No final do ano passado, foi apresentado ao Projeto de Lei 3.149/2021, do deputado federal Hélio Costa (Republicanos/SC), com o objetivo de garantir que os acompanhantes dos caminhoneiros, tanto de carona quanto auxiliares, tenham acesso aos locais de carga e descarga do caminhão. A medida, que ainda precisa passar por toda a tramitação na Câmara dos Deputados e no Senado até chegar à sanção presidencial, vai oferecer uma melhor estrutura nesses locais para motoristas mulheres. E também seria muito bem recebida por mulheres que acompanham seus maridos caminhoneiros nas estradas, função batizada de “cristal”.
Atualmente, quando ocorrem a carga e a descarga – o que pode levar horas –, as mulheres precisam ficar esperando do lado de fora das empresas. Diversas companhias têm tomado a frente e buscado alternativas para tentar sanar essa e muitas outras dificuldades que elas enfrentam no dia a dia. Uma das iniciativas é o projeto A Voz Delas, lançado pela Mercedes-Benz Caminhões.
“Por ser um movimento novo, já estamos fazendo diferença na vida de muita gente. Promovemos ações voltadas para a saúde, como a Caravana Todos Juntos, com orientação sobre datas como o Outubro Rosa, debates sobre temas como infraestrutura, segurança, capacitação, ações com nossos parceiros como sala de espera para as motoristas e cristais no momento de carga e descarga, contratação de motoristas para o quadro de colaboradores, além de informações por meio de nosso portal”, diz Ebru Semizer, executiva de marketing e comunicação da Mercedes-Benz Caminhões.
Para Flávia, pequenas ações podem fazer uma diferença enorme na vida dessas mulheres. “É importante questionar sobre as condições que temos em nossas empresas para receber as motoristas e as cristais. Temos um local apropriado com segurança e condições mínimas para elas? Temos um banheiro exclusivo? Com certeza, esse olhar do que podemos melhorar irá contribuir muito”, completa a executiva da Mercedes-Benz Caminhões.
Outra iniciativa é a ONG Guerreiras da Estrada – União Nacional de Cristais e Caminhoneiros (UNCC), que começou, no final de 2016, um movimento protagonizado pelas mulheres para dar início a uma tomada de consciência dos desafios enfrentados por elas nas estradas. Cida Araújo, vice-presidente da ONG, conta que o esforço ainda é grande e há um longo caminho a percorrer. A UNCC já apresentou relatórios e projetos junto a entidades de classe e aos responsáveis pelo tema em Brasília, e já conquistaram algumas mudanças significativas. “No princípio, levamos muita pedrada, até mesmo de outras mulheres. Mas, desde que começamos, outros movimentos e pessoas passaram a olhar para esses problemas de uma forma diferente”, conclui.