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Vendas de bikes esfriam no pós-pandemia

Por: Rogério Viduedo . 04/01/2023

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Meios de Transporte

Vendas de bikes esfriam no pós-pandemia

Estoques estão altos, indústria produz menos e consumidor deve aproveitar as promoções

4 minutos, 0 segundos de leitura

04/01/2023

Por: Rogério Viduedo

bicicletas em oferta
Retração econômica e estagnação nas vendas fazem varejo apostar em promoções. Foto: Rogério Viduedo

Quem está buscando uma nova bicicleta ou precisando fazer a manutenção na atual pode aproveitar o esfriamento dos negócios no setor e conseguir bons descontos, principalmente, nos modelos com preços de até R$ 5 mil.

Os mais simples, que chegaram a sumir dos estoques das lojas durante 2020 e 2021 por causa da grande procura decorrente das restrições da pandemia de covid-19, tiveram o abastecimento normalizado pelas fábricas e importadores, mas a saturação do mercado e a diminuição do poder de compra da população retraiu as vendas.

Nem a passagem do Natal conseguiu aquecer o comércio, e quem fizer uma boa pesquisa ainda vai encontrar boas oportunidades. No website de uma grande loja de produtos esportivos, por exemplo, um modelo MTB aro 29”, que chegou a ser vendido por R$ 1.900, agora é ofertado por pouco mais de R$ 1.000.

Ao mesmo tempo, numa loja da zona leste de São Paulo, um modelo MTB de uma marca famosa produzida no Brasil está sendo vendida por R$ 3.000, desconto de 25% sobre o preço do mercado.

Compras adiadas

“O setor está sendo fortemente impactado pela atual conjuntura econômica, que reduziu o poder de compra da população. A procura pelos modelos de entrada registrou forte queda. Muitas pessoas postergaram ou simplesmente desistiram de adquirir uma bicicleta”, disse Cyro Gazolla, vice-presidente da Abraciclo, que reúne produtores do Polo Industrial de Manaus e responde por aproximadamente um terço do mercado no Brasil.

A instituição afirmou, em outubro, que a expectativa era fechar 2022 com queda de 16%, em relação a 2021, quando produziram 749.700 bicicletas. No último boletim divulgado em dezembro, informou que as fábricas produziram 584.500 bicicletas de janeiro a novembro, retração de 19,3%, frente às 723.950 no mesmo período do ano anterior.

Queimando estoque

Rogério Ferreira, da Central Bikes: vendas de peças atreladas a serviços de manutenção. Foto: Rogerio Viduedo

Quem tem sofrido na pele essa retração nas vendas são as pequenas bicicletarias, que possuem pouca margem para negociar. Localizada no Brooklyn, zona sul de São Paulo, Rogério Ferreira, sócio da Central Bikes, diz que ainda está queimando estoque, e chegou a conceder 40% de desconto em algumas vendas, perdendo boa parte do lucro.

A estratégia dele, agora, é manter só duas unidades em estoque. “Eu não preciso comprar dez bicicletas para deixar na loja, e não me sinto seguro em repô-las agora. Além disso, se eu ligar para meu fornecedor, ele me entrega em cinco dias”, revela.

Segundo Ferreira, o que tem mantido o fluxo financeiro em ordem são os serviços e as vendas geradas na oficina. “Eu consigo vender as peças atreladas à manutenção das bicicletas. O cliente vem aqui e pede para fazermos uma revisão. Se os pneus estão gastos, por exemplo, eu já vendo dois novos. É o que gira”, explica.

Redução de impostos

Isacco Douek, diretor da distribuidora Isapa, diz que os efeitos da pandemia provocaram um descompasso entre oferta e demanda. “Isso não quer dizer que não tenham vendas, mas o estoque está bem maior do que a necessidade, e calculamos que a estabilidade vai acontecer no primeiro semestre de 2023.”

O empresário estima que muitas empresas encomendaram produtos em excesso, pois o prazo de entrega dado pelos fornecedores sediados sobretudo em Taiwan e China era de seis a oito meses. Como não previram o desaquecimento na demanda, agora precisam fazer promoções para escoar o estoque e manter o faturamento.

O excesso no estoque, todavia, não é o único motivo para a queda nos valores nas lojas de bicicletas. “O dólar está mais barato e houve reduções de impostos que também estão refletindo nos preços”, afirma Douek. Ele se refere aos pleitos que a Aliança Bike, outra associação de empresários do setor, fez, junto à Receita Federal, para reduzir alíquotas de importação de produtos que não são produzidos no Brasil ou no Mercosul.

Câmbios e cassetes, por exemplo, têm alíquota de importação zerada desde abril de 2021. Além disso, por causa do desabastecimento, houve isenção de impostos por 365 dias para outros componentes.
Rogério Ferreira, da Central Bikes, no entanto, não tem sentido queda nos preços quando faz encomendas ao fornecedor.

“Para mim, os preços continuam os mesmos da época da pandemia. Antes da covid-19, eu vendia uma câmara de ar por R$ 30. Agora, eu compro por R$ 25, e não consigo vender por menos de R$ 50, senão não consigo fechar as contas”, desabafa.

Produção em queda

Janeiro a novembro de 2021
584.500

Janeiro a novembro de 2022
723.950

Queda de 19,3%,

*Fonte: Abraciclo

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