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Automóvel reconquista interesse do consumidor

Por: Mário Sérgio Venditti . 28/07/2020
Meios de Transporte

Automóvel reconquista interesse do consumidor

Receio do contágio da covid-19 leva os usuários a considerarem novamente a aquisição de um veículo

12 minutos, 4 segundos de leitura

28/07/2020

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Renault Kwid: preço acessível, econômico e ideal para deslocamentos urbanos. Foto: Divulgação

Nos últimos anos, era comum ver muitas pessoas manifestando desinteresse cada vez maior pela compra de um carro – zero-quilômetro ou usado – por causa do preço, das dificuldades impostas pelo trânsito das grandes cidades e dos custos de manutenção.

Elas resolveram buscar em outros modais a solução de suas idas e vindas diárias. O automóvel estava, portanto, se tornando uma espécie de vilão para a mobilidade urbana.

A pandemia da covid-19, porém, está aos poucos mudando essa realidade. Hoje, muita gente que desconjurava o automóvel já admite novamente a possibilidade de aquisição para fugir dos transportes público e de aplicativo.

“Nestes tempos de quarentena, estamos voltando para a mobilidade isolada e deixando de lado o sistema multimodal”, constata Luciano Driemeier, gerente de mobilidade e novos negócios da Ford.

Ele relembra que, antes da explosão global da pandemia, estava em curso uma grande transformação da mobilidade urbana, com surgimento de ciclovias, aplicativos de transporte e novas opções de veículos para pequenos percursos, como patinetes.

“Mas essa revolução estancou. A situação mudou e, no momento, o apelo principal encontra-se, de novo, no transporte individual”, afirma Driemeier.

O raciocínio é simples. Enquanto a pandemia do coronavírus não for completamente superada, o temor paira sobre os usuários, que querem evitar aglomerações nos ônibus e trens ou o perigo de contágio nos transportes por aplicativos.  

O fato é que a indústria automotiva sofreu um baque previsível com a pandemia. As vendas de carros novos e seminovos despencaram em março, abril e maio. No entanto, depois de três meses ladeira abaixo, o mercado começou a reagir.

Em junho, os emplacamentos de automóveis de passeio aumentaram 132% e o comércio de veículos subiu 75% em comparação ao mês anterior.

Renault Kwid

Lançado em 2017, o Renault Kwid é um modelo que apresenta certa instabilidade em altas velocidades, principalmente nas estradas, mas se dá muito bem no cenário urbano.

A versão de entrada Life tem preço acessível no mercado brasileiro (R$ 34.990) e vem com importantes itens de segurança: quatro air bags (dois laterais e dois frontais), sistema Isofix para fixar cadeirinha infantil e encosto de cabeça para todos os ocupantes. De resto, é bem despojado em outros equipamentos. Nem rádio ele tem.

Além do design atraente, o motor é um dos trunfos do hatch: trata-se do 1.0 de três cilindros, que entrega 70 cv de potência e torque de 9,8 mkgf. Ele apresenta agilidade nas arrancadas e responde bem aos comandos do acelerador.

No entanto, com dimensões compactas, o Kwid não oferece tanto conforto aos passageiros do banco traseiro. O mais apropriado, na verdade, é acomodar duas pessoas. Pequeno, fácil de estacionar e econômico, o Renault Kwid é uma boa opção para encarar o trânsito do dia a dia.

Alternativas para fugir do transporte público

“Parte desse crescimento se deve às pessoas que resolveram abandonar, ao menos temporariamente, o transporte público. O cuidado com a saúde tornou-se prioridade número um”, acredita Luciano Driemeier.

Nesse contexto, as fabricantes procuram oferecer bons produtos para resgatar o interesse do consumidor que, um dia, deixou o automóvel de lado.

Os automóveis com vocação urbana são os mais procurados pelos consumidores em tempos de pandemia. Compactos, eles se mostram mais ágeis no trânsito, consomem menos combustível e o plano de manutenção é acessível. Veja algumas opções de automóveis zero-quilômetro e usados disponíveis no mercado.

Fiat Mobi

O Fiat Mobi foi lançado, em 2016, com a proposta de ser um subcompacto com preços em conta e grande volume de venda. Ele é o terceiro carro de entrada mais vendido do Brasil, atrás somente de Volkswagen Gol e Renault Kwid.

A versão mais barata do Mobi chama-e Easy, que sai por R$ 36.990. Ela é impulsionada pelo motor 1.0 de quatro cilindros, de 75 cv de potência e 9,9 mkgf de torque, que trabalha associado ao câmbio manual de cinco marchas.

O consumo com esse motor é de 9,2 km/l na cidade e 10,2 km/l na estrada com etanol no tanque. Abastecido com gasolina, as médias sobem consideravelmente para 13,5 km/l e 15,2 km/l, respectivamente.

O Fiat Mobi tem design controverso, com amplos faróis e capô elevado dominando a parte frontal e a tampa do porta-malas de vidro. A Easy oferece poucos equipamentos de série. Além dos obrigatórios freios ABS e air bags frontais, ele só traz banco traseiro bipartido, banco traseiro rebatível e termômetro de água de motor.

Ford Ka

A estratégia global da Ford é priorizar o desenvolvimento de utilitários esportivos e picapes. No Brasil, a exceção é o compacto Ka, que, devido ao bom volume de vendas, se mantém na linha de montagem.

O Ford Ka é oferecido em quatro versões e a de entrada – chamada de S – custa R$ 49.890. A S é comercializada somente com motor 1.0 de três cilindros e câmbio manual de cinco marchas. O conjunto mecânico rende 85 cv de potência e 10,7 mkgf de torque.

Hoje, o design do Ka nada lembra o carro lançado em 1997. Ainda bem, porque ele está bem melhor. A atual geração mede 3,94 metros de comprimento, 1,69 de largura, 1,52 de altura e 2,49 de distância entre eixos, o que garante bom espaço para quatro pessoas.

A versão S oferece itens de série importantes, como ar-condicionado, sistema Isofix para fixação de cadeirinha infantil, direção assistida, banco do motorista e volante com ajuste de altura, controle elétrico dos vidros dianteiros e comandos internos do porta-malas e reservatório de combustível.

Nissan March

O Nissan March ainda não passou por grandes mudanças desde o seu lançamento, em 2014. Dessa forma, ele já vem merecendo uma reformulação mais radical. Enquanto isso não acontece, o modelo continua sendo uma boa alternativa de automóvel urbano.

A versão SV, dotada de motor 1.0 de 77 cv e câmbio manual de cinco velocidades, é a mais em conta, custando R$ 51.490. Embora seja compacto, o March é bem resolvido internamente, oferecendo bom espaço para quatro adultos e uma criança – três adultos no banco traseiro já sentem certo aperto.

O consumo é um ponto favorável do modelo. Com etanol, ele percorre 8,8 km/l na cidade e 10,4 km/l na estrada. Com gasolina, roda 12,9 km/l e 15 km/l, respectivamente. O March SV recebeu bons equipamentos de série.

A lista apresenta faróis de neblina, limpador, lavador e desembaçador do vidro traseiro, travamento central das portas, ar-condicionado, controle elétrico dos vidros dianteiros e traseiros, rodas de liga leve, direção assistida e conexões USB e Bluetooh.

Toyota Etios

O design do Toyota Etios era considerado estranho. A marca japonesa fez algumas melhorias no estilo em 2018 para reverter essa imagem e, no ano seguinte, incluiu equipamentos para aprimorar a segurança e a condução.

A principal mudança estética está na dianteira: a moldura que envolve a grade tem retoques na cor preta e amplifica a área do emblema da fabricante. A alteração forma uma combinação elegante com a máscara negra, que cobre o conjunto óptico.

O Toyota Etios hatch 1.3 X com câmbio manual de seis marchas é comercializado por R$ 54.290 e dispõe de itens de segurança, como encosto de cabeça e cintos de três pontos para todos os ocupantes, sistema Isofix de fixação de cadeirinha infantil, controles de tração e estabilidade e sistema de partida em rampa.

A lista de itens de conforto também é ampla, com direito a direção assistida, ar-condicionado, ajuste de altura do volante e do banco do motorista, vidros dianteiros e traseiros com acionamento elétrico, comando interno da abertura do tanque de combustível e computador de bordo.

Chevrolet Onix

O Chevrolet Onix, modelo mais vendido do Brasil, estreou a nova geração no ano passado. O design está mais esportivo, a carroceria cresceu 23 centímetros e o acerto dinâmico foi recalibrado para aumentar o prazer ao dirigir.

Em comparação à geração anterior, o Chevrolet Onix ganhou refinamento, tecnologia e segurança. Tem, por exemplo, air bags laterais e de cortina, controle eletrônico de estabilidade, assistente de partida em rampa, sensor de ponto cego e limitador de velocidade de série em todas as versões.

Se não bastassem os 23 centímetros a mais no comprimento, ele ficou 4,1 centímetros mais largo e 2,3 maior na distância entre eixos, medidas que aumentam o espaço interno para os cinco ocupantes.

Outra novidade é a família de motores 1.3 flex. No caso do Onix hatch de entrada – que custa R$ 56.290 –, ele rende 98 cv e 10,6 mkgf de torque, deixando o modelo mais econômico. Segundo a General Motors, ele percorre 16,7 km/l na estrada e 13,9 km/l na cidade com gasolina e, respectivamente, 11,7 km/l e 9,9 km/l quando abastecido com etanol.

Hyundai HB20 S

Ao apresentar a segunda geração do HB20 hatch, em setembro de 2019, a Hyundai aproveitou para lançar também o HB20 S, a configuração sedã do compacto. A versão de entrada é a HB20 S Vision 1.0 com câmbio manual de cinco marchas, com preço de R$ 56.690.

O caimento mais prolongado da linha do teto até o porta-malas passa ao sedã uma imagem de fastback e faz lembrar os irmãos maiores Elantra e Sonata. As lanternas são horizontais, a área envidraçada traseira é generosa e a placa foi reposicionada no para-choque.

Apesar do espaço interno satisfatório – proporcionado pela distância entre eixos de 2,53 metros –, o Hyundai HB20 S tem amplo porta-malas, uma das partes mais importantes de um veículo familiar.

No Hyundai HB20 S, o espaço é generoso, com capacidade para 475 litros. O modelo também incorpora uma série de equipamentos de série, como alarme antifurto periférico, encosto de cabeça e cinto de três pontos para todos os ocupantes, computador de bordo e conexões USB e Bluetooth.

Seminovos

Volkswagen Gol

Quando o assunto é seminovo, nenhum automóvel se aproxima do Volkswagen Gol, há muitos anos o modelo de segunda mão mais vendido do Brasil.

O sucesso no mercado de usados acontece porque ele é valente, econômico, tem manutenção simples e é fácil de revender. A versão Trendline 1.0 2017 custa R$ 32 mil. O motor flex entrega 82 cv de potência e 10,4 mkgf de torque e trabalha em sincronia com o câmbio manual de cinco marchas.

Com esse conjunto mecânico, o Gol roda 8,8 km/l na cidade e 10,3 km/l na estrada quando abastecido com etanol e, respectivamente, 12,9 km/l e 14,5 km/l com gasolina no tanque. Medindo 3,90 metros de comprimento, 1,66 de largura, 1,46 de altura e 2,47 metros de distância entre eixos, o hatch garante bom espaço interno para um veículo de seu porte.

Como itens de série, possui limpador e lavador do vidro traseiro, travamento central das portas, direção assistida, banco do motorista com ajuste de altura, vidros dianteiros elétricos, comando interno do porta-malas, termômetro de água do motor e conta-giros.

Ford Fiesta

Outra opção para quem quer adquirir um bom automóvel em tempos de pandemia é o Ford Fiesta 2017 na configuração hatch. A versão SE é impulsionada pelo motor flex 1.6 16V, de 128 cv de potência e 16 mkgf de torque, e câmbio manual de cinco marchas.

O design ainda é atual, com destaque para a grade frontal, os faróis que invadem um pouco a lateral da carroceria e as grandes lanternas. O modelo pode ser encontrado nas lojas de seminovos por aproximadamente R$ 38 mil.

Com 3,97 metros de comprimento, 1,72 de largura, 1,46 de altura e 2,49 de distância entre eixos, o Fiesta oferece bom nível de equipamentos de série. Entre os dispositivos de segurança estão cintos e encosto de cabeça para todos os ocupantes, sistema Isofix para prender cadeirinha infantil, limpador, lavador e desembaçador do vidro traseiro e travamento central das portas.

Além disso, o modelo dispõe de ar-condicionado, vidros dianteiros elétricos, computador de bordo, rádio e conexões USB e Bluetooth.

Fiat Grand Siena

Quem precisa de um seminovo com mais espaço e maior capacidade de carga tem a possibilidade de comprar o Fiat Grand Siena Essence ano 2017, que sai por cerca de R$ 40 mil.

O porta-malas do sedã compacto, com capacidade para 520 litros, aloja com folga a bagagem da família, que se acomoda com conforto no carro, cujas dimensões são 4,29 metros de comprimento, 1,70 de largura, 1,51 de altura e 2,51 de distância entre eixos. Já o motor 1.6 – em conjunto com o câmbio manual de cinco marchas – desenvolve 117 cv e 16,8 mkgf de torque.

O comprador encontrará no Grand Siena uma lista de itens de série importantes. Ela inclui travamento central das portas, faróis com refletores duplos e de neblina, desembaçador do vidro traseiro, encosto de cabeça para todos os ocupantes, ar-condicionado, direção assistida, rodas de liga leve, vidros dianteiros e traseiros elétricos, banco do motorista com ajuste de altura, rádio, computador de bordo, conexões USB e Bluetooth e computador de bordo.

Pesquisa confirma desejo pela compra de carro

Uma pesquisa feita pela Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), em parceria com a Webmotors, analisou a intenção de compra de automóveis durante o cenário da pandemia da covid-19. Quase 1.700 pessoas foram entrevistadas e 84% delas disseram que pretendem comprar um carro ainda em 2020.

O resultado reflete a preocupação que os consumidores sentem em usar novamente o transporte público ou por aplicativo por causa do receito de contágio do coronavírus.

“A pesquisa revela mudanças no comportamento dos consumidores”, afirma o presidente da Anfavea, Luiz Carlos Moraes. “Acho que parte dessas mudanças permanecerá mesmo com o surgimento de tratamentos eficazes contra a covid-19.” Confira os principais dados do levantamento.

  • 84% têm a intenção de trocar de carro em 2020
  • 66% pensam em descartar o uso de transporte público depois da quarentena
  • 29% não querem mais utilizar transporte por aplicativo
  • 59% cogitariam aderir a um plano de alugar um carro diretamente com a montadora
  • 57% das pessoas que não pensam em trocar de carro apontam a incerteza financeira como principal motivo

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