Eletromobilidade urbana cresce com articulação de empresas

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Eletromobilidade urbana cresce no País com articulação de várias empresas

Por: Mário Sérgio Venditti . Há 1 min
Mobilidade para quê?

Eletromobilidade urbana cresce no País com articulação de várias empresas

Aliança pela Mobilidade Sustentável completa três anos com investimentos em transporte por aplicativo, infraestrutura de recarga e financiamento

6 minutos, 54 segundos de leitura

01/07/2025

Eletromobilidade carro 99
Aliança facilitou a aquisição de carros elétricos, como o BYD D1 usado pelos motoristas de aplicativo, com financiamento a juros menores. Foto: Divulgação/99

A eletromobilidade brasileira apresenta dados robustos de crescimento, como a venda de 71.300 veículos eletrificados de janeiro a maio, ou seja, 9,9% a mais em comparação ao mesmo período do ano passado, segundo levantamento da Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE).

Um pilar primordial para expansão da eletromobilidade no País é o envolvimento de várias empresas dispostas a atuar na transição energética automotiva. Uma das iniciativas mais importantes nesse sentido é a Aliança pela Mobilidade Sustentável, criada pela 99 em 2022.

“A aceleração da eletromobilidade urbana está maior do que imaginávamos”, afirma Thiago Hipolito, diretor de inovação da 99 e um dos idealizadores da Aliança que, atualmente, reúne 23 empresas de diversos segmentos (veja abaixo).

Em três anos, foram investidos R$ 332 milhões em ações como crédito para aquisição de carros elétricos, estimulada por linhas de financiamento com juros até 15% menores aos aplicados a veículos a combustão, e capilarização da infraestrutura de recarga.

Fundada em 2012, a 99 originalmente prestava serviços de transporte por aplicativo, no momento em que havia déficit na oferta de táxis nos grandes centros urbanos. Com o tempo, tornou-se uma empresa de tecnologia e soluções para a mobilidade e, em janeiro de 2018, foi adquirida pela Di Chuxing (DiDi), corporação chinesa com a maior frota eletrificada do setor de mobilidade por aplicativo no mundo. Todos os automóveis novos registrados na plataforma da DiDi são movidos a bateria.

O trabalho da DiDi, que buscou parceiros engajados na eletrificação local, inspirou o surgimento da Aliança pela Mobilidade Sustentável no Brasil. “Aqui existe uma vantagem: o custo operacional do carro elétrico na China é 40% menor em relação ao modelo a combustão. No Brasil, essa economia chega a 80%, incluindo reabastecimento e manutenção”, revela Hipolito.

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Papel de liderança no crescimento da eletromobilidade

A 99 queria formatar algo inovador, que melhorasse o custo-benefício do profissional de aplicativo no ecossistema da mobilidade urbana. No primeiro momento, ela adquiriu 70 carros elétricos que foram repassados aos motoristas parceiros.

“Vimos que não seria possível levar adiante uma ideia tão grandiosa sozinhos. Então, o segundo passo foi incorporar empresas interessadas em empreender na eletromobilidade”, diz. “Na China, a DiDi precisou de muito mais dinheiro para sair da inércia e resolver a equação aumento de carros elétricos nas ruas versus infraestrutura de recarga.”

O executivo lembra que o modelo de negócio inicial B2B (transações de empresa para empresa) envolveu companhias de locação, representantes de marcas de motos elétricas e vendas para motoristas, contribuindo para a escalabilidade das ações da recém-criada coalização. 

A coordenação da Aliança é liderada pela 99 e está estruturada em grupos de trabalho temáticos, que atuam em conjunto com entidades públicas e privadas para estimular a eletromobilidade e a descarbonização no País.

Atualmente, a plataforma da 99 possui um milhão de motoristas ativos no Brasil. Entre eles, 17 mil dirigem veículos eletrificados. Até o fim de 2025, a meta é alcançar 20 mil, esforço que exigirá aporte de R$ 180 milhões. Na esteira da Aliança, a 99 lançou, no ano passado, a 99electric-Pro, categoria dedicada exclusivamente a carros eletrificados, com foco em São Paulo (SP) e Brasília (DF).

Nela, o passageiro paga de 15% a 20% a mais pela corrida, em comparação ao 99Plus, e 60% acima do 99Pop. O rendimento do motorista por viagem é 60% superior do que no 99Pop. Agora, a 99 prepara a estreia da nova categoria em outras cinco cidades até 2026. “Em 2025, certamente vamos incorporar mais um município”, garante.

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Eletromobilide possibilita renda extra a motoristas

De acordo com os cálculos da 99, o motorista que dirige 6 mil quilômetros por mês gasta R$ 3 mil de combustível em um automóvel com motor tradicional. No elétrico, desembolsa de R$ 800 a R$ 1.000 com a recarga elétrica. Profissionais entrevistados pela empresa que encabeça a Aliança disseram que empregam o dinheiro extra para matricular os filhos em uma escola melhor, tirar férias ou reformar a casa.

“A Aliança ajudou a construir um ecossistema para viabilizar a mobilidade urbana, com benefícios ambientais, operacionais e ganho de renda ao motorista no final do mês, na medida em que ele economiza 80% com combustível ao migrar para os veículos elétricos”, destaca.

A capacidade do motorista de comprar o veículo elétrico é um ponto de inflexão em tempos de eletromobilidade. A instituição financeira que integra a Aliança concede o financiamento para a negociação com a ajuda das informações passadas pela 99, que consegue traçar o perfil dos condutores, mitigando eventuais riscos financeiros.

Para Hipolito, um das barreiras na atuação da Aliança são os preços dos modelos elétricos vendidos no Brasil. “Embora os valores tenham caído com a chegada de algumas marcas, o automóvel ainda é caro”, explica. “Mas a perspectiva é positiva, porque algumas montadoras pretendem produzir no Brasil.”

A Aliança também estabelece como meta elevar os pontos de recarga no País de quase 15 mil atuais para 20 mil até o fim do ano. “O que precisamos não é, necessariamente, da quantidade absoluta de eletropostos, mas sim de alta potência dos equipamentos. Não adianta oferecer um conexão que vai demorar 10 horas para recarregar a bateria. O motorista precisa de agilidade”, completa. 

Para Paulo Henrique “PH” Andrade, CEO da IturanMob, “a Aliança foi e é um dos projetos mais influentes de mobilidade e ESG do Brasil”. Segundo ele, foi possível aumentar de forma significativa a renda de um motorista de aplicativo em até 40%. “Ele deixou de gastar grande parte da sua renda com combustível, sem contar que esse ajuntamento converteu uma melhor condição de crédito, carro mais barato e tecnologia em mobilidade verde”, acrescenta “PH”.

Aliança pela Mobilidade Sustentável
Criação
: 2022
Empresas participantes: 99, BYD, IturanMob, Mercado Livre, BV, Santander, Caoa Chery, Movida, Unidas, Raízen, Enel X, EZ Volt, Tupi Mobilidade, Vibra, Zletric, Dahruj, Rent a Car, 99Moto, iFood, Osten, Vammo, Riba e AYA Earth Partners 

Investimentos: R$ 332 milhões
15 mil veículos eletrificados usados por motoristas parceiros da 99
15 mil pontos de recarga espalhados no Brasil
18 milhões de viagens realizadas em carros eletrificados
27 milhões de passageiros transportados com carros eletrificados
225 milhões de quilômetros rodados com os carros eletrificados
18,5 mil toneladas de CO₂ deixaram de ser emitidas com a utilização de veículos elétricos, equivalente ao sequestro de carbono de 145 mil árvores

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Prefeitura de Aracaju compra 15 ônibus elétricos

Com bateria de 385 kWh, o modelo Azzure A12BR, da fabricante chinesa Higer, entrega autonomia de 270 quilômetros e pode transportar 76 pessoas. Foto: Divulgação?Prefeitura de Aracaju (SE)

No dia 27 de junho, Aracaju (SE) recebeu 15 ônibus elétricos que vão operar no sistema de transporte coletivo municipal. Com essa aquisição, ela se torna a primeira capital do Nordeste com frota elétrica urbana própria – os veículos movidos a bateria de outras capitais pertencem às operadoras.

Os ônibus são o Azzure A12BR, da fabricante chinesa Higer. Com bateria de 385 kWh, o modelo entrega autonomia de 270 quilômetros e pode transportar 76 pessoas. A prefeitura instalou sete pontos de recarga para reabastecer os veículos, que circularão nos municípios da Grande Aracaju. As linhas, porém, ainda não foram divulgadas.

A nova frota deixará de emitir 1.650 toneladas de dióxido de carbono (CO2) por ano na atmosfera. A iniciativa faz parte do plano da gestão da prefeita Emília Corrêa, de oferecer um transporte mais sustentável, acessível e moderno para a população.

“O investimento representa uma ação de integração, respeito e cuidado com os usuários, que se locomovem diariamente entre as nossas cidades”, afirma Corrêa.

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