Seminário discute novas tecnologias nas empresas
Com a Stellantis representando a indústria automotiva, fórum aborda soluções de conectividade, IoT e a chegada do 5G no ambiente corporativo
4 minutos, 20 segundos de leitura
07/04/2022
Por: Mário Sérgio Venditti
A digitalização dos processos das empresas e a conectividade cada vez mais acelerada estão mudando o perfil de atuação no ambiente corporativo. Agora, a internet das coisas (IoT) permite que setores e equipamentos “conversem” entre si, deixando as soluções mais ágeis.
Mas há um longo caminho a percorrer no desenvolvimento de tecnologias, como a implantação do 5G. Essa foi a conclusão da 5ª edição do Fórum de Operadoras Inovadoras, realizado nos dias 5 e 6 de abril, em São Paulo (SP).
Nas 14 apresentações, que debateram as novas tendências e os modelos de negócios relacionados à infraestrutura, não poderia faltar um representante da indústria automotiva. O gerente sênior de ICT Manufatura da Stellantis, Djan Castro, falou sobre a IoT dentro da companhia.
“O segmento automotivo sempre foi considerado um dinossauro nas tomadas de decisões, com movimentos lentos e anacrônicos. Por isso, precisamos nos reinventar, substituindo os conceitos de atraso e rigidez para uma indústria moderna na transformação digital”, afirma.
O anúncio do surgimento da Stellantis, corporação que reúne fabricantes como Fiat, Jeep, Peugeot e Citroën, aconteceu no início do ano passado, já no período da pandemia causada pela Covid-19. Apesar do momento delicado, o cenário permitiu que muitas empresas adiantassem a digitalização de suas atividades. “Usar o modelo anterior durante toda a pandemia seria um caos”, avalia Castro.
5G será divisor de águas
Ele conta que a Fiat sempre procurou manter suas instalações, em Betim (MG), alinhadas com a modernidade que o setor automotivo exige. O coronavírus, porém, impôs um novo ritmo nas operações. A empresa investiu na implantação da chamada indústria 4.0, a quarta revolução industrial, que atualizou o complexo de 2,25 milhões de metros quadrados com tecnologias conectadas à internet das coisas, manufatura aditiva e simulação virtual.
Segundo o executivo, uma das inovações foi o exoesqueleto, conjunto de pernas, braços e tronco biomecânicos usado pelos operadores, permitindo executar suas funções com mais conforto, qualidade e segurança, além de encurtar o tempo de produção de cada carro.
Em um movimento de flexão, por exemplo, o peso do tronco é absorvido pelo exoesqueleto. A tecnologia funciona como uma espécie de cadeira, sustentando o peso da pessoa quando ela senta. “A modernização da linha de montagem e demais setores passa pelo bem-estar do colaborador”, afirma Castro.
É uma unanimidade que a tecnologia 5G será um divisor de águas para aumentar a eficiência das empresas em suas áreas de atuação. “O 5G entrará como um facilitador e, no caso da indústria automotiva, terá papel fundamental para deixar os produtos mais competitivos e com alta confiabilidade”, acredita o dirigente da Stellantis.
Essa evolução vem em bora hora. Isso porque Castro define as montadoras como um ambiente hostil para a utilização de wifi. “Existe um excesso de máquinas e outros objetos que criam uma série de barreiras para o funcionamento eficiente do wifi”, revela. “O 5G vai melhorar a cobertura indoor e outdoor, extraindo o máximo de flexibilidade e segurança nos expedientes de trabalho de uma fábrica que produz de 250 mil a 400 mil carros por ano.”
Padronizar é importante
Embora faça volumosos investimentos em novas tecnologias, a Stellantis busca apoio da academia. Castro conta que a companhia fez uma parceria com a Universidade Federal de Pernambuco – Estado onde também mantém uma moderna fábrica, na cidade de Goiana – para o desenvolvimento de um sistema que controla algumas etapas na montagem dos veículos. “O dispositivo monitora se todos os parafusos estão bem apertados e se os chicotes foram instalados corretamente. Isso evita atrasos, desperdícios e assegura a qualidade final do produto”, explica.
Os recursos oferecidos pela IoT serão essenciais para a mobilidade urbana do futuro: “Novos dispositivos de segurança, como sistemas anticolisão, serão vitais no trânsito”, avalia. “Antes disso, será preciso deixar as estradas com infraestrutura adequada. Não adianta o carro ‘ler’ uma placa sinalizando que a velocidade máxima de um trecho da via é 60 km/h e, poucos metros adiante, passa a 80 km/l. Não há tecnologia que suporte tanta mudança.”
O caminho ainda é longo e requer mais estudos. Para Daniel Fuchs, vice-presidente da Future Growth, da Arqia, “não existe solução de IoT com um só tipo de conectividade. É a soma das partes”. No entanto, ele defende uma padronização para evitar que as empresas caminhem em direção opostas.
“É inútil uma montadora, por exemplo, criar um aplicativo para abrir a porta do carro fabricado por ela e a concorrente fazer um aplicativo diferente. Respeitando as particularidades que envolvem segurança, o correto é haver um aplicativo comum para essa funcionalidade”, diz. “A tecnologia deve ser aplicada para o mesmo fim.”
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