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Infraestrutura de recarga é o calcanhar-de-aquiles para o crescimento da frota de ônibus elétricos

Por: Mário Sérgio Venditti . 17/06/2024

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Infraestrutura de recarga é o calcanhar-de-aquiles para o crescimento da frota de ônibus elétricos

Recursos do governo são bem vindos, mas setor discute as aplicações dos veículos movidos a bateria no transporte público

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17/06/2024

Infraestrutura de recarga é o calcanhar-de-aquiles para o crescimento da frota de ônibus elétricos
Da esquerda para a direita: Pedro Barradas (ITS Portugal), Virgínia Tavares (moderadora), Flávio Pimenta (Nansen) e Renato Machado Florence (Marcopolo). Foto: Diego Leão - Leão Produtora

É impossível falar de transição energética no Brasil sem destacar a indústria do ônibus elétrico para a plena implantação da eletromobilidade no País. Em maio, o governo federal reconheceu a importância do setor e anunciou a liberação de recursos de R$ 7,2 bilhões para aquisição de cerca de 2.400 veículos movidos a bateria usados no transporte coletivo.

Moderado por Virgínia Tavares, coordenadora de eletromobilidade da World Resources Institute (WRI Brasil), o painel “A indústria do ônibus elétrico”, realizado no segundo dia do Parque da Mobilidade Urbana, celebrou a iniciativa, que faz parte do Plano de Aceleração do Crescimento (PAC) do Refrota,
o programa de renovação da frota nacional.

Leia também: Novo PAC: ‘Estamos diante de uma grande oportunidade’, diz diretor executivo da NTU

“É uma ótima notícia”, comemora Flávio Pimenta, gerente da unidade de negócios da mobilidade da Nansen, fabricante de equipamentos para o setor elétrico e que ingressou no universo da mobilidade há cinco anos. “Isso conduz as empresas a criarem um cenário mais seguro de atuação no País”.

Outras aplicações

Para ele, uma das etapas mais difíceis para a eletrificação das frotas é o investimento inicial das operadoras. Dessa forma, a medida do governo poderá trazer novo fôlego para as empresas e
cidades dispostas a utilizar ônibus elétricos em suas atividades.

“Mas a eletrificação vai além da compra dos veículos. A implantação de infraestrutura de recarga também custa caro e exige planejamento antecipado”, afirma.

Foi o que aconteceu com projetos executados pela Nansen em São José dos Campos (SP) para a circulação de ônibus da chinesa BYD e em Salvador (BA), com a instalação de pontos de recarga para atender 20 ônibus veículos simultaneamente.

Com a experiência de 75 anos de vida e a exportação para mais de 120 países, a fabricante Marcopolo se empenha em oferecer soluções viáveis na rota da descarbonização.

Saiba mais: Descarbonização passa por recursos do Refrota

“Desde 2010, estudamos outras aplicações para reduzir as emissões dos ônibus, como o sistema de propulsão híbrida e o uso de biometano e biogás”, revela Renato Machado Florence, gerente de engenharia de planejamento e desenvolvimento da Marcopolo. “Há outros modelos de negócio que podem muito bem se juntar aos motores elétricos.”

Cenário europeu

Florence diz que além do constante investimento em engenharia, a Marcopolo abriu as portas para receber ideias das universidades. “São ações que nos ajudaram a criar parcerias com operadores de
Santiago (Chile) e Bogotá (Colômbia)”, acrescenta.

O painel contou com um depoimento internacional. Pedro Barradas, presidente da ITS Portugal, associação para o desenvolvimento da mobilidade, testemunha como a eletrificação da frota de ônibus vem mudando o comportamento dos usuários europeus.

“Entre tomar um ônibus movido a diesel e outro elétrico, o passageiro prefere aguardar para se deslocar com o elétrico, que é muito mais confortável”, relata. “A qualidade de vida virou peça chave quando o assunto é sustentabilidade.”

Barradas ressalta que em Portugal há uma clara orientação política em prol da descarbonização e a indústria está se preparando para zerar definitivamente as emissões até 2050. “Essa revolução está apoiada nas transições energética e digital”, diz.

Sobrecarga

No entender de Flávio Pimenta, um dos obstáculos para a composição mais acelerada da frota de ônibus elétricos é o espaço das garagens das empresas para a implementação de infraestrutura
de recarga.

“Sempre é preciso fazer intervenções para colocar em prática um projeto de, por exemplo, 15 carregadores. Isso exige planejamento prévio de seis a oito meses, a fim de avaliar o local com a
concessionária que fornece a energia”, afirma.

Florence, por sua vez, destaca que a decisão de inserir ônibus elétricos no transporte coletivo requer treinamento de motoristas, qualificação de profissionais da manutenção e análises no desenvolvimento dos veículos.

“A Marcopolo já tem a solução de ônibus com piso completamente baixo, o que facilitaria a entrada e a saída dos passageiros. No entanto, as ruas brasileiras não estão preparadas, e a traseira rasparia sempre o solo, causando danos ao veículo. Essa questão envolve o poder público, de cuidar das vias”, conta.

Além do estado de conservação das ruas, Pimenta vê outra dificuldade que pode prejudicar a disseminação dos ônibus elétricos no País: a distribuição de energia.

“Em algumas regiões do Brasil, 75% dos transformadores estão sobrecarregados. As empresas precisam sentir segurança de que não esbarrariam em problemas de fornecimento de energia para recarregar seus veículos”, completa.

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