Vivemos um momento crucial frente a um dos maiores desafios da nossa era: o aquecimento global. Para conter o aumento da temperatura do planeta, é fundamental atingirmos a neutralidade de carbono. Esse é o momento de unir esforços e implementar soluções práticas, sustentáveis e acessíveis que possam rapidamente mitigar os efeitos das mudanças climáticas.
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A alta importância dessa temática, amplamente discutida durante o G20, realizado recentemente no Rio de Janeiro, reforça a necessidade urgente dos países avançarem na direção de produtos, combustíveis e manufaturas sustentáveis.
Neste contexto, o Brasil já larga com grande vantagem, pois, ao longo dos últimos 50 anos, tornou-se potência em bioenergia e hoje apresenta várias alternativas para apoiar a descarbonização do planeta como o bioetanol, biometano, biodiesel, SAF e hidrogênio.
Além disso, tem dado passos importantes com políticas públicas inovadoras, como o programa Combustível do Futuro, a iniciativa Nova Indústria Brasil e o Programa Mover, que criaram diretrizes valiosas para avançarmos ainda mais nessa direção.
A indústria brasileira tem reagido de forma bastante positiva e alinhada às diretrizes do governo. Prova disso é que parte importante dos investimentos anunciados pelo setor automotivo nesse ano, que ultrapassaram os R$ 130 bilhões, foram direcionados para novas tecnologias de eletrificação.
Em especial para a tecnologia híbrida flex plena – que, além de ser sustentável, promove o desenvolvimento econômico e social do País – e mild hybrid (híbrida leve), que utiliza bateria de baixa tensão sem capacidade de tração exclusiva pelo motor elétrico.
A transição energética para uma economia mais sustentável é muito desafiadora, mas ao mesmo tempo representa uma grande oportunidade para o Brasil.
Entretanto, a capacidade de combinar diferentes tecnologias sustentáveis, como o bioetanol e a eletrificação, posiciona o Brasil com grande potencial à liderança da transição energética. Ao desenvolver e implementar essas inovações, o País não só pode combater o aquecimento global como também se consolidar como uma potência exportadora de tecnologias sustentáveis.
As soluções desenvolvidas pelo Brasil podem ser adotadas por muitos outros países com condições climáticas adequadas para a produção agrícola, em especial de cana-de-açúcar. É o caso, por exemplo, da Índia, que viu no modelo brasileiro uma importante referência para o desenvolvimento do seu programa de descarbonização da mobilidade e está avançando a passos largos nessa direção.
Um sinal claro desse movimento é o aumento progressivo da mistura de etanol na gasolina, para alcançar 20% já em 2025, e a disponibilização de etanol puro (E100) em 400 postos de combustíveis, além da apresentação de protótipos de veículos com a tecnologia flex e híbrida flex plena pelos players presentes no mercado local. Outros países como Indonésia, Tailândia, África do Sul e Colômbia também têm grande potencial para trilhar esse caminho.
O atual desafio do clima é o carbono, e existem várias tecnologias e combustíveis que podem contribuir com a redução das emissões de CO2. Assim, todas são importantes e precisam ser consideradas para atingir o objetivo final. No entanto, é natural que cada país priorize as soluções mais adequadas segundo sua realidade, buscando o melhor resultado ambiental, econômico e social.
O Brasil, com suas tecnologias e combustíveis sustentáveis apresentou ao mundo, no G20, alternativas realistas e imediatas para a descarbonização da mobilidade com importante geração de emprego e renda para a sociedade.
Soluções adequadas ao nosso contexto, mas que podem ser aplicadas a outros países com realidades semelhantes à nossa. Esperamos que possamos servir como referência e com isso acelerar a transição energética. Disposição não falta. O importante é continuarmos avançando com o enfrentamento do aquecimento global contribuindo para a construção de um futuro melhor para todos.
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