São Paulo terá de volta patinetes compartilhados
Com nova cor e modelo de negócio diferenciado, startup pretende retomar o serviço de compartilhamento na capital paulista até o final do ano
Os patinetes elétricos compartilhados viraram febre em 2019, com milhares de viagens diárias. Nos horários de pico, era até difícil encontrar um deles disponível nas regiões das avenidas Faria Lima e Paulista, centros financeiros da cidade de São Paulo. Após as 18 horas, quando as pessoas saíam de seus escritórios e rumavam para as estações de metrô e terminais de ônibus, era um vaivém incessante de patinetes elétricos nas ciclovias.
Porém, com a chegada da pandemia em março de 2020 e as consequentes restrições de circulação, os pequenos veículos, símbolos da micromobilidade elétrica, desapareceram das ruas das grandes cidades brasileiras. Mas, segundo Rodrigo Neaime, CEO da FlipOn, os patinetes compartilhados devem voltar à capital paulista ainda neste ano.
A empresa, sediada em São Carlos, absorveu cerca de 12 mil patinetes e 9 mil bicicletas elétricos da Yellow e Grin. e os recuperou para deixá-los prontos para voltar às ruas e avenidas da cidade. A FlipOn desenvolveu um aplicativo próprio, em parceria com programadores da USP, e terá um novo modelo de negócio.
Mercado promissor
Com atuação em oito localidades, entre elas, Santos, Guarujá e Riviera de São Lourenço, no litoral paulista, além de capitais como Campo Grande (MS) e Porto Alegre (RS), a FlipOn acredita no mercado de micromobilidade compartilhada no País.
A empresa enxerga grande potencial nesse setor, com deslocamentos diários curtos, de cerca de 5 quilômetros de distância. “Vamos mudar a realidade da mobilidade elétrica no Brasil”, afirma o CEO da empresa.
Cerca virtual promete tornar operação viável
Os criadores da FlipOn apostam na retomada da economia, com a aceleração da vacinação, e na busca por um meio de transporte individual seguro para impulsionar a micromobilidade elétrica na capital paulista e em todo o Brasil.
“O mercado de deslocamento em um raio de cerca de 5 quilômetros de distância, no Brasil, é gigante. As pessoas vão preferir se locomover com mais individualidade e ao ar livre”, acredita Mauricio Petinelli, diretor comercial da FlipOn. A micromobilidade e o compartilhamento são os focos principais da empresa, na esteira do crescimento das áreas de ciclovias e faixas para mobilidade elétrica nas principais cidades brasileiras.
Para ser bem-sucedida, entretanto, a FlipOn aposta em um novo modelo de negócio, diferente do sistema dockless, antes adotado pelos patinetes verdes da Grin e pelas bikes amarelas da Yellow. A começar pela cor. Os patinetes terão a tonalidade roxa, predominante da FlipOn.
“Não iremos operar diretamente o aluguel dos patinetes. Vamos fornecer o produto e o software para os parceiros locais operarem”, revela Rodrigo Neaime, CEO da FlipOn.
O modelo de negócio proposto consiste no licenciamento, em que os parceiros locam os veículos elétricos ou podem optar pela compra dos produtos. A FlipOn entrega os patinetes e bicicletas com tecnologia de compartilhamento e aplicativo com sistema de gestão, prontos para uso. O empresário configura o sistema conforme a região definida e ativa a “cerca viva”, limitando a área de uso, com rastreamento dos patinetes e ativação via aplicativo.
O sistema de gerenciamento informa ao licenciado os detalhes da locação, como localização do veículo, nível de bateria e reporte de problemas. Já os usuários dos patinetes devem baixar o aplicativo e seguir as regras do Conselho Nacional de Trânsito (Contran), relacionadas ao uso em ruas, calçadas e ciclovias, velocidade permitida e equipamentos de segurança – o locatário, por meio do app, deve concordar com as regras de segurança, termos de seguro e utilização do patinete.
Com isso, de acordo com Rodrigo Neaime, o objetivo da FlipOn foi corrigir o que não estava dando certo na antiga operação de patinetes compartilhados na cidade de São Paulo. “Antigamente, os patinetes eram alvos de depredação e roubo, além de ficarem espalhados por uma área muito grande, o que encarecia demais a operação. Com a nossa tecnologia, os usuários só podem devolver ou alugar os patinetes em áreas predeterminadas, às quais chamamos de cercas vivas”, explica o CEO da empresa.
Ainda segundo Neaime, a experiência em cidades menores e médias tem demonstrado que o sistema funciona. “Conseguimos reduzir a praticamente zero o roubo dos patinetes. E, como estão sempre nessas cercas virtuais, o custo para manutenção e recarga dos veículos é bem menor para o operador local”, garante o executivo.
Parceiros locais
Outra novidade sobre o retorno dos patinetes à capital paulista é que devem haver operadores em diferentes localidades. Uma empresa pode gerenciar o compartilhamento na região da Avenida Paulista e outra na região da Faria Lima, por exemplo. “Isso exige menor investimento e permite maior controle da operação”, acredita o CEO da FlipOn.
Exatamente por isso, a empresa tem deversos modelos de licenciamento, de acordo com a frota de patinetes e bicicletas, além de diferentes valores de licenciamento. As licenças vão da pequena, para uma frota de 58 patinetes e bicicletas, com investimento inicial de quase R$ 40mil, à grande, com 535 veículos elétricos e aporte de cerca de R$ 390 mil.
Já os valores cobrados dos usuários não devem mudar dos que eram praticados. A proposta da FlipOn é que o destravamento custe R$ 3,20, mais R$ 0,50 por minuto de uso. O aplicativo está disponível para smartphones Android e iOS.
Carros elétricos
Com a ambição de revolucionar a mobilidade elétrica compartilhada no Brasil, a FlipOn pretende também introduzir o compartilhamento de outros modais elétricos, como já acontece na Riviera de São Lourenço. No balneário paulista, a empresa oferece scooters e carros elétricos.Montado em Manaus (AM), na fábrica da Muuv, empresa irmã da FlipOn que também produz motos e patinetes elétricos mais sofisticados, o carro elétrico M1 tem motor de 4,5 kW, capaz de levá-lo a 50 km/h de velocidade máxima e rodar até 100 quilômetros com uma carga de bateria.
De acordo com o CEO da FlipOn, quando a distância ultrapassa 15 quilômetros, os usuários procuram outros modais além do patinete e da bicicleta elétricos. “Nesses casos, o ideal são as motos ou até carros elétricos. Temos plano de expandir o compartilhamento desse tipo de veículos para outros locais”, finaliza.
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