Como o próprio nome sugere, motorhome é uma “casa com motor”. São veículos adaptados com fogão, geladeira, cama e até mesmo banheiro. Segundo Francisco Bacelar de Melo, presidente da Associação Brasileira de Campistas (Anacamp), segurança e qualidade das estradas são os principais desafios.
“Os motorhomes custam em torno de R$ 400 mil, mas existem veículos de até R$ 2 milhões. Os equipamentos são caros, porque são casas com eletrodomésticos, então não pode se afastar muito do veículo ou estacionar em locais isolados”, explica Melo.
Outra dica é pesquisar se as estradas pelas quais o veículo vai passar não estão esburacadas ou com risco de atolamento.
Caso o motorhome possua banheiro, é preciso esvaziar a caixa de detritos em um local adequado. Em campings, além de encontrar água potável para abastecimento, é possível fazer este descarte.
“Quando se utiliza o vaso sanitário, isso vai para uma caixa de detritos. Depois de um determinado tempo, essa caixa tem que ser esvaziada e isso não pode ser feito em um terreno baldio ou na beira da estrada, isso é crime ambiental”, orienta o presidente da Anacamp.
A associação estima que existam cerca de 30 mil motorhomes no Brasil. Frente a tantos campistas, Melo decidiu criar a Anacamp. Há um diretor executivo por estado para auxiliar em caso de problemas mecânicos, roubos e outras intempéries.
“Quem é associado utiliza convênios, faz parte dos grupos de WhatsApp e pode fazer essa solicitação de ajuda. Em nosso aplicativo tem informações como lista de associados, dos campings que temos convênio e classificados”, afirma Melo.
Para garantir proteção veicular aos viajantes, foi criado também o Grupo Motorhome, que possui sede em Belo Horizonte, Minas Gerais. Neste caso, os associados adquirem um seguro veicular e recebem indenização caso haja algum acidente, furto ou assalto.
O grupo oferece assistência 24 horas com carro reserva em caso de colisão, reboque por pane, chaveiro, troca de pneus, motorista substituto, guarda veículo e até mesmo hospedagem, caso necessário.
No Brasil, poucas seguradoras oferecem esses serviços para motorhomes e, quando oferecem o preço é muito elevado, segundo Wender Ferreira Santos, correspondente do Grupo Motorhome.
Além de atuar na associação, Santos também é viajante. Já levou o motorhome para a região Sul do país, Nordeste, Centro-Oeste, cidades de Minas Gerais e países da América Latina, como Paraguai e Bolívia.
Santos contou ainda que já precisou utilizar o guincho oferecido pela associação, quando estava voltando de uma viagem a Gramado, no Rio Grande do Sul, e teve um problema mecânico em Caraguatatuba, no litoral paulista.
“Estava com minha esposa e meu filho de tinha três anos na época. Acionei o guincho da associação e fui para uma oficina. Como não conhecia nada na região, tive muita dificuldade em conseguir a peça e efetuar o reparo”, conta.
Para Luiz Roberto Augusto, empresário, ter um motorhome é sinônimo de liberdade, praticidade e economia. O viajante possui um ônibus considerado relíquia, fabricado pela Mercedes-Benz em 1962.
A alteração para motorhome começou na década de 1970 e todos os eletrodomésticos são de época. O veículo possui tomadas 110v e 220v, uma bomba automática envia água para as torneiras e um botijão de gás garante o funcionamento do fogão. Por isso, o viajante nunca ficou em um camping.
“Fui algumas vezes para Águas de Lindóia (SP), para um evento grande de carro antigo, e fiquei dentro do ônibus com toda estrutura. Lá há dificuldade em encontrar hotel ou pousada”, conta.
O empresário também já foi para Barra Bonita, Ilha Comprida e Cananéia, no litoral paulista. Apesar de ser um veículo antigo, o viajante contou nunca ter tido problemas mecânicos ou com os eletrodomésticos.
Ao modificar o próprio veículo para motorhome, é preciso legalizar as alterações no Departamento de Trânsito (Detran). Segundo a Resolução 291/08 do Conselho Nacional de Trânsito (Contran), o procedimento inclui a entrega de notas fiscais relacionadas à transformação, emissão de certificados como de segurança veicular (CSV), de registro de veículos (CRV) e de registro e licenciamento (CRLV), entre outros documentos.
Em 2018, tramitou na Câmara dos Deputados o Projeto de Decreto Legislativo 992/18 que tinha como objetivo reduzir a burocracia para regularizar um motorhome no Brasil. A proposta era eliminar a necessidade de um novo Certificado de Adequação à Legislação de Trânsito (CAT) para veículos com alterações.
Na época, a possibilidade animou os campistas, mas após passar pelas comissões da Câmara, a matéria foi arquivada. Desta forma, o documento continua na lista de itens obrigatórios para a regulamentação de um veículo recreativo.
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Tem uma nova resolução do contra é 743/2018 que dispensa o CAT.