Ônibus por demanda atende a novo perfil de passageiro
Serviço pretende tirar carros da rua ao oferecer flexibilidade, agilidade e preço baixo ao transporte urbano
A popularização de aplicativos como Uber e 99 trouxe flexibilidade e agilidade ao transporte urbano de passageiros. Contudo, a modalidade perde para os ônibus municipais e metropolitanos quando o assunto é preço.
Com o objetivo de unir as três soluções, surgiram os ônibus por demanda. O modal atende a um novo perfil de passageiro: o que quer horários flexíveis, informatização e tarifa baixa, que ainda pode ser paga com cartão de crédito.
Em fase inicial, funciona da seguinte forma: o passageiro deve fazer a solicitação em um aplicativo, inserindo o local de partida e o destino. Em seguida, a ferramenta mostra o preço, a rota do veículo, as opções de assento, horário de embarque e previsão de desembarque.
Na visão de Creso de Franco Peixoto, professor de Engenharia Civil na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e especialista em trânsito e transporte, esse novo modelo de serviço pode trazer a solução para a mobilidade urbana.
“Os ônibus convencionais não conseguem resolver os problemas daquele que tenta deixar o carro em casa e utilizar o transporte coletivo. Por causa do tempo de espera no ponto, da demora de integração e da rota fixa”, avalia o especialista.
Ônibus por demanda em Goiás
Em Goiânia, uma das operadoras de ônibus municipais, a HP Transportes Coletivos, investiu nesse modelo de serviço. A empresa iniciou em fevereiro a fase de testes do CityBus 2.0.
Ao todo, são 50 mil clientes cadastrados na plataforma. Uma pesquisa divulgada pela empresa mostra que 62% da demanda do CityBus 2.0 vem de usuários de táxi ou transporte individual por aplicativo. Já 18% utilizam carro, 15% são passageiros de ônibus, 3% optam por caminhada, 2% por bicicleta e 1% por moto.
De acordo com Indiara Ferreira, diretora executiva da HP Transportes, a estimativa é de que o CityBus 2.0 consiga tirar até 750 carros por dia das ruas. São 15 veículos sendo utilizados na fase inicial.
O valor da tarifa é de pelo menos R$ 2,50, que pode variar de acordo com a distância percorrida. Segundo a HP Transportes, em viagens de até cinco quilômetros, o valor pago é aproximadamente 30% mais barato do que seria em aplicativos de transporte individuais.
Na avaliação de Luiz Carlos Néspoli, superintendente da Associação Nacional de Transportes Públicos (ANTP), essa modalidade de transporte tem potencial para tirar carros das ruas. Contudo, nem todos os passageiros serão contemplados.
“Não necessariamente os usuários de baixa renda que moram longe das áreas de emprego serão atraídos por esse tipo de transporte. Se o ônibus por demanda tiver tarifas maiores que o transporte convencional, isso pode não alcançar essa população”, avalia Néspoli.
App na Grande São Paulo
Em São Bernardo do Campo, no ABC Paulista, o UBus, um serviço operado por vans e ônibus rodoviários de alto padrão, começou em 2018. O usuário pode baixar o aplicativo gratuito e disponível para Android e iOS.
Em setembro deste ano, o UBus chegou a ampliar o itinerário, partindo de São Bernardo do Campo para o Brooklin, na Zona Sul de São Paulo. Contudo, a empresa se envolveu em um imbróglio e, em 1º de outubro, o serviço de ônibus solicitado pelo aplicativo foi impedido de circular na cidade de São Paulo.
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