Todos os anos, a Confederação Nacional dos Transportes (CNT) apresenta uma pesquisa sobre o Perfil do Caminhoneiro. A mais recente, de 2019, revelou que 15,6% dos motoristas de caminhão reconhecem que uma das ameaças do futuro da profissão está relacionada à falta de qualificação.
Ainda assim, são poucos os caminhoneiros que conseguem ter tempo para fazer algum curso ou treinamento relacionados à atividade. Os autônomos são ainda mais vulneráveis a essa questão. Se param para frequentar algum curso, deixam de trabalhar; logo, não ganham dinheiro.
Com os valores dos fretes cada vez mais reduzidos, a situação se complica. Já os motoristas que trabalham para empresas de transporte costumam ter mais acesso a treinamentos, sobretudo quando a empresa compra veículos 0-km.
Em geral, a montadora coloca no pacote de venda serviços de pós-venda, que incluem alguma formação aos motoristas. A carência de qualificação se tornou mais latente com a vinda da eletrônica embarcada nos caminhões.
O motorista teve de se adaptar às novas tecnologias. E a situação ficou ainda mais tensa quando chegaram os aplicativos de frete – soluções eficazes para o dia a dia dos caminhoneiros. Com esses apps, eles não precisam ficar rodando pelos terminais de carga em busca de frete. Assim, os motoristas poupam combustível e tempo ao resolver tudo pelo celular.
Estudo elaborado pelo TruckPad em parceria com o Mobilidade Estradão revelou que 49% dos entrevistados não fazem nenhum tipo de curso ou reciclagem ligados à profissão. E 38% deles, quando fazem, utilizam o sistema Sest Senat.
Já os 3% restantes buscam cursos em entidades de classe, como sindicatos. O mesmo levantamento apurou que cursos de direção defensiva e econômica estão no topo da lista das atividades pedagógicas buscadas.
Nicole Goulart, diretora executiva nacional do Serviço Social do Transporte e Serviço Nacional de Aprendizagem do Transporte (Sest Senat), explica que a mesma pesquisa realizada pela CNT revelou que a idade média dos caminhoneiros é de 45 anos. “Como quando eles começaram na profissão não havia todas essas tecnologias, muitos ainda são resistentes a essas mudanças.”
Foi a partir desse perfil de comportamento que o Sest Senat remodelou a andragogia (nome dado ao método e à prática de ensinar adultos) para que as atividades pedagógicas se tornassem atrativas para esse público. Desde 2016, a entidade oferece cursos a distância e também utiliza ferramentas da gamificação.
Por meio de uma parceria com o Ministério de Recursos Naturais do Canadá, o Sest Senat trouxe jogos interativos que permitem ao motorista entender como reduzir emissões e poupar combustível, freio e outros sistemas do veículo que também contribuem para a maior vida útil do equipamento. Esse curso tem módulos que podem ser feitos a distância, mas com complemento presencial.
Goulart acrescenta que a entidade oferece outros cursos a distância que ajudam o profissional a se reciclar, sem ter de parar por completo suas atividades profissionais. Contudo, a maioria dos cursos é presencial.
“Entendemos que o caminhoneiro aprende com os pares. E a interação de colocar motoristas de diversas empresas em uma mesma sala provoca-os a pensarem na necessidade de qualificação.”
Mas o primeiro passo tem o objetivo de promover a interação com recursos digitais, como tablets e smartphones. Uma vez que o caminhoneiro está íntimo da plataforma, aprendeu a baixar os conteúdos e a utilizar outras ferramentas de determinados aplicativos, ele já está apto para poder estudar a distância.
A Fundação Adolpho Bósio de Educação no Transoporte (Fabet) é uma instituição educacional com foco no treinamento e desenvolvimento de profissionais do setor de transporte.
A entidade oferece atividades pedagógicas para empresários, gestores, motoristas e prestadores de serviços ligados ao transporte.Há cursos presenciais e a distância focados no profissional do volante, tais como:
Fonte: Pesquisa TruckPad, realizada em julho de 2020 com 500 respondentes