Bike SP: trocar ônibus por bicicleta pode ganhar créditos no Bilhete Único
Secretaria Municipal de Transportes (SMT) está retomando as discusões de projeto de lei aprovado nove anos atrás

Após oito anos em que deveria estar em vigor, o Bike SP pode finalmente sair do papel. O projeto busca incentivar o uso da bicicleta como meio de transporte mediante a créditos vinculados ao Bilhete Único. Apesar da sanção da lei ter ocorrido em 2017, o Bike SP entrou em fase de desenvolvimento apenas em 2025.
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Conforme a Secretaria Executiva de Mobilidade e Trânsito (Semtra), o Instituto de Matemática e Estatística da Universidade de São Paulo (IME-USP) realiza testes. Porém, apenas depois desta etapa a secretaria vai determinar os detalhes e parâmetros do Bike SP.
De acordo com o texto da lei assinada pelo prefeito da época Fernando Haddad (PT), o projeto vai conceder créditos a quem escolher se locomover de bicicleta em vez de outro automóvel e transporte coletivo. Esse crédito seria vinculado ao Bilhete Único. Dessa forma, o usuário poderia utilizar para pagar outros produtos e serviços vinculados ao poder público.
Entretanto, sem a regulamentação estabelecida, não é possível determinar exatamente como será a prática do projeto.
Bike SP: mais uma promessa?
Quando surgiu, o projeto de lei, de autoria do então vereador José Police Neto (PSD), pretendia melhorar a mobilidade urbana de São Paulo, promover saúde aos moradores e reduzir as emissões de gases de efeito estufa. Atualmente, Neto é subsecretário de Desenvolvimento Urbano do Estado de São Paulo.
Na época, os serviços de bicicletas compartilhadas e a micromobilidade individual estavam em alta no Brasil. Porém, com a pandemia de covid-19, muitos avanços se perderam e poucas iniciativas conseguiram se manter ativas.
Por isso, o perfil do usuário também mudou. Ou seja, uma parte significativa dos usuários de bikes como as da Tembici trabalha como entregador. Os impactos econômicos e de suprimentos também ajudaram a reduzir a quantidade de bicicletas disponíveis na cidade.
Apesar disso, a startup conseguiu um investimento de R$ 160 milhões do BNDES em 2023. Isso veio acompanhado de promessas de expansão da infraestrutura do sistema e bikes, inclusive de modelos elétricos.
Por outro lado, o aspecto que incentiva diretamente na adesão do uso de modais ativos são o alcance das ciclovias e segurança. Apesar de ter a maior malha cicloviária do Brasil, São Paulo falha ao cumprir metas de expansão necessárias a cidade. Sem o crescimento da infraestrutura, e consequentemente penetração da cultura, é difícil acreditar que haverá impacto. A população precisa ver vantagem em utilizar as bikes para os transportes diários.
Na última gestão da prefeitura, o prefeito Bruno Covas (PSDB) anunciou a meta de construir 300 novos quilômetros de ciclovias. Porém, Ricardo Nunes (MDB), que assumiu depois da metade do mandato, conseguiu cumprir apenas 16% do prometido, 49,7 km.
Após a reeleição, Nunes incluiu no Programa de Metas 2025/2028 atingir mil quilômetros de vias exclusivas para bicicletas. Ou seja, a prefeitura deve trabalhar para construir 233 km.
Enquanto a promessa é vista com entusiasmo por cicloativistas, ela ainda é tímida e pode ficar na promessa.
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