Neve, água, lama, terra, asfalto… BRP produz diversão em qualquer superfície

Lançado há dois anos na América do Norte, o pontoon Switch é uma espécie de ‘sala de estar’ sobre a água, devido à plataforma plana; vendas começam em outubro. Foto: Divulgação

20/09/2023 - Tempo de leitura: 5 minutos, 6 segundos

Independentemente do tipo de superfície, seja ela líquida ou sólida, congelada ou quente, a BRP tem um veículo específico para cada tipo de uso. São quadriciclos e UTVs para trilhas, motos aquáticas, motos para neve, triciclos para asfalto e, a partir de agora, barcos.

Mais conhecida no Brasil pelas marcas Sea-Doo (motos aquáticas) e Can-Am (triciclos), a empresa, que nasceu em 1942, no Canadá está lançando na 26ª edição do São Paulo Boat Show – que abre as portas nesta quinta-feira, 21, no São Paulo Expo – o Switch, dois anos após sua estreia na América do Norte.

Trata-se de um tipo de embarcação conhecido como pontoon. De acordo com o diretor da BRP para a América Latina, Roberto Bruder, o modelo é uma espécie de “sala de estar” sobre as águas.

Segundo ele, diferentemente de uma lancha, que tem casco em “V” e assentos voltados para a frente, no pontoon os passageiros ficam de frente para os outros, nas laterais, o que favorece a integração.

O modelo estará à venda a partir de outubro, em duas versões. A de 18 pés tem preço inicial de R$ 399.990, enquanto a de 21 pés começa em R$ 464.990. Uma das maiores novidades da marca, no entanto, não estará no salão náutico.

A empresa planeja para o fim do ano que vem o lançamento da inédita moto elétrica Can-Am. Bruder não confirma se o modelo terá produção local, mas não afasta a possibilidade. “No Brasil, os impostos são muito altos para quem não produz localmente”, diz.

Por essa razão, embora atualmente toda a linha da empresa seja importada, a moto elétrica pode marcar a nacionalização da produção.

A possibilidade ganha força devido ao peso do mercado brasileiro. “O Brasil é o País do momento para a BRP na América Latina”, garante o executivo, que vê com otimismo o crescimento do mercado, e enxerga o Brasil como “um país muito náutico”.

Embora não divulgue número de vendas, ele garante que o País está em 3º lugar em vendas de motos aquáticas, atrás apenas de Estados Unidos e Canadá. “No País, somos mais fortes em motos aquáticas do que nos modelos para fora de estrada (quadriciclos e UTVs)”, afirma.

Ele diz que as vendas, que já vinham crescendo nos últimos anos, estão 72% maiores este ano, em relação ao ano passado. Parte do aquecimento é creditado, segundo Bruder, a uma demanda reprimida motivada pela falta de produtos na época da pandemia, devido à escassez de suprimentos.

A moto elétrica Can-Am deve ser lançada no fim do ano que vem, e pode se tornar o primeiro produto nacional da marca: ‘No Brasil, os impostos são muito altos para quem não produz moto localmente’, diz Brude. Divulgação BRP

Crescimento durante a pandemia

A crise sanitária teve reflexo positivo nas vendas da empresa, causada por algo que o executivo define como “staycation“, mistura de “stay” (ficar) e “vacation” (férias). Ou seja, como não era possível viajar, o dinheiro que seria gasto no exterior foi para o mercado de recreação. Segundo Bruder, durante a pandemia houve forte crescimento em toda a América Latina. No Brasil, ele informa que 40% das vendas foram para novos clientes.

Para suportar esse crescimento, a empresa planeja expandir o número de concessionárias no Brasil, com a abertura de mais 15 a 20 lojas nos próximos três anos, especialmente de olho na demanda pela linha off-road, voltada para o trabalho na área agropecuária. Atualmente, a marca tem 72 concessionárias espalhadas por todas as capitais e nas principais cidades litorâneas do País.

Sem citar números, Bruder garante que no segmento de motos aquáticas a Sea-Doo domina amplamente o mercado nacional. Segundo ele, a Yamaha ocupa a segunda posição e a Kawasaki vem em terceiro, apesar de a marca japonesa produzir o modelo que se tornou sinônimo de moto aquática (Jet Ski). Mas Bruder não se incomoda em não poder usar o nome “jet ski” para seus produtos: “Se uma empresa concorrente conseguisse superar as vendas da Bombril, sua palha de aço ainda assim continuaria a ser chamada de Bombril”, compara. E acrescenta que no Brasil a BRP chama a moto aquática de “jet”, diferentemente dos EUA, onede o produto é conhecido como “ski”.

Empresas nasceu de uma necessidade

De acordo com o executivo, a BRP nasceu de uma necessidade. Ele diz que Joseph-Armand Bombardier, morador de uma zona rural de Quebec, no Canadá, precisava levar o filho ao hospital e estava com dificuldades, devido à neve no caminho. Diante disso, ele acabou desenvolvendo um veículo que se movia sobre esteiras.

Foi aí que nasceu a moto para neve. A empresa surgiu em 1942, e até hoje seu símbolo é uma engrenagem, a peça utilizada para movimentar a esteira. As motos para neve foram batizadas de Ski-Doo. Depois disso vieram os modelos para água (Sea-Doo), motos para prática de motocross, quadriciclos e UTVs, para uso off-road.

Atualmente, a BRP desenvolve esforços em duas frentes no Brasil: junto à Secretaria Nacional de Trânsito (Senatran) e por meio da Abeifa (associação das importadoras e fabricantes de veículos), ela busca regulamentar o uso dos veículos off-road não só para trilhas, mas também fora delas, em vias não pavimentadas e estradas secundárias.

Além disso, para fomentar o turismo, faz um trabalho com a Marinha para permitir que estrangeiros em visita ao País possam utilizar motos aquáticas sem a necessidade de ter a habilitação de arrais (o equivalente náutico da CNH).

De acordo com Bruder, a intenção é desenvolver um curso rápido que permita ao visitante conduzir a moto aquática em um turismo guiado, com uma licença temporária. Segundo Bruder, a ideia seria replicar aqui o que existe em outras partes do mundo.