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Entre bois e cavalos (de potência)

Por: Alan Magalhães . 21/07/2021

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Entre bois e cavalos (de potência)

Conheça a história da veterinária que trocou os pastos pelas pistas da Stock Car Pro Series

3 minutos, 20 segundos de leitura

21/07/2021

Por: Alan Magalhães

Babi Rodrigues é a única mulher chefe de equipe na Stock Car. Foto: Duda Bairros

O mundo está mudando e as mulheres, cada vez mais, conquistam importantes espaços na sociedade. Muitas atividades são rotuladas como ambientes machistas.

O automobilismo é um deles, não pelo lado mais negativo da palavra, mas, sim, por suas características estruturais.

Para se ter uma ideia, apenas duas pilotos correram na Stock nesses mais de 40 anos da categoria; Regina Calderoni, que disputou apenas duas provas em 1984 sem marcar pontos e Bia Figueiredo, que esteve na categoria de 2014 até 2019, tendo um quarto lugar em Londrina como melhor resultado. Aos poucos as representantes do sexo que de frágil não tem nada, foram conquistando os postos-chave nos bastidores, na organização do evento e como engenheiras de pista. E hoje, vamos falar de uma delas.

Bárbara Rodrigues, ou simplesmente Babi, como prefere ser chamada, é a única mulher a chefiar uma equipe da Stock Car. E o mais intrigante é a sua formação, distante das ciências exatas da engenharia.

O automobilismo faz parte de sua vida desde o berço, já que é a filha caçula de Amadeu Rodrigues, ex-piloto de sucesso nos anos 1970 e 80 e fundador da Hot Car Competições. Babi formou-se em medicina veterinária, pela Universidade Federal de Lavras (MG), e ainda concluiu o mestrado em alimentação sustentável, com ênfase em bovinos. Apesar de amar o automobilismo, ela seguiu outra paixão, compartilhada com seu pai, que morreu, há pouco mais de sete meses, em um acidente automobilístico. Se a perda foi dura, a escolha estava à sua frente: manter a chama acesa pelo pai, a equipe Hot Car.

Antes disso, em 2019, ela teve de deixar sua profissão de lado por um período para auxiliar o pai, em tratamento contra o câncer, nas funções na equipe. O ano de 2020 começou e ela retornou à lida com bois, cavalos, planilhas, alimentação animal, vacinas e medicamentos.

Só que, ao final de 2020, veio o baque do falecimento de Amadeu e, com contratos a cumprir dentro da equipe, Babi anunciou, menos de uma semana após a morte do pai, que sua equipe estaria, sim, no grid de largada da prova seguinte da Stock Car, em Curitiba (PR). Dos cavalos aos bois e de volta aos cavalos – de potência.

“Meu pai dizia que, quando ele viesse a falecer, era para vendermos tudo. Ele nos falava que ‘essa brincadeira de carro de corrida era muito cara’. E cá estamos, seguindo com o legado dele”, afirma, orgulhosa, a veterinária/chefe de equipe de apenas 32 anos de idade.

1.600 cavalos dentro da oficina

Além de manter o legado do pai, Babi tem trabalhado na modernização do time. Conseguiu não só concluir a difícil temporada 2020 com o piloto Tuca Antoniazi, mas aumentou o esquema de trabalho para 2021 com a adição de mais um carro, o de Felipe Lapenna, e ainda trazer mais dois jovens talentos para formar um time na Stock Light, a categoria de acesso, com o atual campeão da série, Pietro Rimbano, e o estreante Dante Fibra.

A veterinária, agora, cuida de 1.600 cavalos, dentro da oficina localizada na área industrial de Cajamar, cidade a 40 quilômetros da capital paulista. São 900 divididos entre os dois carros da Stock Car Pro Series e 700 entre os dois bólidos da Stock Light. “Apesar de todas as dificuldades que temos e que são comuns no automobilismo, posso me orgulhar de um time que mantém o otimismo e o trabalho duro. E a nova geração da Hot Car é isso, é sobre lealdade, é sobre entrega”, filosofa Babi, fazendo trocadilho com o novo nome do time, Hot Car New Generation.

Como veterinária, a Stock Car era uma distração; agora, depois de cada final de semana de corrida, ela não vê a hora de colocar os pés no pasto e montar na cela de seu cavalo Tufão para, segundo ela, “recarregar as baterias” – assim como as dos carros ao retornarem à oficina.

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