Não basta ter ciclovia, a cidade também precisa de bicicletários

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Não basta ter ciclovia, a cidade também precisa de bicicletários seguros

Por: Rogério Viduedo . 17/08/2022

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Não basta ter ciclovia, a cidade também precisa de bicicletários seguros

Eles são fundamentais para estimular a prática do ciclismo como modal de transporte e lazer entre a população de São Paulo

3 minutos, 49 segundos de leitura

17/08/2022

Por: Rogério Viduedo

Não basta ter ciclovia, é preciso bicicletários seguros-Ricardo Souza
Ricardo Souza chega à sede da empresa em que trabalha, no Brooklin: segurança para a bike e vestiário para tomar banho. Foto: Rogério Viduedo

Ricardo Barros Souza, 46 anos, integra um grupo de 21% da população paulistana que, segundo o Mobilidados, uma plataforma que analisa a qualidade da mobilidade nas capitais do Brasil, mora, no máximo, a 300 metros de uma infraestrutura cicloviária. Ele também faz parte de outro grupo seleto, daqueles que a empresa em que trabalham oferece local seguro para estacionar a bicicleta. Desde 2014, a sede da Liberty Seguros, no Brooklin, possui bicicletário, com 20 posições bem, como vestiários masculino e feminino, com chuveiros e armários, com chave, que atendem a 10% do efetivo.

“Sem lugar para deixar a bicicleta em segurança e tomar banho, eu não viria”, observa o securitário, enquanto se troca, após um deslocamento de 13 quilômetros a partir do Rio Pequeno, na zona oeste. Ele retomou as pedaladas durante o home office resultante da pandemia, e, no retorno às atividades presenciais, abandonou o carro. Para ele, os benefícios são impagáveis. “Venho duas vezes por semana, e me sinto mais ativo e saudável. Tenho dormido e me alimentado melhor e sou mais feliz”, esclarece.

Segurança para mulheres

A importância de um bicicletário na rotina de Simone Iris, 40 anos, é sobretudo questão de segurança. Regularmente, ela sai às 4h30 de casa, no Jardim Pestana, e pedala 3 quilômetros para embarcar no trem, no centro de Osasco, a única das três estações operadas pela Via Mobilidade que possui bicicletário, na cidade. “De bike, não tenho que ficar esperando ônibus sozinha, no ponto, e, em 11 minutos, eu chego à estação. É bem mais seguro para uma mulher, tanto na ida quanto na volta”, explica.

Simone Iris no biciletário
No bicicletário da Estação Osasco da Via Mobilidade, Simone Iris tem de madrugar se quiser usar uma das 166 vagas disponíveis. Foto: Rogério Viduedo

Simone sabe, no entanto, que as 166 vagas disponíveis para bicicletas são disputadas por mais de 2 mil pessoas cadastradas. Por isso, ela evita depender do equipamento após as 7h30 da manhã, que foi o caso do servidor público Francisco dos Santos Junior, 31 anos. Depois de pedalar 7 quilômetros de onde mora, no Jardim Padroeira, teve de aguardar uma vaga por quase meia hora, já que o bicicletário estava lotado. “Geralmente, chego às 7h40 e tem vaga. Mas, hoje, cheguei às 8h20, e vou ter que esperar. Ainda bem que meu horário é flexível”, revela.

Paraciclos em Osasco

A Via Mobilidade, que assumiu, em janeiro deste ano, a operação da Linha 8, que liga a cidade de Itapevi à Estação Júlio Prestes, na capital, informou que os seis bicicletários que opera nesse trecho possuem, juntos, espaço para mil bicicletas, mas não pretende ampliar o número de vagas na Estação Osasco. Informou, ainda, que deve instalar paraciclos nas áreas externas dessa e de outras dez estações, incluindo a Presidente Altino e a Comandante Sampaio, que também atendem a população da cidade.

Os paraciclos, barras circulares de ferro chumbadas no solo, não resolvem o problema da demanda cada vez mais crescente, já que esse tipo de equipamento é mais vulnerável a furtos. “Quem se desloca por bicicleta precisa de local seguro para estacioná-la e, assim, concluir a viagem”, afirma Suzana Nogueira, especialista em mobilidade urbana.

Responsável pela implantação da infraestrutura cicloviária, em São Paulo, entre 2013 e 2016, ela lamenta que, apesar de terem aprovados os planos de mobilidade, nem Osasco nem São Paulo possuem ações efetivas para implantar novos bicicletários. “No Plano de Mobilidade da Capital, há previsão, inclusive, da criação de bicicletários na área de cada uma das 32 subprefeituras, mas isso nunca foi feito”, observa.

Bicicletário no grito

No começo de julho, o casal de ciclistas Thais Pacheco e Adriano Vassoler visitou a 26ª Bienal do Livro, que ocorria no Expo Center Norte, zona norte da capital paulista. “Chegamos de bike ao estacionamento, e um segurança nos seguiu para dizer que era proibido parar a ali, por ser regra da seguradora. A solução era deixar as bicicletas em outro local, a 800 metros”, reclamaram.

Com uma repercussão iniciada em redes sociais pelo coletivo Ciclocentro, o empreendimento respondeu dizendo que a demanda seria verificada, e, uma semana depois, informou que o local já poderia receber bicicletas. “Nós antecipamos um pouco a implementação do espaço para as bicicletas para atender à necessidade imediata identificada naquele momento”, diz Paulo Ventura, diretor do Center Norte. Ele prometeu que melhorias seriam realizadas “em breve”.

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