Não é exagero dizer que os pneus estão entre os itens mais importantes para a segurança do motorista e dos passageiros. Afinal, são os únicos pontos do veículo em contato direto com o solo, suportam toda a carga e absorvem os impactos do terreno. Eles também influenciam no comportamento dinâmico de um carro e, ao contrário do que muita gente pensa, são eles que param o veículo (e não os freios, que param as rodas). São responsáveis, ainda, pelo desempenho e pela economia.
Quem roda muito sabe tudo isso na prática, como Raquel Sanches Granja, motorista de transporte escolar há 23 anos. “É uma tarefa de imensa responsabilidade e, por isso, a manutenção tem de ser a nossa melhor amiga para garantir a segurança das crianças e o meu instrumento de trabalho sempre nas melhores condições”, enfatiza.
Veículos que fazem paradas frequentes para embarque e desembarque estão mais sujeitos a choques contra o meio-fio, que, assim como os buracos, danificam os pneus. Para esses, a calibragem semanal é essencial, preferencialmente com os pneus frios – inclusive o do estepe.
“A pressão correta contribui para a segurança, para o aumento da vida útil do pneu e para a economia de combustível, um dos itens de maior importância para quem tem um negócio no segmento de transporte e percorre grandes quilometragens diariamente”, alerta Rafael Astolfi, gerente de assistência técnica da Continental, fabricante alemã de pneus presente no Brasil há mais de 20 anos com produtos e serviços para veículos de passeio, incluindo light trucks e SUVs, comerciais e para aplicações industriais.
Para se ter uma ideia, um pneu com 3,0 psi (ou libras) de pressão abaixo da recomendada vai aumentar em até 2% o consumo de combustível – se uma van percorrer 30 mil quilômetros em um ano com calibragem abaixo da recomendada, chega a desperdiçar um tanque de 55 litros.
“As boas condições dos pneus proporcionam o aproveitamento total dos sistemas de suspensão, transmissão, tração, direção e frenagem”, explica Roberto Ayala, supervisor de engenharia de vendas da Bridgestone, a maior empresa de pneus e borracha do mundo e com produtos em mais de 150 países.
Além disso, a manutenção preventiva do veículo impacta nos pneus, uma vez que amortecedores, molas, freios, rolamentos, eixos e rodas atuam diretamente sobre eles. O balanceamento, alinhamento e rodízio são fundamentais para que os veículos rodem sem trepidações ou desvios involuntários. Rodas desbalanceadas danificam os pneus, comprometem a sua vida útil, os componentes da suspensão, o dinamismo do carro e o conforto dos ocupantes.
“É preciso alinhar a suspensão e balancear os pneus sempre que o veículo sofrer impactos fortes, na troca de pneus, quando eles apresentarem desgastes irregulares, ao serem substituídos componentes da suspensão, quando o veículo estiver “puxando” para um lado ou a cada 10 mil quilômetros”, reforça Ayala.
No entanto, o estilo de direção do motorista, a velocidade, as freadas fortes e mudanças bruscas de direção afetam diretamente a durabilidade e a vida útil desses itens, assim como o excesso peso, que compromete a estrutura do pneu e aumenta o risco de danos ou de alterações estruturais. A Pirelli, especializada exclusivamente em pneus para carros, motos e bicicletas e fornecedora exclusiva do Campeonato Mundial de Fórmula 1, tem entre seus mandamentos a verificação também do lado interno do pneu (o que fica para dentro do veículo), especialmente após impactos e/ou identificação de desgastes irregulares.
E, no caso do aparecimento de uma bolha em qualquer uma das laterais, a troca deve ser imediata. Outro alerta dos especialistas é evitar estacionar sobre manchas de óleo, pois o contato do pneu com derivados de petróleo ou solventes ataca a borracha, fazendo com que ela perca suas propriedades físico-químicas e mecânicas.
De acordo com a Associação Nacional da Indústria de Pneumáticos (Anip), em janeiro, as vendas de pneus para motos apresentaram alta de 3,3% para o mercado de reposição, quando comparadas ao mesmo período do ano passado. “Motos têm se tornado uma opção de transporte muito relevante para o brasileiro: questão de renda e economia, pelo custo do transporte público, ganho de tempo, fugir do trânsito em grandes centros, aumento de seu uso especialmente no Norte e Nordeste, em detrimento de outros modais e, há algum tempo, pelo crescimento das empresas de logística e aplicativos que fazem das motos o seu principal veículo para entregas, especialmente entre os mais jovens”, avalia Klaus Curt Müller, presidente da associação.
No caso das motos, o cuidado com os pneus exige atenção dobrada ou triplicada. “Qualquer acidente costuma ser bem mais grave ou fatal. A motocicleta não permite falhas dos pneus, pois qualquer redução de performance desses itens ameaça todo o sistema do veículo e a vida do motociclista”, explica.
O primeiro ponto para a segurança é não utilizar pneus reformados ou remoldados, prática proibida por lei desde 2004. “As carcaças desses pneus não foram projetadas para reformas e qualquer mudança representa perigo de vida”, alerta. “É preciso saber há quanto tempo o pneu está em uso e fazer a verificação visual para detectar desgastes irregulares, existência de bolhas, fissuras, rachaduras por ressecamento, coisas que, em geral, todos os condutores estão aptos a realizar.”
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Como a qualidade da frota melhorou muito nos últimos anos, o brasileiro “está mais confiante” em postergar a manutenção preventiva, que se alia à falta de recursos financeiros e à falta de vistoria/fiscalização efetivas – para todos os tipos de veículos. “Com motos isso é pior, coloca em risco a todos. Quando falamos de motos utilizadas para trabalho, qualquer investimento na moto impacta na renda desses condutores.
Criou-se um modelo de entregas de tudo, que é uma válvula de alívio na questão do desemprego, mas não formas de proporcionar acesso a novas motocicletas ou à manutenção. Sabe-se que, majoritariamente, as motos abaixo de 200 cc são utilizadas para serviços e, sem facilidades para mantê-las em bom estado, os acidentes acabam impactando muito nos serviços de saúde, na perda de mão de obra, na perda de vida de jovens. É uma conta muito alta.”
“Comecei transportando crianças para a escola há 23 anos, primeiro com ônibus. Depois de três anos, optei pela van, mais econômica e confortável. A minha Peugeot Boxer 2010 não é só meu instrumento de trabalho como a garantia de segurança para as crianças que transporto entre os bairros de Santa Cecília, Higienópolis, Barra Funda, Perdizes e Jardins.
É um trabalho de responsabilidade. Toda semana calibro os pneus e um borracheiro de confiança checa a existência de possíveis cortes e objetos perfurantes. Dirijo bem devagar, não faço arrancadas bruscas, o que também ajuda na durabilidade. Já tive pneus que duraram quatro anos.
“Sempre utilizo os originais, mais caros, mas mais resistentes. Como rodo muito, escolher os mais baratos não compensa: têm borracha mais mole, desgastam mais rápido e tenho que trocar mais vezes. Pesquiso preços, parcelo o pagamento e, se encontro diferenças pequenas, opto pelas lojas conhecidas que dão assistência.
É possível utilizar os reformados (que podem até durar mais que um novo), mas atualmente não vejo vantagem (R$ 350 contra R$ 520 de um novo). A cada dois meses, reviso a suspensão, muito prejudicada pelos buracos nas ruas. Se não há nenhuma intercorrência, a cada seis meses faço uma revisão completa para trocar as peças necessárias e deixar o carro nos trinques.”
“Sempre uso pneus originais mais caros, mas mais resistentes.”
Raquel Sanches Granja, 65 anos, é motorista de transporte escolar.
De acordo com Rodrigo Alonso, gerente sênior de vendas e marketing da Dunlop no Brasil, a calibragem, o alinhamento e o balanceamento são rotinas básicas e muito eficientes para a segurança do veículo.
Enquanto a calibragem garante a pressão correta dos pneus, o alinhamento é responsável pela estabilidade e a correção dos ângulos da suspensão e da direção do veículo – o que mantém o desgaste dos pneus uniforme, garantindo maior durabilidade. “Já o balanceamento equilibra o peso do conjunto de rodas e tem como objetivo eliminar as vibrações do volante e o consequente desgaste prematuro dos pneus”, explica.
BRIDGESTONE TURANZA T005: Desenvolvido para proporcionar maior controle e frenagem em condições adversas, sobretudo em pista molhada, o modelo oferece maior segurança e conforto na condução, seja na cidade, seja em estradas.
CONTINENTAL VANCONTACT TM AP : A banda de rodagem reforçada do VanContact TM AP oferece proteção adicional contra cortes, rasgos e penetração de pedras, combinando maior durabilidade com uma maior quilometragem e capacidade de carga.
DUNLOP EC300+: Conta com tecnologia sustentável – Sun System, pneus sem emendas nos componentes de borracha –, o que garante baixo consumo de combustível, além de oferecer conforto ao dirigir, maior durabilidade e melhor frenagem em todas as superfícies.
GOODYEAR CARGO MARATHON 2: Opção que tem cobertura de 90% nas vans e nos utilitários da frota nacional. Quando comparado ao modelo antecessor, o Cargo Marathon 2 é mais silencioso (5%), superior em dirigibilidade (5%) e melhor na aderência da frenagem em piso molhado (4%), oferecendo melhor experiência, maior conforto e segurança ao dirigir, além de melhora significativa na resistência ao rolamento (10%).
PIRELLI – DIABLO™: Os pneus esportivos para motos utilizam o mesmo composto SC2 dos modelos de corrida de pista seca para oferecer a aderência típica dos produtos de competição. Isso garante a robustez e a versatilidade necessárias na estrada.
• Calibrar os quatro pneus e o estepe semanalmente quando estiverem frios e conforme a pressão recomendada pelo fabricante do veículo (veja no manual do proprietário, na coluna da porta do motorista, na tampa do reservatório de gasolina ou na tampa do porta-malas). Nunca altere a pressão enquanto eles estiverem quentes devido à utilização, pois a pressão normalmente se altera devido ao aquecimento;
• Balancear as quatro rodas a cada 10 mil quilômetros, na troca de pneus e sempre que forem sentidas vibrações;
• Fazer o rodízio de pneus a cada 10 mil quilômetros, no máximo, ou de acordo com o manual do fabricante do veículo ou dos revendedores (pneus radiais: 8 mil quilômetros rodados; e veículos com pneus diagonais: a cada 5 mil quilômetros).