À primeira vista parece um canteiro normal, mas um jardim de chuva vai além de florir o cenário urbano. A função dele é minimizar os impactos de enchentes e alagamentos, porque deixa o solo mais permeável.
Enchentes são um transtorno já bem conhecido dos paulistanos. Basta uma precipitação para alguma região da cidade alagar e causar problemas do tipo: pessoas e veículos ilhados, transporte público paralisado ou funcionando parcialmente e congestionamentos. Nessas situações, nossa mobilidade fica totalmente comprometida.
O jardim de chuva é capaz de minimizar esses estorvos causados pela pavimentação urbana, porque absorve o escoamento da água da chuva que flui de telhados, pátios, gramados, calçadas e ruas e retém a água em 12h até 48h. Em comparação com um gramado convencional, ele permite que 30% mais água penetre no solo.
De acordo com a Secretaria Municipal de Subprefeituras, há 210 unidades na cidade de São Paulo e a previsão é entregar 400 jardins até o final de 2024. Os jardins estão distribuídos nas zonas norte, sul, leste, oeste e centro. Entre os distritos contemplados estão Aricanduva, Butantã, Capela do Socorro, Cidade Tiradentes, Ipiranga, Lapa, Penha, Pinheiros, Santana/ Tucuruvi, Sé, Casa Verde/Cachoeirinha, Ermelino Matarazzo e Vila Mariana.
No projeto desse “jardim esponja” são removidos cerca de 20 cm a 30 cm de solo, que é preparado para aumentar a infiltração de água. A localização da construção costuma ser na parte inferior de um declive, para coletar o escoamento do gramado, telhado e entrada de automóveis.
O jardim também filtra a água da chuva. Isso porque, ao chover, a água pode escorrer de telhados ou calçadas e coletar partículas de sujeira, fertilizantes, produtos químicos, óleo, lixo e bactérias. Essa água carregada de poluentes entra nos bueiros sem tratamento e flui para rios e córregos. Já ao passar pelo jardim de chuva, a água é filtrada pela vegetação antes de seguir para uma rede de drenagem subterrânea.
O momento ideal para construir um jardim de chuva é quando o solo está seco o suficiente para ser trabalhado. A recomendação é que isso seja feito no início da primavera ou início do outono, para que as plantas se assentem melhor.
A preferência é por plantas locais no jardim, que vivem em sintonia com o ambiente e, por isso, vão responder melhor às mudanças climáticas e aos parasitas. Ou seja, são mais resistentes. Além disso, quanto mais plantas e mais espécies diversas, melhor. Porque elas variam seu desempenho conforme as mudanças climáticas das estações. Nenhum fertilizante é necessário e, após o primeiro ano, a manutenção geralmente é mínima.