CPTM Serviços: conheça novo braço da empresa paulista
Presidente da CPTM, Michael Sotelo Cerqueira, contou ao Mobilidade Estadão os novos rumos da empresa e detalhes de contratos já firmados nessa nova fase

Em outubro de 2024, a Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) anunciou a criação da CPTM Serviços, um braço voltado a atender o mercado. Conforme a empresa pública, o mercado passa a ter acesso a serviços relacionados à mobilidade metroferroviária, seja no âmbito financeiro, operacional, jurídico, comunicação, entre outros.
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Atualmente, a CPTM ainda opera cinco linhas na região metropolitana de São Paulo. Porém, os leilões de três delas já ocorreram. Há uma relação implícita entre os anúncios das concessões e CPTM Serviços. Entretanto, o presidente diretor da empresa, Michael Sotelo Cerqueira, defendeu as medidas como independentes.
“Esse olhar de explorar novos mercados e novas linhas de receita é um olhar perene e antigo das duas corporações já há bastante tempo”, afirma Sotelo. “A diferença é que ela veio se materializando e amadureceu a ponto da gente ter condição efetiva de fazer isso de forma mais estruturada a partir do último trimestre de 2024”, defende o presidente diretor.
Afinal, o que é a CPTM Serviços?
A CPTM Serviço é um novo braço da própria CPTM. Conforme Sotelo, essa frente da empresa está voltada a oferecer serviços para o mercado, seja privado ou público. “A ideia é que você tenha um aproveitamento desse conhecimento, desse know-how e com isso a gente possa customizar serviços que normalmente não são disponíveis no mercado”, explica o presidente-diretor.
Essa experiência é bicentenária, já que a CPTM herdou linhas do período imperial. Portanto, o diretor defende que o novo braço serve para aproveitar os talentos e conhecimentos dentro da empresa para ter uma nova linha de receita.
Apesar de ter sido implementada no fim de 2024, a ideia começou a ser desenhada em 2018. “Lá atrás no governo, tomamos uma decisão de reestruturar as empresas e criar as diretorias comerciais”, conta.
Além de oferecer serviços ao mercado, a nova abordagem da CPTM também poderá firmar parcerias e entrar em futuras concessões, explicou Sotelo. “A gente pode ser contratado por dispensa (sem licitação), pela natureza pública”, diz sobre a vantagem estratégica da CPTM Serviços.
Quais serviços pode oferecer?
De acordo com a CPTM, os serviços são:
- consultoria;
- ativos ferroviários e simuladores de trens;
- treinamentos;
- gestão de projetos e contratos;
- melhorias de processos;
- projetos de mídia e varejo;
- turismo ferroviário;
- além de pesquisas, modelagem econômico-financeira de projetos e implantação de obras e sistemas.
A CPTM, referência na área, também poderá oferecer serviços de projetos e BIM (Building Information Modeling). Além disso, estratégias de marketing e comunicação; governança; planejamento empresarial e urbano e meios de pagamento.
Sotelo ainda afirma que a CPTM Serviços consegue personalizar soluções com base nas demandas do mercado.
Como funciona atualmente a CPTM Serviços?
Para vender seus serviços, o novo braço da CPTM destacou uma equipe de cerca de cinco pessoas para atuar nisso. Portanto, esses representantes vão ao mercado buscar oportunidades. Quando um acordo está firmado, o corpo técnico da empresa é acionado e atua naquele produto.
Porém, o diretor-presidente reforça que os focos da CPTM estão nas linhas operacionalizadas por ela.
Sem as concessões, a CPTM vai acabar?
Com os já realizados leilões das linhas 7-Rubi, 11-Coral, 12-Safira e 13-Jade, apenas a linha 10-Turquesa segue sob o guarda-chuva da CPTM. Mas esta já teve leilão anunciado. Nos próximos anos, as linhas passam oficialmente para a iniciativa privada e a CPTM ficará sem operações.
Questionado sobre os próximos anos da empresa, Sotelo disse que não pode falar sobre o futuro, pois muitas coisas podem ocorrer. “Se num momento futuro a gente não for mais operador, se a linha 10 de fato for concedida, a CPTM será um agente estruturador de projetos e consultor”, diz o diretor-presidente.
“Hoje nossa principal foco continua sendo a operação e a prestação de serviço de mobilidade, sem perder de vista a possibilidade de expandir essa receita”, reforça.
Contrato com o governo do RJ
O primeiro contrato da CPTM Serviços foi firmado com a Central Logística, vinculada à Secretaria de Transporte e Mobilidade Urbana do Estado do Rio de Janeiro (SETRAM). Neste caso, a CPTM realizou estudos técnicos e censurou custos para operação, manutenção e estabilização do sistema ferroviário de transporte de passageiros do RJ.
Devido às similaridades das estruturas ferroviárias de São Paulo e do Rio de Janeiro, a CPTM pode traçar paralelos e oferecer um produto que vai munir a gestão do Estado na hora de tomar decisões. Esse estudo vem no momento em que a concessão, atualmente da Supervia, está em fase de reestruturação.
“Nosso papel enquanto consultor foi montar, mudar a estrutura, demonstrar essa composição, fazer uma análise preliminar do que poderia ser, para a tomada de decisão deles”, explica Sotelo.
O preço total proposto para a realização da consultoria foi de R$ 2.496.043,72.
América Latina e África no horizonte
Nessa nova fase da CPTM, um dos focos é conquistar parceiros pelo Brasil, oferecendo soluções personalizadas e consultoria. Porém, Sotelo enxerga potencial em toda a América Latina e no continente africano.
“Nosso alvo principal vai ser América Latina por vários motivos, pela proximidade, pela similaridade, por questões mais bestas e óbvias que é fuso horário e a própria forma de pensar e de encarar determinadas coisas”, explica o diretor. Ele ainda contou que foi ofertado para a CPTM operar uma linha em um país africano. Mas as dificuldades logísticas e por decisão estratégica, a empresa pública recusou.
“Uma decisão muito grande e muito estratégica, não podemos simplesmente tomar assim do dia para noite sem um olhar mais profundo”, explica Sotelo. “Em razão disso recuamos um pouco, fizemos outra proposta na linha de apoiar no desenvolvimento de um operador local de procedimentos”, conta.
Durante a entrevista, Michael Sotelo ainda que está criando uma frente de inovação e pesquisa. A CPTM assinou uma parceria com o Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) e está prestes a fazer o mesmo com o Parque Tecnológico de São José dos Campos.
A ideia é transformar a CPTM não apenas em uma consultora, mas em uma empresa que cria e testa inovações. No futuro, haverá a comercialização dessas novas soluções, fortalecendo as novas linhas de negócios da empresa.
Sotelo acredita que a principal dificuldade para empresas que inovam é justamente fazer o teste em campo. Porém, existem dificuldades de infraestrutura para isso. “Eu tenho a outra ponta desse negócio para oferecer, temos um campo extremamente fértil para testar tecnologias e soluções e pôr a prova de fato se aquilo tá no caminho certo ou não”, afirma Sotelo.
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