Pan America tem bom desempenho e tecnologia para viajar

Primeira bigtrail da Harley também tem a missão de atrair novos clientes para a centenária fabricante de Milwaukee (EUA). Fotos: Renato Durães/Infomoto

26/10/2022 - Tempo de leitura: 4 minutos, 35 segundos

A Pan America 1250, que chega às lojas por R$ 143.800, é mais do que a primeira moto aventureira da Harley-Davidson. O modelo é uma das apostas para aumentar a lucratividade da companhia e, acima de tudo, tentar atrair novos clientes à centenária marca norte-americana.

Para cumprir essa missão, a Harley precisou se reinventar. Desenvolveu uma moto na qual a função determina a forma e a utilidade se sobrepõe ao estilo, segundo Brad Richards, chefe de design da marca.

A começar pelo motor, que, embora tenha a tradicional arquitetura V2, adotou arrefecimento líquido e duplo comando de válvulas variável no cabeçote. Dessa forma, o propulsor de dois cilindros em “V” e 1.252 cm³, batizado com o sugestivo nome de Revolution Max, oferece 150 cv de potência máxima a 9.000 rpm – desempenho nunca antes visto nos modelos da Harley.

O bom desempenho, contudo, cobra o preço na bomba de combustível. Ao abastecer, o consumo foi de 16 km/litro, em uma viagem. Como o tanque tem capacidade para 21,2 litros, a autonomia projetada é de cerca de 340 quilômetros.

Bigtrail moderna

Além do bom desempenho, a Harley-Davidson não economizou no pacote tecnológico da Pan America, como é padrão nas concorrentes do segmento big trail. Adotou um moderno sensor de medição inercial, que aumenta a precisão do controle de tração e dos freios ABS, otimizados para curvas. Há ainda assistente de partida em rampa e outros recursos eletrônicos, “empacotados” em cinco diferentes modos de pilotagem.

Os modos também alteram os ajustes das suspensões Showa semiativas, que são de série na versão Special, a mais completa e a única que vem ao Brasil. O conjunto com garfo telescópico invertido, na dianteira, e um monoamortecedor, na traseira, ainda traz uma inovação: o sistema batizado de ride height control. Ao montar na Pan America, é possível sentir a moto abaixar “sozinha”, em até 5 centímetros, o que facilita manobrar a moto e torna a grande big trail mais acessível a pilotos de menor estatura.

Ao dar partida, o motor acorda com um ronco mais tímido do que outros V2 da marca, mas oferece uma aceleração vigorosa. Os giros crescem rapidamente, de forma surpreendente para uma Harley-Davidson. Em poucos segundos, já se alcançam velocidades de três dígitos, na tela colorida de TFT, do belo painel, que tem conexão para smartphones por meio de um aplicativo.

Robusta e boa de curva

As qualidades da Pan America, porém, vão muito além do bom desempenho do seu motor V2. Projetado para ser parte estrutural, o motor é componente do chassi da big trail. Com isso, a marca conseguiu conter o peso em 258 quilos em ordem de marcha, 10 quilos a menos da sua principal concorrente, a BMW R 1250 GS Adventure.

Bastante rígido, o chassi, em conjunto com as suspensões e auxiliado por um amortecedor de direção, faz da Pan America uma motocicleta muito estável nas retas, mesmo em altas velocidades. Com uma maneabilidade bastante previsível, a big trail demonstra agilidade nas mudanças de direção e contorna com precisão as curvas de uma estrada sinuosa. Sim, a Pan America é uma Harley boa de curva.

O conjunto ciclístico também se saiu bem em estradas de pavimento ruim, com buracos e desníveis, isolando o piloto das imperfeições no piso. Na terra, seu comportamento foi exatamente o que se espera de uma aventureira, que usa rodas de liga leve – aro 19, na dianteira, e aro 17, na traseira – calçadas com pneus de uso misto.

A Pan America percorreu 10 quilômetros morro acima, em uma via de chão batido, cheia de buracos e pedras, com segurança e conforto. Certamente, transmite muito mais confiança do que qualquer outra moto da Harley.

Menos vibração

Apesar do design inusitado, a Pan America 1250 merece bem mais elogios do que críticas. Ainda mais, levando-se em conta que se trata da primeira moto aventureira de uma fabricante que nunca havia feito uma antes.

Seu motor vibra menos do que outros V2 da marca, e demonstra fôlego em baixos regimes e esportividade em giros mais altos. Não faltam tecnologias de auxílio ao condutor para garantir segurança, além de permitir que a moto se adapte aos variados terrenos e situações que uma motocicleta aventureira pode encontrar pela frente.

Seu conjunto ciclístico é robusto o suficiente para fazer uma longa viagem, por qualquer estrada. O conforto é garantido pelo assento, embora o guidão fique posicionado muito à frente para pilotos de estatura mais baixa, como eu. Mas não faltam itens de série para agradar os motociclistas aventureiros: para-brisa ajustável, que oferece boa proteção aerodinâmica; aquecedor de manoplas; entrada USB; e até faróis adaptativos.

Embora seu preço sugerido, de R$ 143.800, seja mais elevado do que as principais concorrentes, a Pan America 1250 Special deve cumprir seu papel de ampliar as opções ao consumidor que é fã da Harley-Davidson, além de poder atrair novos consumidores para marca de Milwaukee.

Versátil e confortável, Pan America oferece tudo o que o motociclista aventureiro procura em um modelo do segmento

Harley-Davidson Pan America 1250 Special

Motor: 2 cilindros em “V”, 1.252 cm³
Câmbio: Seis marchas
Transmissão final: Por corrente
Potência: 150 cv a 9.000 rpm
Torque: 13,1 mkgf a 6.750 rpm
Peso em ordem de marcha: 258 kg
Preço: R$ 143.800

A moto chega às lojas ao preço sugerido de R$ 143.800