Maceió cria faixas verdes e desponta com promessas para o plano de mobilidade urbana
Em toda a história da cidade, esta é a primeira vez em que o poder público desenvolve um plano municipal de mobilidade urbana; em paralelo, cidade faz investimentos para equilibrar migração da população de bairros afundados em desastre ambiental

Maceió está prestes a dar um salto inédito na organização do transporte e da circulação de pessoas. Além de ampliar sua malha de mobilidade ativa com 14,89 km de novas faixas verdes voltadas a pedestres e pessoas com mobilidade reduzida, a capital desenvolve pela primeira vez um Plano Municipal de Mobilidade Urbana (PlanMobi).
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O instrumento é estratégico para reorganizar deslocamentos, integrar diferentes modais e orientar investimentos para os próximos anos. O documento está sendo elaborado pelo Departamento Municipal de Transportes e Trânsito (DMTT). Por isso, a cidade fechou uma parceria com o Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Maceió (Iplan) e a Fundação Getulio Vargas (FGV).
Conforme o diretor-presidente do DMTT, André Costa, o PlanMobi representa uma mudança estrutural para a cidade. “Nunca tivemos um planejamento tão abrangente, que considera desde o transporte coletivo até o incentivo à mobilidade ativa, como bicicleta e caminhada. O plano vai guiar as decisões de curto, médio e longo prazo, garantindo que os investimentos realmente atendam às necessidades da população”, afirma.
BRT Maceió: infraestrutura e modernização
Uma das obras mais aguardadas é o BRT Maceió, que contará com 14 km de faixa exclusiva. Além disso, estão previstas 23 estações e um novo terminal de integração no bairro Eustáquio Gomes. O corredor atenderá mais de 600 mil usuários do transporte público, conectando as avenidas Lourival de Melo Mota, Durval de Góes Monteiro e Fernandes Lima.
A frota será renovada com 310 novos ônibus climatizados, dos quais 172 serão destinados ao BRT. Aliás, a previsão é que o sistema entre em operação em até três anos após o início das obras, marcado para o primeiro semestre de 2025.
Além do BRT, estão previstos 646 novos abrigos de ônibus e reformas em terminais como os do Eustáquio Gomes e Village Campestre II. Conforme a prefeitura, esses espaços contarão com áreas acessíveis, banheiros, lanchonetes e sistemas de monitoramento por câmeras.
Malha cicloviária e faixas verdes
A malha cicloviária saltou de 30 km para 96,14 km durante a atual gestão, conectando trechos antes isolados. Exemplos são a ciclofaixa do Torcedor, no Trapiche da Barra, que agora se integra à ciclovia da orla, permitindo deslocamentos até Cruz das Almas.
As faixas verdes, novidade na infraestrutura, somam 14,89 km. Planejadas para melhorar a circulação de cadeirantes, elas atendem pessoas com mobilidade reduzida e praticantes de caminhada e corrida. André Costa destaca que esses espaços “não são apenas pistas pintadas, mas sim um convite para que a cidade seja vivida a pé, com segurança e conforto”.
Impactos sociais e requalificação urbana
Além da melhoria nos deslocamentos, os investimentos em mobilidade buscam responder aos impactos da migração de moradores de bairros afetados pelo afundamento do solo causado por mineração. “Essa realocação mudou a dinâmica de fluxo na cidade. Precisamos adaptar o sistema para que novas regiões recebam infraestrutura de transporte adequada”, explica Costa.
De acordo com ele, a ampliação do transporte público e da malha cicloviária é também uma medida de inclusão social. Programas como o Passe Livre Estudantil, que mais que dobrou o número de beneficiados desde 2021, já geraram uma economia superior a R$ 62 milhões para os estudantes.
Iniciativas como o Domingo é Livre, com mais de 8 milhões de embarques gratuitos, incentivam o uso do transporte coletivo e democratizam o acesso à cidade.
PlanMobi de Maceió
O PlanMobi está sendo elaborado com base na Política Nacional de Mobilidade Urbana (Lei nº 12.587/2012). As etapas são: diagnóstico, participação popular, estudos técnicos e definição de ações e metas. A Prefeitura também trabalha na criação do Conselho Municipal de Mobilidade Urbana, que acompanhará e avaliará a execução do plano.
“Queremos um documento vivo, que seja acompanhado pela sociedade e que sirva de guia para as próximas décadas”, reforça Costa. “Mobilidade é mais do que deslocamento; é acesso a oportunidades, qualidade de vida e desenvolvimento econômico.”
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