Pandemia reduz as emissões por ônibus na cidade de São Paulo
Nova ferramenta mostra que aumento na eficiência do transporte público impactou positivamente diversos indicadores
Foi lançada, em 22 de setembro, pelo Instituto de Energia e Meio Ambiente (Iema), uma nova ferramenta online para medição e acompanhamento das emissões de gases de efeito estufa (GEE) e de poluentes provenientes dos ônibus da cidade de São Paulo.
Batizado de Monitor de Ônibus SP, ele foi criado para verificar se as operadoras de transporte e o poder público terão condições de cumprir os compromissos da Lei Municipal 16.802, de 2018, que trata da diminuição nas emissões do transporte público na cidade de São Paulo.
A lei estabelece redução pela metade nas emissões de dióxido de carbono (CO2) do transporte por ônibus paulistano, em 90% nas emissões de material particulado e em 80% nas de óxidos de nitrogênio (NOx) até 2018, tendo como base os índices registrados em 2016.
Reduções na pandemia
A partir do mês de março, com a diminuição no número de pessoas e de veículos se deslocando por São Paulo, o transporte público circulou de forma mais eficiente, reduzindo 52% nas emissões de dióxido de carbono (CO2), um dos gases responsáveis pelo aquecimento global. O indicador leva em conta, para efeito de comparação, um dia útil da média de abril, quando comparado a um dia útil da média de fevereiro.
Empregando a mesma comparação, a emissão de material particulado (MP), composto por fuligem e outras partículas sólidas ou líquidas suspensas na atmosfera, foi reduzida em 51%. Já os óxidos de nitrogênio (NOx) tiveram suas emissões reduzidas em 56%.
“O Monitor de Ônibus SP é uma ferramenta que processa os dados abertos da prefeitura e disponibiliza análises ágeis e acessíveis para a sociedade acompanhar o nível de oferta de transporte, a fluidez da operação e as emissões. Com isso, desejamos contribuir para termos em São Paulo um transporte público inclusivo, de qualidade e não poluente”, diz David Tsai, um dos seus idealizadores.
Por que as emissões caíram
O Iema explica que, durante a pandemia, os ônibus passaram a circular mais rápido ao longo de todo o dia. Em 24 de março, primeira semana oficial da quarentena na cidade de São Paulo, a velocidade média dos ônibus no horário de pico – entre 7 e 10 da manhã – chegou a 22 km/h. Antes da pandemia, esse número era de 15 km/h, índice 32% menor.
Recentemente, no retorno gradual das pessoas às suas atividades, observa-se uma velocidade média de 19 km/h. “O material particulado emitido durante o mês de abril, auge do isolamento social em São Paulo, caiu 42% em relação ao total emitido em fevereiro”, conta Felipe Barcellos e Silva, pesquisador do Iema. Isso ocorreu devido à redução de frota em circulação, mas também graças ao aumento da velocidade média dos ônibus que permaneceram rodando.
Rodando a uma velocidade maior, esses veículos permanecem menos tempo no trânsito e tornam-se mais eficientes, gerando menos emissão por quilômetro trafegado.
Já o aumento da velocidade se deu por dois motivos: uma menor concorrência com outros veículos nas ruas, por causa do número reduzido de carros circulando durante a pandemia, além de pontos de parada menos lotados, com menor quantidade de passageiros que entram no veículo de uma só vez, tornando também mais rápido o embarque.
De acordo com o Iema, a ideia é fazer, com base nos dados coletados, boletins mensais com indicadores do transporte público – por exemplo, número de passageiros, velocidade dos ônibus, emissões, entre outros aspectos.
Números da redução das emissões por ônibus na cidade de São Paulo*
- 52% de dióxido de carbono (CO2)
- 51% de material particulado (MP)
- 56% de óxidos de nitrogênio (NOx)
*Fonte: Instituto de Energia e Meio Ambiente (Iema). Comparação de um dia útil da média de abril/2020 versus um dia útil da média de fevereiro/2020
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