Os caminhões semileves – com Peso Bruto Total (PBT) de 3,5 a 6 toneladas – são pequenos no tamanho, mas grandiosos em suas missões. Sobretudo quando a operação em questão é a entrega da mercadoria porta a porta nos grandes centros urbanos. Esse tipo de operação requer veículos com dimensões que atendem às mais rigorosas restrições de circulação de caminhões. Como ocorre em São Paulo, Minas Gerais e no Rio de Janeiro. Eles também precisam oferecer conforto de automóvel. Mas sem deixar de lado a característica mais importante para um veículo que faz operações pesadas em centros urbanos: a robustez.
Por causa do avanço das zonas máximas de restrição aos caminhões nos últimos anos e, também, mudanças nos processos de logística, a substituição de caminhões grandes pelos pequenos em cenários urbanos passou a ser mais comum.
Neste ano, porém, o aumento da procura da população pelo comércio eletrônico no Brasil por causa do novo coronavírus fez com que a necessidade por pequenos caminhões aumentasse ainda mais. Segundo dados da Associação Brasileira do Comércio Eletrônico (ABCOM), a expectativa é que as vendas via internet cresçam 30% na comparação com o ano passado. A projeção anterior, antes do novo coronavírus, previa avanço de 18% em 2020.
Para a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), e-commerce e agronegócio são os setores que mais puxaram vendas de caminhões neste ano. Quando a associação revisou para cima a produção anual (95 mil unidades até dezembro), o presidente da entidade, Luiz Carlos Moraes, disse que “o comércio eletrônico é um dos segmentos que estão promovendo a renovação da frota brasileira”.
O comércio eletrônico representou até 15% das vendas dos modelos da linha Iveco Daily entre janeiro e outubro desse ano. No mesmo período, no segmento de chassi cabine, a marca possui 35% de participação. Esses caminhões são os modelos da montadora desenvolvidos para distribuição urbana.
“Há cinco anos víamos uma tendência de migração para esse segmento de produto. Mas, com a pandemia, as vendas do Delivery Express (nosso modelo para o e-commerce) alavancaram”, comenta Ricardo Alouche, vice-presidente de Vendas e Marketing da Volkswagen Caminhões e Ônibus. Segundo Alouche, grandes empresas mudaram ou estão mudando a sua configuração de logística, passando pelas etapas de segmentos de caminhões.
Gerente de Marketing da Iveco, Bernardo Pereira diz que o aquecimento do setor do e-commerce trouxe a necessidade de um veículo com características específicas para esse nicho de marcado. O executivo comenta que o modelo Daily City é o que mais se encaixa nesses padrões. Segundo Pereira, a altura é reduzida para facilitar o processo de carga e descarga. E tem um conjunto de suspensão traseira com molas parabólicas e barra estabilizadora. “Isso reduz vibrações e torna a condução mais suave nas cidades.”
A gama Iveco Daily tem várias versões. Há os chassis-cabines 30-130, 35-150, 45-170, 55-170, 65-170. Os dois primeiros números indicam o PBT (Peso Bruto Total) de cada veículo e os demais (depois do traço) referem-se à potência do motor. Por exemplo: o 30-130 tem PBT de 3,5 toneladas e motor de 130 cv. Essa versão e a 35-150 podem ser conduzidas por motoristas com CNH na categoria B.
A regra é a mesma para os furgões. Nesse caso, as opções são: 30-130 (de 7,3 a 12 m³ de capacidade de carga), 45-170 (12 m³) e 55-170 (12 a 18 m³). Com exceção das versões até 3,5 toneladas (30-130 e 35-150), todas podem ter cabine dupla.
O carro-chefe da Volkswagen Caminhões e Ônibus para transporte de comércio eletrônico é Delivery Express. O caminhão semileve é um dos sete modelos da linha Delivery. Com PBT de 3,5 toneladas, o Delivery Express tem distância entre os eixos de 3.000 a 3.600 e tem acesso a todas zonas de restrição de circulação de caminhões do País. Vice-presidente de Vendas e Marketing da VWCO, Ricardo Alouche diz que um dos grandes apelos de venda desse modelo é o custo reduzido de operação. E precisa apenas de CNH B para dirigi-lo. “Veículos que fazem entregas urbanas precisam ter durabilidade, robustez e baixo custo de manutenção”, explica.
Alouche diz que configurações de caminhões como o Delivery Express serão cada vez mais procuradas com o amadurecimento do comércio eletrônico. “Haverá cada vez mais aprimoramento dessas empresas que entregam no porta a porta. Elas estão buscando mais competitividade através da redução de custos”, conta.
Por causa do aquecimento do e-commerce durante a pandemia, a Mercedes-Benz observou a mudança no mix de vendas da linha de vans Sprinters. Gerente de Marketing de Produto e Estratégia da Rede Vans da Mercedes-Benz, Aline Rapassi relata que, historicamente, as configurações para passageiros sempre tiveram mais participação nas vendas. Mas, neste ano, os modelos chassi-cabine e furgão ficaram à frente.
“No período de janeiro a outubro, enquanto as vendas de vans para passageiro caíram 38%, as de chassi-cabine aumentaram 4%. E as de furgões caíram apenas 4%”, conta Aline.
Segundo a executiva, esses são os modelos mais procurados para distribuição urbana e se tornaram mais relevantes por causa do e-commerce. “Inclusive já ajustamos a nossa produção para essa inversão de demanda”, comenta.
O furgão Sprinter tem Peso Bruto Total (PBT) de 4,1 toneladas na versão 416 CDI e de 5 toneladas na versão 516 CDI. As distâncias entre os eixos variam entre 3.250 a 4.325. Já o caminhão chassi-cabine tem as versões 314 CDI Street e 416 CDI e 516 CDI. O PBT desses modelos são de 3,5, 4 e 5 toneladas, respectivamente.
Aline explica que uma das grandes vantagens das vans Sprinter é que não enfrentam nenhum impedimento de circulação em zonas máximas de restrições nos grandes centros urbanos. Além disso, como ocorre com o VWCO Delivery Express, a habilitação B já é suficiente para poder dirigir esses veículos. “Isso faz com que haja economia na operação”, diz.