Com o aumento na quantidade de motocicletas em circulação nas ruas brasileiras, cresceu também o número de roubo e furto de motos. No primeiro semestre de 2023, foram registradas 9.538 ocorrências desse tipo de crime na cidade de São Paulo. O volume representa aumento de 36%, em comparação com o mesmo período do ano passado, quando ocorreram 6.980 roubos e furtos de motocicletas e similares nas ruas da capital paulista. O levantamento, feito pela Ituran Brasil, especializada em monitoramento de veículos, usa como base os dados da Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo.
“Observamos forte crescimento no número de motos novas em circulação, o que, consequentemente, eleva a demanda por peças de reposição. Isso traz reflexos nos roubos e furtos que abastecem os desmanches para venda de peças no mercado ilegal”, avalia Fernando Correia, coordenador de operações da Ituran Brasil.
O crescimento dos roubos e furtos de motos também pode ser verificado em toda a região metropolitana de São Paulo. De acordo com a pesquisa, as 39 cidades que compõem a Grande São Paulo fecharam o primeiro semestre do ano com 15.210 roubos e furtos de motos, salto de 29%, em relação ao mesmo período de 2022 (11.760).
Depois da capital paulista, a cidade com o maior índice de crimes dessa natureza é Osasco, com crescimento de 54%, de 481 para 740 ocorrências. Em 2022, a cidade ocupava a quinta colocação no ranking.
Do total de motos subtraídas na região metropolitana de São Paulo, 62,14% delas foram furtadas. Já os roubos, ou seja, quando há ameaça e uso de violência, responderam por 37,86% dos crimes.
Quando considerado modelos de motocicletas de maior cilindrada, ou seja, com motores cima de 201 cm³, o total de casos também cresceu; porém, em menor proporção. O total de casos para essas cilindradas cresceu 26%: de 4.145 para 5.230.
Entretanto, nas motos maiores, o crime de roubo predomina, com 58% das ocorrências. Isso acontece porque os modelos mais sofisticados e caros contam com tecnologias que inibem o furto, como imobilizador e decodificador de chave.
“Nessa categoria, domingo é o dia da semana com mais ocorrências, pois os donos de motos maiores costumam circular mais durante os finais de semana”, afirma Correia, da Ituran Brasil. Para evitar esse tipo de crime, alguns proprietários, inclusive, têm deixado suas motos estacionadas já fora da capital paulista.
“Temos um grupo de amigos que aluga uma garagem em Alphaville para guardar suas motos. Tudo para não sair rodando com elas nas marginais de São Paulo”, revela um empresário, proprietário de uma BMW R 1250 GS, que preferiu não se identificar.
O aumento no roubo e furto de motos de alta cilindrada também tem obrigado as fabricantes a adotar estratégias para evitar esse tipo de crime. Desde janeiro, a BMW passou a vender suas motos com rastreador gratuito por um ano. “Já vínhamos estudando essa possibilidade, pois o mercado tem pedido isso. Como marca, a gente sabe que isso faz a diferença para o cliente, além dos serviços financeiros, dos acessórios e das experiências, e, agora, do rastreador. Também pretendemos ter parcerias com seguradoras no futuro”, afirmou Julian Mallea, CEO da BMW Motorrad, à época do anúncio da oferta.
Como modelos aventureiros, como a BMW R 1250 GS, estão entre os preferidos dos criminosos, a Honda ofereceu seguro grátis aos compradores da CRF 1100L Africa Twin neste mês de agosto. Válido por um ano, o seguro cobre apenas contra roubo e furto – as principais preocupações dos clientes, segundo a fabricante.
Com o crescimento dos roubos e furtos, muitos motociclistas se perguntam o que fazer para proteger sua moto. Conversamos com especialistas em segurança e outros motociclistas para dar dicas de como evitar esse tipo de crime. Confira:
Evite parar sua moto na rua e prefira sempre um estacionamento. Os bolsões para motos, infelizmente, são os alvos preferidos dos bandidos que procuram uma para furtar. Ainda mais em locais com alto índice de casos, como na região central de São Paulo.
Invariavelmente, será preciso estacionar sua moto na rua. Nesses casos, sempre use um dispositivo de segurança, mesmo que a parada seja rápida, pois os bandidos também são. Prefira travas de disco ou correntes de aço (inox ou carbono), já que são mais difíceis de serem violadas.
Caso use a moto ou scooter diariamente para ir ou voltar do trabalho, por exemplo, procure alterar os caminhos para não se tornar uma “presa fácil”. Essa medida dificulta a ação de quadrilhas especializadas no roubo de motos.
Pesquisa realizada em 2019 revela que a maioria dos roubos e furtos acontecem à noite ou de madrugada. Os números também mostram que as avenidas principais que ligam o centro aos bairros são locais com alto índice de roubo de motos. Dessa forma, fique atento ao retrovisor, e, caso perceba alguma atitude suspeita, procure um posto de combustível ou outro local movimentado e pare a moto.
Como nem todas as dicas ou travas são 100% eficientes, faça o seguro. Atualmente, mais seguradoras aceitam motos, inclusive as de menor cilindrada. As opções e os valores também variam muito. Pode-se optar apenas pelo seguro contra roubo e furto, mas que não cobre acidentes nem de terceiros, o que reduz o valor do prêmio.