Com juros altos, consórcio de motos surge como opção mais acessível ao financiamento

Com menos burocracia e taxas menores, consórcio é alternativa para quem pode programar a compra da moto. Foto: Adobe Stock/JackF

Há 3h - Tempo de leitura: 3 minutos, 51 segundos

De grande importância para a indústria automotiva desde seu surgimento no Brasil, o sistema de consórcio ganha ainda mais força em época de juros altos. Com a taxa Selic em 15% ao ano, o consórcio surge como opção ao financiamento para a compra de veículos, como carros e motos.

Entre janeiro e maio deste ano, o sistema de consórcios quebrou recorde de vendas com a comercialização de 2,07 milhões de cotas, 19,7% a mais do que as 1,73 milhão registradas no mesmo período de 2024, de acordo com dados da Associação Brasileira de Administradoras de Consórcios (ABAC). Desse total, 814,47 mil cotas foram de veículos leves e 591,69 mil de motocicletas. O segmento de motos é o segundo maior em participantes ativos no País e teve crescimento de 9,4% na venda de cotas.

“O consórcio é um pilar fundamental nos negócios de motocicletas da Honda e impulsionador de vendas. Em 2024, o Consórcio Honda registrou recorde histórico na venda de cotas, com mais de 1 milhão de novos clientes”, afirma o presidente da Honda Serviços Financeiros, Rodrigo Gondo. 

Entre janeiro e maio deste ano, cerca de 34% das aquisições de motocicletas Honda foram com créditos liberados pelo consórcio da marca. No segmento de motocicletas como um todo, 30,4% das motos vendidas no País entre janeiro e abril deste ano foram adquiridas por meio da modalidade, revelam os dados da B3 e da ABAC. Dessa forma, a cada três motos vendidas no Brasil, uma é por meio da modalidade.

Consórcio impulsiona novas marcas de motos

A popularidade do consórcio no segmento de motos se explica pelos altos juros cobrados no crédito direto ao consumidor, além da dificuldade de aprovação de crédito para a compra desse tipo de veículo.

“Ainda mais num cenário econômico com juros altos e dificuldade de aprovação de crédito. Especialmente, para os clientes de uma moto de 150cc e 160cc, pois tem menos burocracia. Além de ser uma opção com taxas mais atraentes para quem pode se programar”, afirma Waldyr Ferreira, diretor geral da Bajaj do Brasil. A subsidiária da gigante indiana entrou no mercado brasileiro no final de 2022 e iniciou sua operação de consórcio há pouco menos de um ano.

Além do consórcio Honda, administrado pelo braço financeiro da fabricante, que representa cerca de 80% do market share na modalidade de consórcios de motocicletas, outras marcas também têm buscado terceirizar a operação com empresas especializadas na modalidade.

A Âncora Consórcios, por exemplo, opera o consórcio de marcas como Kawasaki, Dafra, Shineray e a recém-chegada Bajaj. Acompanhando o bom momento do mercado de motos, a empresa tem tido aumento expressivo nas vendas de cotas e de créditos para o segmento. 

Crescimento expressivo

Entre janeiro e maio deste ano, a Âncora comercializou mais de R$ 621 milhões em créditos voltados exclusivamente para o segmento de motocicletas. Enquanto, vendeu um total de 12.986 cotas no período. Um crescimento expressivo de 119% no volume de créditos comercializados e de 152% na quantidade de cotas vendidas.

“Além dos juros menores, o consórcio tem outra vantagem para os consumidores das motos de menor cilindrada, que correspondem a 80% do mercado. Pelo perfil, muitos encontram dificuldade para ter o crédito aprovado. A exigência dos consórcios é menor”, explica Márcio Massari, diretor executivo comercial da Âncora. 

Com larga experiência no mercado de motocicletas, incluindo passagem pela Kawasaki, Massari afirma que o sistema beneficia tanto consumidores como fabricantes. “Para o fabricante é uma forma de ter uma certa previsibilidade na produção futura”, afirma.

Vantagens para fabricantes e consumidores

Com uma carteira de 2,3 milhões de consorciados, a Honda investe forte na modalidade. “A sinergia entre o consórcio e a operação industrial contribui ativamente com as vendas dos produtos Honda de uma forma constante e previsível”, afirma Rodrigo Gondo, presidente da Honda Serviços Financeiros. 

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O consórcio, aliás, é apontado como um dos fatores de sucesso de grandes players do mercado de motos no País, como Honda e Yamaha. “Tão importante quando a venda do varejo do mês é fomentar a venda de consórcios. Isso porque você tá vendendo hoje um um consórcio para entregar daqui a 12, 18, 36 e até 60 meses lá na frente. Não há possibilidade de sucesso a longo prazo se não formos fortes no consórcio”, acredita Ferreira, da Bajaj do Brasil.