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Mobilidade na periferia, soluções incluem instalar serviços na favela

Por: Fellipe Gualberto, especial para o Mobilidade . 29/05/2024
Mobilidade para quê?

Mobilidade na periferia, soluções incluem instalar serviços na favela

Saiba como empreendedores e ativistas organizam a mobilidade em uma localidade que pode não ter CEP

3 minutos, 51 segundos de leitura

29/05/2024

Participantes do painel de mobilidade na periferia
Especialistas dialogaram durante Summit Mobilidade e propuseram soluções como levar serviços básicos até as comunidades e criar um sistema de localização para entregas. Foto: Thiago Queiroz/Estadão

A mobilidade urbana nas periferias enfrenta ainda mais desafios do que nos centros urbanos. A falta de CEP nas favelas, por exemplo, torna complexa a entrega de encomendas e o acesso a serviços básicos como atendimento por ambulâncias e transporte público. Em um painel realizado ontem (28 de maio) no Summit Mobilidade 2024, três especialistas apresentaram suas soluções e apontaram os caminhos que encontraram para melhorar a mobilidade nas comunidades.

Leia também: Summit Mobilidade 2024: mobilidade nas periferias é tema de quadro especial

Desbloqueando CEPs

Giva Pereira é CEO e fundador da Favela Brasil Xpress, um serviço que fornece soluções de logística para favelas e permite entregas nesses ambientes. Em sua fala no Quadro Especial Mobilidade na Periferia, o empreendedor diz que “as favelas vivem embargos econômicos” quando são privadas de consumir ou seus moradores encontram dificuldades para se locomover da moradia até o local de trabalho.

Para possibilitar entregas, o Favela Brasil Xpress utiliza códigos alfanuméricos e cria endereços em microcentros na periferia, tornando possível a chegada de delivery e entregas do correio. Em seguida, a entrega é feita por um funcionário da startup que mora na própria comunidade.

Giva Pereira destaca como o empreendedorismo foi necessário para achar uma solução uma vez que o Poder Público age de forma muito lenta. Foto: Thiago Queiroz/Estadão

Atualmente, a empresa de Pereira conta com 250 funcionários e está presente em Paraisópolis, Heliópolis, Capão Redondo, Cidade Júlia e Brasilândia, em São Paulo; na Favela do Sol Nascente, no Distrito Federal e em Betim, Minas Gerais.

O empreendedor ressalta como é necessário “implementar modelos que ajudem a comunidade a se inserir em serviços que precisam de endereço”. Para isso, seria necessário pensar em soluções focadas na cultura e geografia do local.

Tornar a periferia mais integrada

Tatiana Silva propõe que serviços essenciais sejam levados até as favelas. Foto: Thiago Queiroz/Estadão

Tatiana Silva, diretora executiva do FA.VELA, concorda com Giva Pereira e ressalta que “na favela, CEP não serve de nada na entrega”. De acordo com a painelista, seria necessário pensar em “equidade de serviços e produtos, independente do seu CEP”.

A empreendedora afirma que “favelas exemplificam como mobilidade e desigualdade são uma conversa única. Nem sempre as soluções tradicionais são funcionais nesses territórios”. Por isso, a ativista encontrou uma solução criativa para melhorar a mobilidade na periferia: trazer serviços até o local.

Tatiana cita ser necessário “pensar não apenas na infraestrutura ou logística, mas também em como tornar esses lugares mais sustentáveis e dar uma vida digna”. Com isso em mente, a ativista criou o FA.VELA, um hub de educação que leva até a periferia cursos profissionalizantes e orientações, para que esse público não tenha que se locomover até lugares distantes afim de aprender e empreender.

A noção de cidade de 15 minutos, conceito de planejamento urbano no qual as principais necessidades dos moradores são atendidas a pé ou bicicleta, é resgatada por Tatiana durante sua fala no painel do Summit Mobilidade 2024.

“Eu preciso sair da periferia para consumir isso? Eu não posso instalar essa infraestrutura lá?”

Tatiana Silva, diretora executiva do FA.VELA

Finalizando o debate, Tatiana questiona “quais são as soluções de mobilidade para uma favela? Não é desapropriar casas para criar rodovias, mas levar para esse território serviços que pessoas não tem acesso”.

Participação como chave

Participação social e de jovens é a solução para mobilidade na periferia sugerida por Maria Eduarda. Foto: Thiago Queiroz/Estadão

Maria Eduarda da Silva foi participante da terceira edição do Geração que Move, uma iniciativa da Unicef que une jovens de comunidades em busca de soluções para mobilidade na periferia. Ela cita como a falta de opções para mobilidade impedem o acesso dos moradores de comunidades a serviços.

Leia também: Summit Mobilidade: Especialistas debatem os desafios do transporte público

De acordo com Maria Eduarda, “se você não tem transporte público de qualidade, você não tem acesso a diversos lugares”. Sendo assim, a falta de linha de ônibus na periferia pode prejudicar seus moradores até mesmo a conseguir emprego.

Segundo a ativista, o foco nas pessoas que vivem no local é a chave. Por isso, é necessário questionar os moradores sobre suas necessidades. Ela destaca “mostrar que o jovem vai ser ouvido pode trazer mobilização”.

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