A Pan America 1250, que chega às lojas por R$ 143.800, é mais do que a primeira moto aventureira da Harley-Davidson. O modelo é uma das apostas para aumentar a lucratividade da companhia e, acima de tudo, tentar atrair novos clientes à centenária marca norte-americana.
Para cumprir essa missão, a Harley precisou se reinventar. Desenvolveu uma moto na qual a função determina a forma e a utilidade se sobrepõe ao estilo, segundo Brad Richards, chefe de design da marca.
A começar pelo motor, que, embora tenha a tradicional arquitetura V2, adotou arrefecimento líquido e duplo comando de válvulas variável no cabeçote. Dessa forma, o propulsor de dois cilindros em “V” e 1.252 cm³, batizado com o sugestivo nome de Revolution Max, oferece 150 cv de potência máxima a 9.000 rpm – desempenho nunca antes visto nos modelos da Harley.
O bom desempenho, contudo, cobra o preço na bomba de combustível. Ao abastecer, o consumo foi de 16 km/litro, em uma viagem. Como o tanque tem capacidade para 21,2 litros, a autonomia projetada é de cerca de 340 quilômetros.
Além do bom desempenho, a Harley-Davidson não economizou no pacote tecnológico da Pan America, como é padrão nas concorrentes do segmento big trail. Adotou um moderno sensor de medição inercial, que aumenta a precisão do controle de tração e dos freios ABS, otimizados para curvas. Há ainda assistente de partida em rampa e outros recursos eletrônicos, “empacotados” em cinco diferentes modos de pilotagem.
Os modos também alteram os ajustes das suspensões Showa semiativas, que são de série na versão Special, a mais completa e a única que vem ao Brasil. O conjunto com garfo telescópico invertido, na dianteira, e um monoamortecedor, na traseira, ainda traz uma inovação: o sistema batizado de ride height control. Ao montar na Pan America, é possível sentir a moto abaixar “sozinha”, em até 5 centímetros, o que facilita manobrar a moto e torna a grande big trail mais acessível a pilotos de menor estatura.
Ao dar partida, o motor acorda com um ronco mais tímido do que outros V2 da marca, mas oferece uma aceleração vigorosa. Os giros crescem rapidamente, de forma surpreendente para uma Harley-Davidson. Em poucos segundos, já se alcançam velocidades de três dígitos, na tela colorida de TFT, do belo painel, que tem conexão para smartphones por meio de um aplicativo.
As qualidades da Pan America, porém, vão muito além do bom desempenho do seu motor V2. Projetado para ser parte estrutural, o motor é componente do chassi da big trail. Com isso, a marca conseguiu conter o peso em 258 quilos em ordem de marcha, 10 quilos a menos da sua principal concorrente, a BMW R 1250 GS Adventure.
Bastante rígido, o chassi, em conjunto com as suspensões e auxiliado por um amortecedor de direção, faz da Pan America uma motocicleta muito estável nas retas, mesmo em altas velocidades. Com uma maneabilidade bastante previsível, a big trail demonstra agilidade nas mudanças de direção e contorna com precisão as curvas de uma estrada sinuosa. Sim, a Pan America é uma Harley boa de curva.
O conjunto ciclístico também se saiu bem em estradas de pavimento ruim, com buracos e desníveis, isolando o piloto das imperfeições no piso. Na terra, seu comportamento foi exatamente o que se espera de uma aventureira, que usa rodas de liga leve – aro 19, na dianteira, e aro 17, na traseira – calçadas com pneus de uso misto.
A Pan America percorreu 10 quilômetros morro acima, em uma via de chão batido, cheia de buracos e pedras, com segurança e conforto. Certamente, transmite muito mais confiança do que qualquer outra moto da Harley.
Apesar do design inusitado, a Pan America 1250 merece bem mais elogios do que críticas. Ainda mais, levando-se em conta que se trata da primeira moto aventureira de uma fabricante que nunca havia feito uma antes.
Seu motor vibra menos do que outros V2 da marca, e demonstra fôlego em baixos regimes e esportividade em giros mais altos. Não faltam tecnologias de auxílio ao condutor para garantir segurança, além de permitir que a moto se adapte aos variados terrenos e situações que uma motocicleta aventureira pode encontrar pela frente.
Seu conjunto ciclístico é robusto o suficiente para fazer uma longa viagem, por qualquer estrada. O conforto é garantido pelo assento, embora o guidão fique posicionado muito à frente para pilotos de estatura mais baixa, como eu. Mas não faltam itens de série para agradar os motociclistas aventureiros: para-brisa ajustável, que oferece boa proteção aerodinâmica; aquecedor de manoplas; entrada USB; e até faróis adaptativos.
Embora seu preço sugerido, de R$ 143.800, seja mais elevado do que as principais concorrentes, a Pan America 1250 Special deve cumprir seu papel de ampliar as opções ao consumidor que é fã da Harley-Davidson, além de poder atrair novos consumidores para marca de Milwaukee.
Motor: 2 cilindros em “V”, 1.252 cm³
Câmbio: Seis marchas
Transmissão final: Por corrente
Potência: 150 cv a 9.000 rpm
Torque: 13,1 mkgf a 6.750 rpm
Peso em ordem de marcha: 258 kg
Preço: R$ 143.800