Foi lançado nesta segunda (15/03) pela Plataforma Nacional de Mobilidade Elétrica (PNME) o 1º Anuário Brasileiro da Mobilidade Elétrica. O estudo está sendo apresentado em evento online, com a presença de Marcus Regis, coordenador-executivo da PNME, Edgar Barassa, empreendedor e pesquisador da Barassa & Cruz Consulting (BCC) e Flavia Consoni, professora da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP).
O documento apresenta um panorama amplo da eletromobilidade no País, mostrando para o mercado, governo e a sociedade civil quais são os benefícios da implementação da tecnologia no Brasil. “O Anuário foi elaborado ao longo de meses de trabalho e com a contribuição de especialistas com profundo conhecimento e vivência do setor e sob a direção da PNME. O estudo foi construído para gerar um panorama abrangente desta pauta tão fundamental para o desenvolvimento sustentável do Brasil”, disse Regis.
Destaques
“Logo no capítulo inicial, tratamos dos drives e alavancadores da mobilidade elétrica, com informações sobre a tecnologia da eletrificação de veículos e sua correlação com a segurança energética, a agenda ambiental, a saúde pública, o ecossistema de inovação e o transporte público, além de uma visão global sobre o mercado”, explica Regis. A obra esmiúça, também, quem são os atores do cenário nacional, empresas e instituições que trabalham no desenvolvimento do setor, de políticas públicas e os instrumentos de fomento no ambiente de negócios.
Os impactos da covid-19 em todo o ecossistema da mobilidade também foram analisados, o que está no quarto capítulo, trazendo reflexões sobre barreiras e oportunidades criadas. E, nas páginas finais, o conteúdo traz dados sobre perspectivas de mercado e infraestrutura para 2030, além de aspectos de governança e articulação.
Confira, a seguir, uma breve entrevista com Marcus Regis e Edgar Barassa, duas das muitas pessoas que participaram da elaboração do documento.
Mobilidade Estadão: Qual a importância de uma publicação como essa para a eletromobilidade no Brasil?
Marcus Regis, coordenador-executivo PNME: O Anuário é um compilado das principais informações que podem nortear ações para o avanço da mobilidade elétrica no Brasil, decisões tanto de mercado quanto de pesquisa e desenvolvimento. A publicação traz não apenas dados concretos de mercado, mas também é um panorama da situação econômica e institucional da mobilidade elétrica no Brasil, que podem ajudar no direcionamento das decisões para o desenvolvimento do setor no País.
Mobilidade Estadão: Que exemplos de ações concretas podemos mencionar desde o início do trabalho da PNME até hoje?
Marcus Regis: A plataforma é um espaço de articulação, convergência e trabalho em rede, voltada tanto para o poder público quanto para a indústria, a academia e a sociedade civil. No último ano, os membros da PNME discutiram e trabalharam para promover ações como: mapeamento de pesquisa e desenvolvimento em mobilidade elétrica, argumentos em favor do setor (por meio de webinários temáticos e disponíveis ao público em nosso canal no YouTube), e a 1ª Conferência da PNME, também realizada em formato 100% online. Tudo isso culmina na publicação deste 1º Anuário Brasileiro de Mobilidade Elétrica.
Além disso, estamos trabalhando na construção de uma Estratégia Nacional de Mobilidade Elétrica, a partir da proposta de Plano Nacional elaborada pelo GT7 do então Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC), agora Ministério da Economia.
Os membros do Conselho Gestor da PNME redefiniram 7 eixos estratégicos, que são: Governança, Componentes e Montagem, Transporte Público e de Carga, Levíssimos, Infraestrutura e Conectividade e Capacitação Profissional. A partir deles foram elencados atores, fatores de sucesso e ações habilitadoras. Desde o início de 2021, os grupos de trabalho da PNME vêm levantando ações específicas com base na Estratégia, que terá caráter dinâmico e estará em constante construção.
Também de caráter dinâmico será o Radar Brasileiro de Mobilidade Elétrica, cujo objetivo é ser um hub de informações a respeito do tema. Esse radar trará dados de mercado, como um contador de veículos elétricos no País, além de mapeamento em P&D e, de certa forma, será um desdobramento do que é o Anuário, para que sempre tenhamos informações as mais atualizadas o possível.
Mobilidade Estadão: O que você destaca como pontos mais relevantes do anuário?
Edgar Barassa, empreendedor e pesquisador da Barassa & Cruz Consulting: O Anuário é uma publicação única. Em primeiro lugar, ele foi elaborado e organizado pelo setor da mobilidade no Brasil e tem como destinatário a sociedade e seus atores, como o governo, academia e players do mercado. E porque o documento consegue capturar e apresentar uma visão integrada de novos negócios em desenvolvimento (e aqueles em execução), dos investimentos e suas áreas relacionadas, das tendências tecnológicas dos sistemas de propulsão alternativos, bem como da perspectiva das políticas públicas que impactam o setor.
Assim, proporciona o acoplamento das perspectivas de negócios, políticas e tecnologias e consegue lançar luz onde as ações e os empreendimentos vêm sendo perceptíveis ao caso brasileiro. Como exemplos de elementos destacáveis da publicação, pode-se apontar que o documento identifica os players por trás das ações mapeadas e seus volumes de investimentos associados. Ainda, demonstra o comportamento deste mercado considerando as taxas de crescimento evidenciadas por tipo de aplicação. Sobretudo, mostra a capilaridade das políticas públicas que têm alavancado projetos e ações voltadas à mobilidade elétrica.
Mobilidade Estadão: O que esperar da pós-pandemia tendo em vista o horizonte 2030?
Edgar Barassa: Esta questão foi contemplada por uma análise construída com players de mercado acerca da visão de futuro da mobilidade elétrica no Brasil. Esta se baseou a partir de projeções de crescimento da frota e estimativas de penetração de mercado de veículos e infraestrutura no horizonte 2030.
Por fim, essa costura de temas e pontos de contato com a mobilidade elétrica no Brasil se encerra com uma discussão voltada às perspectivas e próximos passos da mobilidade elétrica no Brasil, levando em consideração os aspectos da governança e articulação entre atores. Toda essa discussão empreendida se coloca numa linguagem ampla e democrática, clara a todos os leitores das mais diferentes áreas, mas sem perder o lastro conceitual e técnico, necessário a esta discussão.
Além disso, esta é uma primeira versão na língua portuguesa, a qual será complementada por uma tradução na língua inglesa, que em breve será lançada. Com isso, o Anuário terá sua leitura acessível a outros povos e países e mostrará ao mundo que o Brasil também está se posicionando perante a mobilidade elétrica.