VLT no Centro de SP cortaria emissão de 88,6 toneladas de CO² por dia, diz estudo
Estimativa de redução das emissões de CO² foi divulgada no estudo urbanístico do projeto, uma das etapas exigidas até a licitação

A implementação do VLT no Centro de São Paulo pode impedir a emissão de 88,6 toneladas de CO² na atmosfera por dia, considerando a substituição dos ônibus que circulam na região pelo novo modal. É o que aponta o estudo divulgado recentemente pela SP Urbanismo, como parte de uma das etapas prévias até a licitação.
A gestão municipal aposta na retomada dos “bondes” na região histórica do Centro da capital paulista como “um dos principais instrumentos para a requalificação da região”. Nesse sentido, o documento menciona especificamente o Triângulo Histórico, onde se situam os principais prédios históricos da cidade, entre eles o Largo São Bento, Pateo do Collegio e Largo São Francisco, além da região da Luz.
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Menor emissão de CO²
O estudo considerou um cenário no qual todas as linhas de ônibus que circulam até 500 metros das futuras estações do VLT seriam substituídas. Contudo, não é o que vai acontecer necessariamente. Assim, não há previsão de quantas linhas serão suprimidas com o novo modal, uma decisão que caberá à própria Prefeitura.
Pedro Fernandes, presidente da SP Urbanismo, considera conservador o número divulgado de redução da emissão de CO². Isso porque não considera a redução da emissão por carros e motos que deixarão de circular. Nesse sentido, Fernandes afirma que a estimativa é que o VLT tire 11 mil carros e motos por dia daquela região.
O transporte sobre trilhos polui aproximadamente 20 vezes menos que o transporte sob pneus, afirma Ana Patrizia Lira, diretora executiva da ANPTrilhos. “São muitos benefícios. Você ganha mais viagens mais rápidas, mais regulares, é mais sustentável, há menos acidentes de trânsito”, entre outros aspectos.
Em todas as vias com pelo menos 8 mil passageiros por hora no mesmo sentido, o VLT é altamente recomendado, afirma Lira. Além de oferecer o novo modal mais atrativo, ela sugere que o poder público estipule medidas de desestimulo ao transporte individual, como pedágios urbanos e a cobrança pelo estacionamento na rua.
Sibipiruna e Jequitibá
O projeto, ainda em fase de estudos, prevê a criação de duas linhas circulares com 6 km de extensão cada, onde atualmente estão pistas de automóveis. A Linha Sibipiruna (Azul) terá sentido único e vai atender o Triângulo Histórico.
Já a Linha Jequitibá (Vermelha) tem dois sentidos e passará pelos bairros do Bom Retiro, Campos Elíseos e Santa Cecília. As duas terão um ponto de conexão no Largo do Paissandú. Veja abaixo o mapa da rede.

O veículo elétrico terá velocidade baixa, em torno de 18 km por hora. Ele será semiautônomo, monitorado por uma central de controle, mas com presença de um operador dentro do trem, com poder de acelerar ou desacelerar, priorizando a segurança.
Além disso, haverá uma coordenação com os semáforos, favorecendo o transporte público em relação aos automóveis individuais.
O VLT terá integração com as seguintes estações e terminais:
- Cinco terminais de ônibus: Dom Pedro e Mercado, que vão se fundir, Princesa Isabel, Bandeira e Amaral Gurgel.
- Duas estações de CPTM: Luz e Júlio Prestes
- Nove estações de Metrô: Luz, República, Anhangabaú, São Bento, Pedro II, Sé, Santa Cecília, Júlio Prestes e Tiradentes.
- BRT da Radial Leste e com a futura linha Celeste do Metrô.

Revitalização do Centro
Segundo Fernandes, criar um microclima mais agradável, tornar o Centro mais habitável e atrair 220 mil novos moradores é um objetivo da atual gestão municipal. O projeto do VLT seria parte desse objetivo.
“Não é e não pode ser a única resposta [para esses problemas], mas é uma resposta muito importante”, explica, citando outras políticas como o programa Todos Pelo Centro e a arrecadação de outorga onerosa no setor central da cidade.
Início em 2026
Fernandes afirma que todas as etapas necessárias para chegar à licitação tem entrega prevista para este ano, inclusive o processo participativo.
A partir da licitação, a duração da obra seria em torno de 30 meses, considerando as experiências do Rio de Janeiro e Santos.
Até o momento, a Prefeitura não identificou necessidade de desapropriações ou demolição de edificações para instalação dos trilhos. Porém, existem trechos onde mudanças nas vias serão necessárias para atender o raio mínimo de curva do trem, como será o caso da Ipiranga com a Consolação.
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