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Mobilidade urbana, visão sistêmica como premissa de descarbonização

Por: . 25/08/2021
Mobilidade para quê?

Mobilidade urbana, visão sistêmica como premissa de descarbonização

“As PPPs podem garantir uma infraestrutura adequada, permitindo evoluir para novas fontes de energia”

3 minutos, 15 segundos de leitura

25/08/2021

mobilidade urbana no Brasil
Foto: Pexels

Vivemos em uma região com um dos mais elevados graus de urbanização, e objetivar uma mobilidade sustentável no aspecto financeiro e ambiental deve estar no topo da agenda de nossa sociedade.

Evitar deslocamentos, principalmente os que não podem ser realizados a pé ou de bicicleta, deve ser a estratégia principal. Porém, para distâncias mais longas, o transporte público precisa ser priorizado.

Na comunidade técnica, estamos em constante Fla-Flu, polarizando discussões no sentido de qual seria a melhor solução, em detrimento de outras, tais como metrô x ônibus, pneus x trilhos, público x privado, diesel x elétrico.

No fim do dia, o que falta é termos um esforço conjunto para alcançarmos a melhor integração de todas essas opções, na cronologia adequada e sem sobreposição de oferta. Devemos objetivar as vantagens específicas de cada uma delas, sempre respeitando os pilares básicos de sustentabilidade no transporte público: custo acessível, velocidade operacional, frequência e eficiência energética, por passageiro transportado.

A infraestrutura deve ser pensada antes mesmo de o modelo de transporte ser oferecido para evitar que os veículos trabalhem de maneira ineficiente. E vários elementos devem ser observados, tais como sistemas viários, fontes de energia, tipos de veículo e sistemas de controle e gestão.

Tomando como exemplo o segmento de ônibus, desenvolvemos ao mundo os sistemas baseados em corredores de ônibus, conhecidos como BRT ou BRS, uma solução tida como econômica e de rápida implementação. Entretanto, eles nem sempre contam com mecanismos de gestão eficientes ou operam de forma interligada com outros modais.

Ciclo de vida

Uma descarbonização eficaz no transporte urbano deve ter como indicador principal o total de passageiros por quantidade de dióxido de carbono (CO2) emitida no processo. Não podemos esquecer ainda de outros poluentes como material particulado, composto por vários resíduos tóxicos, como químicos orgânicos, ácidos, metais e até poeira. Isso implica em uma análise mais ampla com relação ao tipo de energia e como ela é gerada. Além disso, deve ser analisada a quantidade de CO2 emitida em relação à produção do próprio veículo e seus componentes. Devemos garantir uma análise adequada de todo o ciclo de vida até o descarte de todos os materiais utilizados.

Nosso País conta com a vantagem de poder dispor de várias alternativas energéticas, que também devem ser combinadas de acordo com as características de cada região. Podemos utilizar biocombustíveis com energia elétrica e termos enorme potencial para o uso do hidrogênio como opção futura. Certamente, temos conhecimento local para sermos novamente protagonistas em transporte público de qualidade; porém, não podemos abrir mão de uma análise ampla e sistêmica para garantir sustentabilidade em todos os seus aspectos.

Por fim, devemos desmistificar a forma de sustentação financeira do transporte público. Como serviço essencial, a sociedade deve estar ciente do valor desse serviço e não devemos discutir subsídios como algo negativo. O transporte público já permite cobertura parcial por meio da cobrança de tarifas; porém, para que se torne um elemento básico de qualidade de vida e meio ambiente, o Poder Público deve considerar o correto aporte de verbas no orçamento, como já ocorre nas principais cidades do mundo.

Parcerias público-privadas (PPPs) podem garantir ainda uma infraestrutura adequada, permitindo, inclusive, evoluir para novas fontes de energia.
A indústria já dispõe de alternativas tecnológicas para evolução imediata dos sistemas, objetivando a transição adequada e garantindo a melhor aplicação das novas alternativas, sempre respeitando nossas condições locais e o maior valor para nossa sociedade.

Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião do Estadão

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