Zona oeste tem mais exposição a carbono negro em São Paulo, revela mapa de poluição
Pesquisadores da USP avaliaram dados de emissão de carbono produzidos por ônibus, carros e metrô
Em comparação com outras regiões da cidade de São Paulo, a zona oeste é a que mais está exposta a gases poluentes emitidos por veículos. O resultado é fruto do projeto de pesquisadores do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas (IAG) e da Faculdade de Saúde Pública (FSP) da Universidade de São Paulo (USP). O grupo desenvolve um mapa de poluição em que rastreia as regiões da cidade e os níveis de emissão de carbono negro em cada uma delas.
De acordo com os dados coletados pelo mapa de poluição, a zona oeste tem cerca de 10 ug/m³ espalhados no ar. As regiões norte e sul apresentaram cerca de 8 ug/m³ de concentração de carbono negro, e a zona leste, 7 ug/m³. O termo carbono negro é utilizado para designar os gases emitidos na combustão de combustíveis fósseis.
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Com dados de equipamentos portáteis, os pesquisadores puderam medir os poluentes no ar, comparando a emissão de ônibus, carro particular e metrô. De acordo com Thiago Nogueira, professor da FSP da USP, os pesquisadores também utilizaram dados de GPS para poder fazer o georreferenciamento da poluição.
“Nós queríamos comparar os modos de transporte (metrô, ônibus e carro), então, no caso do metrô, utilizamos a rota que a linha faz: na zona sul, saindo de Jabaquara, por exemplo”, explica. Para os outros veículos, os pesquisadores buscaram rotas semelhantes, que passassem nos pontos mais próximos à rota do metrô.
Veículos no mapa de poluição
Em se tratando dos veículos, os resultados mostraram que há uma maior concentração de carbono negro nos corredores de ônibus e dentro do transporte público. “Essas concentrações eram mais altas dentro do ônibus e dentro de carros em locais em que se tinha corredores de ônibus”, afirma.
“Em São Paulo, pelo menos nas rotas selecionadas, grande parte desses corredores estavam localizados na zona oeste, observando maior poluição na região”, explica. Conforme registrado no mapa, os ônibus concentravam, aproximadamente, 11 ug/m³ desses poluentes. Os carros privados e o metrô reuniam, respectivamente, 8 ug/m³ e 5 ug/m³.
Apesar do resultado da poluição dos ônibus, Nogueira alerta para a modalidade de transporte ao comparar ônibus e carros privados. “Os ônibus rodam com diesel e o diesel é um poluente em potencial maior do que o carro movido a gasolina, mas os ônibus têm um poder de transporte de massa muito maior, então, apesar de emitir mais individualmente, ele acaba conseguindo transportar mais pessoas”, explica.
Em veículos particulares, as concentrações de carbono negro foram maiores em semáforos. “Essas condições de trânsito [como] de engarrafamento, fez com que essas concentrações fossem maiores”, afirma. De acordo com Nogueira, a preocupação com a concentração de partículas poluentes também se estende para dentro dos veículos.
Para controlar essa circulação, além de priorizar combustíveis renováveis e menos poluentes, o pesquisador enfatiza mudanças que podem acontecer no trânsito e nos veículos. “Para isso, teria que se pensar em formas de que a porta não ficasse tanto tempo aberta, que o ponto de parada [dos ônibus] não fosse tão próximo do ponto de parada do veículo da outra faixa”, sugere.
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