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Bondes da região central de SP estão voltando: conheça o projeto do novo VLT

Por: Patrícia Rodrigues . 31/01/2024
Mobilidade para quê?

Bondes da região central de SP estão voltando: conheça o projeto do novo VLT

Para especialista em mobilidade urbana, o modal só fará sentido se for tratado pelo Poder Público como ferramenta para requalificação urbanística da região

5 minutos, 51 segundos de leitura

31/01/2024

Por: Patrícia Rodrigues

Novo VLT do centro SP_ projeto conceitual da Prefeitura (Rua da Figueira) Foto PMS-SMUL
Projeto conceitual da Prefeitura simulando o VLT na Rua Figueira, no centro de São Paulo. Foto: Divulgação PMS/SLUL

Pelos planos da Prefeitura de São Paulo, os bondes da região central devem voltar a circular: em dezembro passado, o órgão recebeu a liberação de R$ 1,4 bilhão, por meio do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), do Governo Federal, para a implantação de um projeto de Veículo Leve Sobre Trilhos (VLT). A ideia é que ele articule bairros como Brás, Bom Retiro e Campos Elíseos, com meta de ser o primeiro movido a hidrogênio no Brasil.

Leia também: Obras no Minhocão: Prefeitura de São Paulo vai gastar mais de R$ 60 milhões

Batizado de Bonde São Paulo, o modal, que tem previsão de entrega para 2027, está em fase de trabalhos técnicos preliminares e de projetos funcionais feitos pela Secretaria Municipal de Urbanismo e Licenciamento (SMUL). O projeto está recebendo, também, outros estudos urbanísticos e serviços especializados pela SP Urbanismo, como parte do Plano de Requalificação Urbana com Desenvolvimento Orientado ao Transporte Sustentável.

Em 25 de janeiro, a Prefeitura anunciou a consulta pública para modal e outras ações para a revitalização da região, como a criação do primeiro Distrito Turístico Urbano do Brasil, a regulamentação da nova lei do Triângulo e Quadrilátero e a entrega de 190 apartamentos do Residencial João Octaviano Machado Neto.

Além da mobilidade

Sergio Avelleda, coordenador do Núcleo de Mobilidade Urbana do Laboratório Arq. Futuro de Cidades do Insper, enxerga potencial na iniciativa, mas com ressalvas.

“Será positivo se for embutido em um projeto maior, dentro de uma requalificação urbanística”, alerta. Para ele, mesmo sendo um transporte de média capacidade, bonito, moderno e atraente, que convida ao uso e valoriza os imóveis por onde passa, para funcionar como ferramenta para aumentar a atratividade urbana é preciso que o Poder Público adote outras medidas, em conjunto e de forma paralela.

Uma delas seria restringir a circulação de veículos privados e ampliar as ruas para pedestres onde estão os melhores pontos comerciais. “Além disso, remodelar o centro como um todo é ampliar a área para ciclistas, ocupar os espaços à noite, com atividades culturais e de lazer, incentivar o comércio de rua com quiosques, food trucks, ambulantes qualificados, ter a presença da Polícia Militar e da Guarda Civil Metropolitana, câmeras e conexão com o metrô. É ocupar as ruas como acontece com a Avenida Paulista”, analisa.

Moradia, vida noturna e segurança

Outra medida, de acordo com o especialista, é trazer pessoas para viver na região e usufruir desses locais de forma massiva, buscar recursos para requalificar imóveis, comprar terrenos para habitações de interesse social e beneficiar trabalhadores de regiões mais distantes.

“Tão importante quanto requalificar é torná-lo um bairro de moradia, para que as pessoas se sintam seguras caminhando em um lugar já privilegiado de transporte, com atividade econômica durante o dia e com vida à noite”, frisa.

Ele acredita que essas condições são essenciais para que a região se recomponha gradualmente. “Os problemas sociais [a Cracolândia e pessoas em situação de rua] existem porque há vácuo nesse espaço, que precisa acabar. Mas, para isso, o Poder Público precisa atuar para o enfrentamento dessas questões de forma muito holística, com tratamento humanizado.”

Em relação aos parques e espaços livres de relevância acessados pela obra, Avelleda também reconhece a necessidade de revitalizá-los de forma paralela, para que se tornem cartões de visitas. Além disso, a presença VLT não pode desestimular a mobilidade ativa.

A caminhabilidade, explica o especialista, é fundamental para dar segurança e vibração ao comércio, ao mesmo tempo em que diminui o uso de automóveis. “Não pode ser uma maquiagem, mas ser uma obra que venha a reboque de outras mais amplas, que resolvam os vários problemas estruturais da região”, finaliza.

Saiba também: Rua das Motos no Centro de SP passará por intervenção urbana em 2024

O que os estudos iniciais do VLT de SP contemplam:

  • 12 km servidos por duas linhas para conectar cinco terminais de ônibus, nove estações de metrô e duas estações da CPTM
  • Tarifa de R$ 2,20
  • Duas linhas se integrando na Av. São João (entre o Largo do Paiçandu e a Avenida Ipiranga), tendo, ao todo, 27 estações (13 em cada uma com uma conexão de embarque e desembarque)
  • Conexão entre os Terminais Dom Pedro II, Bandeira e Princesa Isabel
  • Conexão de espaços de interesse econômico e cultural (Mercado Municipal, Triângulo Histórico, Rua 25 de Março, Theatro Municipal, Sala São Paulo e Biblioteca Municipal Mário de Andrade)
  • Ampliação do acesso a parques e espaços livres (Vale do Anhangabaú, Parque da Luz, Largo do Paissandu, Largo do Arouche Praça da Sé, Praça Dr. João Mendes, Praça da República, Parque Dom Pedro II e Parque Minhocão).

Previsão de trajetos das linhas do Bonde São Paulo

Fonte: Associação dos Engenheiros e Arquitetos do Metrô.
  • A primeira linha (vermelha) seguirá pela São João até a Avenida Duque de Caxias, onde fará uma curva à direita no sentido da Estação Júlio Prestes (Linha 8-Diamante). De lá o VLT entrará no Bom Retiro pela Rua José Paulino e contornando o bairro pelas ruas do Areal, Solon, Matarazzo, Mamoré e Prates;
  • Logo em seguida, o VLT fará sua parada na estação Luz (linhas 11-Coral, 10-Turquesa, 4-Amarela e 1-Azul), tomando o caminho da Avenida Cásper Líbero, passando pela Rua Antônio de Godói até retornar ao Largo da Paiçandu;
  • A segunda (azul), tomando o mesmo ponto de partida, virará à esquerda na Avenida Ipiranga, com parada em frente à estação República (linhas 3-Vermelha e 4-Amarela), e contorno à esquerda na Rua da Consolação até a Praça Dom José Gaspar. Dali o VLT acessará os viadutos Nove de Julho e Jacareí e a Rua Maria Paula, próximo ao terminal de ônibus do Praça da Bandeira.
  • Mais à frente, a linha passará pelo Viaduto Dona Paulina, a Praça João Mendes e então acessará a Rua Anita Garibaldi, ao lado Praça da Sé (linhas 1-Azul e 3-Vermelha), no sentido Zona Leste. O VLT chegará à Avenida Rangel Pestana e o mapa sugere que poderá existir uma nova travessira sobre o Rio Tamanduateí.  Em seguida, a linha percorrerá a Rua da Figueira e as avenidas Mercúrio e Senador Queirós.
  • O VLT entrará na Avenida Prestes Maria sentido o Vale do Anhangabaú, passando em frente à estação São Bento (Linha 1-Azul e no futuro também a Linha 19-Celeste). Por fim, o veículo pegará o trecho inicial da Avenida São João, voltando a se encontrar com a outra linha.

Fonte: CPTM

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