Brasil está pronto para ter carros totalmente autônomos?

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Brasil está pronto para ter carros totalmente autônomos?

Por: . 25/02/2025
Mobilidade para quê?

Brasil está pronto para ter carros totalmente autônomos?

A automação pode reduzir as fatalidades e salvar 1,19 milhão de vidas perdidas por ano no trânsito, segundo o Relatório de Segurança Viária da Organização Mundial da Saúde (OMS))

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25/02/2025

carros autônomos
Conforme o nível da automação do veículoaumenta, cresce a quantidade de tecnologias embarcadas e treinadas em situações simuladas de trânsito. Foto: Adobe Stock

Há alguns anos muitos apontavam que os carros do futuro seriam conectados, eletrificados e autônomos. Sim, os carros estão cada vez mais conectados e a eletrificação é adotada por muitas montadoras, que oferecem veículos movidos por energia elétrica ou híbridos. Mas e os carros que dirigem sozinhos, quando eles devem chegar?

Muitos podem argumentar que eles já estão entre nós, pois veículos da empresa Waymo, popularmente chamados de “robotáxis”, já fazem corridas nos Estados Unidos. A experiência da empresa fornece lições para as montadoras e desenvolvedores, que podem avaliar qual a tecnologia embarcada, o tipo de conexão necessária quando os táxis precisam se comunicar com a central, outros dispositivos ou máquinas e até bugs que geraram, em casos passados, paralisações de vias públicas.

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Carros autônomos: problemas legais e estruturais

O processo que ocorre nos Estados Unidos pode ajudar a conhecer os desafios que precisam ser superados, sejam eles legais ou estruturais. A Waymo é uma empresa e qualquer acidente causado pelos veículos é sua responsabilidade. No caso de veículos que pertencem a uma pessoa física quem seria o responsável? A montadora, a empresa que desenvolve o software, a inteligência artificial ou o proprietário?

No aspecto jurídico, desde meados de 2023 tramita na Câmara dos Deputados o Projeto de Lei 1.317 de 2023, que altera a Lei 9.503, que institui o Código de Trânsito Brasileiro, para regulamentar os veículos autônomos terrestres. O texto do PL sugere que a responsabilidade por acidentes ou infrações seja solidária ou exclusiva entre o fabricante ou seu representante no Brasil e o proprietário, ou condutor, conforme o caso. A proposta também estipula que os veículos autônomos somente poderão circular providos de seguro contra acidentes.

Além da questão jurídica, há também a infraestrutura. Para que os sistemas de suporte ao motorista – chamados Adas (Advanced Driver-Assistance System) funcionem adequadamente, as vias precisam ter estrutura adequada. O Adas reúne tecnologias de condução semiautônoma para auxiliar o motorista. Estas tecnologias compõem o chamado nível de automação 2, funcionam com base em sensores, radares, câmeras e incluem o controle de cruzeiro adaptativo, frenagem automática, alerta de mudança de faixa, e até o park assist, mas com o controle de aceleração e a frenagem sob responsabilidade do motorista.

Para os sistemas Adas funcionarem adequadamente, além do trabalho das montadoras, empresas de tecnologia e certificadoras, que precisam realizar testes dentro das condições para as quais as tecnologias foram desenvolvidas, existem outros fatores como a condição das vias, calçadas e a área de cobertura da conexão 5G.

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Carros autônomos: automação e responsabilidades

O nível de automação de um veículo vai de 0 a 5. No nível 2, o veículo roda sem a intervenção humana por alguns segundos, mas a monitoração do ambiente e o controle em caso de emergência são feitos pelo motorista. No nível 3, o monitoramento do ambiente é feito pelo veículo e apenas o controle em caso de emergência pelo condutor humano. Já nos níveis 4 e 5, o controle em caso de emergência também passa a ser responsabilidade do veículo, a diferença é que no nível 4 a ação do motorista pode ser opcional em situações determinadas e no nível 5 as pessoas são apenas passageiras.

Conforme o nível da automação aumenta, cresce a quantidade de tecnologias embarcadas e treinadas em situações simuladas de trânsito. E simular todas as possibilidades de situações inusitadas não é simples. O trânsito não é composto apenas por veículos que trafegam em vias sinalizadas e com motoristas que seguem as leis. Muitas vias têm buracos, placas não recebem manutenção e após uma forte chuva muitos semáforos deixam de funcionar.

A automação pode reduzir as fatalidades e salvar 1,19 milhão de vidas perdidas por ano no trânsito, segundo o Relatório de Segurança Viária da Organização Mundial de Saúde (OMS). A automação é ainda mais importante no Brasil, onde as mortes no trânsito têm apresentado uma tendência de elevação e subiram de 32 mil, em 2019, para 34 mil, em 2022, segundo o Sistema de Informações de Mortalidade do Ministério da Saúde.

A jornada no desenvolvimento do carro autônomo pode estar levando um tempo maior do que muitos previam. Mas tem permitido o acesso a novas tecnologias Adas que já ajudam o condutor. No entanto, mesmo que possamos desfrutar do nível 5 de automação, agentes públicos, empresas e pessoas ainda precisam estar cientes de que elas são responsáveis para a segurança no trânsito.  

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Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião do Estadão

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