Estudo mostra que o ABS em motos pode salvar vidas
Pesquisa da indústria de seguros, nos EUA, que comparou os mesmos modelos de motocicleta com e sem freios antibloqueio, revela que o sistema reduziu o número de acidentes fatais em 22%
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29/09/2021
Divulgado no início de agosto, o levantamento examinou as taxas de colisões fatais de 65 modelos de motocicleta que ofereciam o ABS (de antilocking braking system, ou sistema de freios antitravamento) como opção, entre 2013 e 2019. Como resultado, o estudo encontrou 5,7 acidentes fatais por 10 mil veículos registrados, por ano (número de veículos e número de anos na estrada), para motocicletas com ABS e 7,4 por 10 mil para aquelas sem o sistema de freios antitravamento. Ou seja, as motos equipadas com o recurso estavam envolvidas em 22% menos colisões fatais.
Esse é o terceiro estudo liderado pelo pesquisador Eric R. Teoh, que também é diretor de serviços estatísticos do Insurance Institute for Highway Safety, dos EUA. Nos levantamentos anteriores, feitos em 2011 e 2013, encontraram uma redução ainda maior de acidentes devido ao ABS. “Sabemos que esse sistema salva vidas e dizemos que deveria ser obrigatório há dez anos”, afirma Teoh, autor do estudo. “A pesquisa é a mais ampla, até agora, sobre o assunto e confirma a importância desse recurso”, completa.
Diferentemente do Brasil e da Europa, em que a legislação exige que as motos tenham sistemas de freios mais eficientes, nos Estados Unidos, essa obrigação não existe. Desde 2019, motos ou scooters com mais de 300 cc têm, obrigatoriamente, que vir de fábrica com ABS; modelos de menor capacidade cúbica podem ter o sistema de freios combinados, que distribui a força da frenagem entre as duas rodas.
Por que o sistema salva vidas
A essa altura, motociclistas mais experientes já estão pensando algo como: “Ando, há 40 anos, sem ABS, e não preciso de babá eletrônica” ou “Aprenda a frear corretamente e usar a mão direita, esses são o seu ABS!”
Mas o sistema não é apenas para pessoas que não possuem boa técnica de frenagem. É para quando você chega em casa depois de escurecer e não consegue ver a areia, o óleo diesel derramado ou o que quer que seja na estrada. É para aquele cenário inesperado de frenagem de emergência, que requer técnica de frenagem perfeita de um ser humano nem sempre perfeito.
Afinal, em frenagens bruscas, as motocicletas são menos estáveis do que os veículos de quatro rodas e dependem das habilidades dos pilotos para permanecer em pé e estável. Frear com muita força e travar uma roda, especialmente a dianteira, cria uma situação instável, que pode levar a uma queda grave.
A relutância dos pilotos em aplicar força total no manete de freio, preocupados com o travamento das rodas, pode resultar em frenagem inadequada para evitar ou mitigar um impacto de colisão.
Embora a técnica de frenagem adequada seja uma habilidade que pode ser aprendida, eventos de travagem brusca ocorrem durante situações de pânico, em que os pilotos são menos propensos a reagir, apropriadamente.
Diferenças entre ABS e CBS
Para os motociclistas iniciantes que têm menos experiência, o sistema de freios combinados (CBS) ajuda a parar a moto com mais segurança. Um aparato mecânico ou hidráulico (via cabos ou mangueiras) distribui a força de frenagem entre as duas rodas. Sempre que o piloto acionar o freio traseiro, o sistema também põe em ação o freio dianteiro, sem a interferência do piloto. O resultado é uma frenagem em menor espaço e com maior controle, quando comparada à, exclusivamente, na roda traseira.
Já o freio ABS é mais sofisticado, pois é capaz de interpretar se há ou não o risco de a roda travar durante uma frenagem mais forte. Para isso, há sensores que monitoram os movimentos das duas rodas, por meio de pequenos discos, instalados junto ao cubo. Se o sensor perceber que existe a possibilidade de travamento, o sistema alivia a pressão no cilindro. Isso impede derrapagem e permite maior controle da moto em situação de emergência.
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