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Conheça o perfil do ciclista brasileiro

Por: . Há 24h
Meios de Transporte

Conheça o perfil do ciclista brasileiro

Foi-se o tempo em que pedalar era algo que se fazia só nos momentos de tempo livre. A prática hoje é uma opção real de mobilidade urbana

3 minutos, 24 segundos de leitura

10/06/2025

Foram produzidas 6.832 bicicletas elétricas neste ano, contra 3.644 no mesmo período de 2024.
Transporte Ativo ouviu 12 mil pessoas de 18 cidades brasileiras para entender o uso da bike e seus desafios. Foto: Getty Images

Estudos acadêmicos e de organizações da sociedade civil são importantes para entendermos fenômenos que fazem parte da vida das nossas cidades, e para que elas desenvolvam políticas públicas de impacto positivo. O uso das bicicletas como alternativa de transporte, por exemplo, sempre está no radar quando falamos sobre mobilidade urbana sustentável.

Leia mais: O papel do sistema financeiro na descarbonização da mobilidade urbana

Nesse sentido, com apoio do Itaú Unibanco, a Transporte Ativo, associação que atua na área de transporte por propulsão humana, lançou a Pesquisa Nacional sobre o Perfil do Ciclista Brasileiro. Foram ouvidas quase 12 mil pessoas de 18 cidades brasileiras para entender o uso da bike e os desafios encontrados nessa jornada.

O estudo mostra que, se os ciclistas parecem cada vez mais fazer parte da paisagem urbana, isso não é apenas uma impressão: 50% utilizam a bicicleta como meio de transporte há mais de 5 anos. Além disso, 78% das pessoas pedalam ao menos cinco dias por semana.

Um dos reflexos dessa adesão é que a bicicleta acaba sendo utilizada para fins variados pelas pessoas. São 73,6% que pedalam para chegar ao trabalho, 55,4% utilizam para fazer compras e 51,1%, para momentos de lazer e sociais. Foi-se o tempo em que pedalar era algo que se fazia apenas no tempo livre.

A prática, cada vez mais, se torna uma opção real de mobilidade urbana para se chegar a vários tipos de destino. Alguns fatores ajudam a explicar a adesão.

Como mostra a pesquisa, o principal motivo é a praticidade (42,1%), seguido por saúde (26,4%) e o custo (21,3%). Outro fator que pode impulsionar o uso é que 53,8% das pessoas demoram entre 15 e 30 minutos para fazer o trajeto mais frequente.

Infraestrutura e importunação sexual

Apesar do cenário de adesão relevante, o estudo mostra alguns desafios. Existe uma inegável desigualdade de gênero neste meio de transporte. Mulheres representam apenas 26% dos ciclistas, e uma explicação provável é que 48,6% das entrevistadas do gênero feminino relataram já terem sofrido importunação ou assédio enquanto pedalavam.

Belém/PA, é a líder na proporção de ciclistas que dizem já ter sido assediadas (67,7%), seguida por São Paulo (65,7%) e Campos/RJ (63,6%). A ampliação do uso do modal por mulheres passa, necessariamente, por lidar com o problema do assédio que elas sofrem.

Segurança e educação no trânsito aparecem como outros dois desafios a serem enfrentados para que mais gente pedale. Dentre os ciclistas, 32,6% disseram que sua bicicleta ou alguma peça dela já foi furtada ou roubada.

Já 25,5% declararam já ter se envolvido, nos últimos dois anos, em alguma ocorrência de trânsito enquanto pedalava. Para 26,1% dos entrevistados, uma melhor educação de trânsito os faria utilizar mais a bicicleta.

Para 54,9% das pessoas, o que os levaria a pedalar com mais frequência seria infraestrutura. Investimentos nesta área têm um grande potencial de popularizar ainda mais a bike como meio de transporte.

Falta intermodalidade

Ligado a este assunto está o fato de que apenas 11,9% das pessoas pedalam até uma estação intermodal, para acessar outro tipo de mobilidade – levando em conta que as possibilidades de intermodalidade fiquem restritas, no presente, a São Paulo e Rio de Janeiro.

Trata-se, também, da necessidade de se discutir uma infraestrutura para quem realiza apenas parte de seu trajeto sobre duas rodas. Estações de metrô, trens e ônibus capazes de receber bikes são um estímulo para que mais pessoas usem o modal e, também, os serviços de transporte público.

As muitas discussões sobre mobilidade urbana, relacionadas com as mudanças climáticas e além, são grandemente enriquecidas por estudos como este Perfil do Ciclista.

São questões complexas e que precisam ser abordadas levando em conta a perspectiva e dados reais das nossas cidades – de maneira abrangente, para que sejam possibilitados resultados com impactos positivos de fato, por parte de todos os atores envolvidos no tema.

Saiba mais: Voando para um futuro sustentável

Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião do Estadão

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