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Reduzir a velocidade dos carros piora o congestionamento?

Por: Redação Mobilidade . 23/12/2022
Mobilidade com segurança

Reduzir a velocidade dos carros piora o congestionamento?

Especialistas apontam que efeito da medida é justamente o contrário, pois melhora a fluidez das vias

3 minutos, 1 segundo de leitura

23/12/2022

Medida também reduz riscos de acidentes. Foto: Getty Images.

Melhorar o trânsito das grandes metrópoles ainda é um grande desafio. Assim, algumas medidas passam por questionamentos e testes.

Afinal, reduzir a velocidade dos carros piora mesmo o congestionamento? Especialistas apontam que o efeito da medida é justamente o contrário. Ou seja, contribui para melhorar o fluxo de veículos.

É o que afirma o coordenador técnico do Mova-se Fórum de Mobilidade, Miguel Ângelo Pricinote. “Por mais que pareça contraditório, a redução na velocidade dos carros pode até melhorar a fluidez das vias diminuindo assim os congestionamentos”, avalia o especialista.

“Isto ocorre pois durante os horários de maior fluxo. Portanto, os que geram os congestionamentos a velocidade é muito inferior à velocidade máxima, demonstrando a inexequibilidade da velocidade máxima”, detalha.

Além disso, Pricinote aponta que os limites de velocidade reduzidos também reduzem as diferenças de velocidade entre as faixas. Assim, os motoristas têm menos incentivo para mudar de faixa e ultrapassar, o que, novamente aumenta a estabilidade do fluxo de tráfego.

Semáforos são essenciais na equação

Contudo, o especialista reforça que limites de velocidade mais baixos são mais eficientes e convenientes quando os tempos dos semáforos são cronometrados de acordo com o limite de velocidade afixado. Deste modo, limites mais baixos significam mais tempo verde para a rua e para o cruzamento. O resultado são menos acidentes, o que ajuda a reduzir o congestionamento.

“Todos podemos ser mais rápidos diminuindo a velocidade durante os períodos de pico. Este resultado contraintuitivo decorre do fato de que a capacidade da via é usada de forma mais eficiente quando os fluxos de tráfego e as velocidades não variam muito ao longo do tempo. E isso pode ser alcançado por meio da adequação dos limites de velocidade à velocidade operacional praticada”, finaliza.

“Liberdade em pisar no acelerador”

Na visão do mestre em transportes e professor da Faculdade de Engenharia Civil da Unicamp, Creso de Franco Peixoto, fatores culturais também impactam na aceitação de medidas que visam reduzir a velocidade.

“Quando se reduz a velocidade permitida, gera-se ação que parte da comunidade não aceita. Há o fator humano da sensação de liberdade em pisar no acelerador, da emoção da velocidade, da visão cética de que a velocidade aumenta riscos, do poder sobre a máquina”, diz Peixoto.

Segundo o especialista, questões culturais lançam “mais gasolina” nesta fogueira. Assim como a visão de que “multa é indústria” e que código de trânsito é para impor padrões que a prática ao volante dispensa.

Contudo, Peixoto aponta que estas crenças são “negacionismo à pesquisa de décadas sobre o que gera morte no mundo e perda considerável de recursos cada vez mais escassos”.

O especialista compara congestionamentos a alagamentos urbanos. Segundo ele, a velocidade da água diminui em fundos de vale ou em bueiros de baixa capacidade. Portanto, alaga. 

Assim, automóveis que ganharam velocidade em vias de fluxo livre têm que frear em locais onde os “ralos” de drenagem são insuficientes. Então, congestiona.

“O movimento dos carros em meios urbanos é bem conhecido: acelera-se em certos trechos para chegar mais rápido ao próximo congestionamento. O expediente de redução da velocidade permitida em vias urbanas tende a gerar viagens mais seguras, menor consumo energético e duração da viagem praticamente inalterada. Como são os pontos de congestionamento que impõem o fluxo veicular, o aumento do tempo de viagem tende a ser mínimo”, conclui Peixoto.

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