Há algumas semanas, enquanto assistia a uma palestra do nosso VP de produtos, algo que ele disse ficou na minha cabeça: ‘Quando comecei a trabalhar no Moovit, os verbos que eu mais ouvia eram planejar e viajar. Neste último ano, tenho cada vez mais ouvido o verbo pagar entre eles’.
Entre as diversas facilidades que a Mobilidade como um Serviço (MaaS, na sigla em inglês) oferece, a integração de pagamentos via smartphone é uma tendência crescente. Do ponto de vista do passageiro, é muito prático já adquirir suas passagens assim que planejar uma rota. Além de toda essa simplicidade para os clientes, a integração pavimenta o caminho para uma série de benefícios para quem usa transporte público e para os operadores.
Imagine que você vai fazer um trajeto de transporte público que combine duas viagens de ônibus e uma de trem. Você já faz o pagamento, ou valida seu passe, mantendo o acesso a tarifas combinadas, como no Bilhete Único, e garantindo descontos e/ou gratuidades, caso você faça parte de alguma categoria específica, como estudantes e idosos. Um ‘teto’ garante um limite para os seus gastos diários, caso você precise fazer mais viagens além das planejadas inicialmente.
Desde dezembro, isso já é uma realidade em Israel, pois entrou em operação o sistema integrado de pagamentos via smartphone para o transporte público em todo o país, com padronização de processos e de tarifas, e eliminação de canhotos e passes de papel. Serviços sob demanda, individuais e/ou coletivos, e de micromobilidade também poderão ser integrados futuramente. Mais próximo de nós, nos Estados Unidos, o Moovit lançou, há poucas semanas, parceria com 13 operadores de transporte público nos Estados de Kentucky e Ohio. Usando o mesmo aplicativo para planejamento de viagens e pagamento, no que estamos chamando de Plan, Pay & Ride (ou Planeje, Pague e Viaje), moradores de cidades vizinhas podem combinar as rotas sem se preocupar em pagar custos extras. Mais operadores da região já pediram para aderir ao sistema neste ano que se inicia.
O exemplo dos EUA mostra um dos benefícios para operadores do uso de ferramentas de MaaS e da integração de pagamentos. Turistas e outros visitantes utilizam o mesmo aplicativo com o qual já estão habituados, sem precisar fazer novos cadastros ou downloads, o que atrai mais clientes. Outro benefício importante é a redução de custos com pessoal e com infraestrutura, já que o validador passa a ser somente um leitor de QR Code ou similar e não são mais necessários tantos terminais para venda e recarga, já que a compra é feita pelo celular.
Há outro diferencial importante de ser citado em um momento em que escolhemos novas administrações municipais: o sistema amplia os mecanismos de controle sobre gastos e viagens, oferecendo mais transparência aos gestores públicos e à população.
A implementação dessas integrações não está tão acelerada no Brasil e na América Latina, mas as perspectivas são boas. Segundo uma pesquisa que fizemos recentemente no continente, já há demandas em algumas grandes cidades – metade dos usuários do Moovit em Lima, no Peru, gostaria de pagar com o celular. Vimos, recentemente, muito por causa da pandemia da covid-19, que mais gente passou a utilizar compras e outros serviços digitais – a popularização dos pagamentos por aproximação para reduzir riscos de contágio é uma evidência.
Os sistemas de bilhetagem em cartões, comuns nos principais redes de transporte público no Brasil, são um excelente atalho para a integração de pagamentos por smartphone. Suas APIs já podem ser integradas em apps como o Moovit, dando ao usuário maior controle sobre os montantes disponíveis e como inserir mais créditos. Para descartar os cartões de plástico – o que é mais seguro e sustentável –, basta dar um passo a mais. É para lá que a MaaS está se direcionando agora.”