortecedor, causando danos ao batente, às válvulas de base e ao pistão do amortecedor, devido ao fim de curso. Além disso, pode alterar a geometria da suspensão”, alerta o gerente de qualidade e de serviços da Nakata.