País tem 248 obras de mobilidade urbana paradas
Juntos, empreendimentos ligados a ônibus, como corredores, faixas exclusivas e BRTs, somam 2.743 km de extensão em 75 cidades
BRASÍLIA – Mais de duas centenas de empreendimentos de mobilidade urbana previstos para o País estão paralisadas, sem perspectiva de terem suas obras retomadas no curto prazo.
Um levantamento feito pela Associação Nacional de Empresas de Transportes Urbanos (NTU) revela que, atualmente, 248 empreendimentos ligados a ônibus – BRTs, corredores e faixas exclusivas – estão paralisados em todo o País. Juntos, esses empreendimentos somam 2.743 quilômetros de extensão de transporte que deveriam estar em operação em 75 cidades do País, mas estão travados.
A paralisia é resultado de uma conjunção de fatores, que passam pelo esgotamento de recursos, corrupção, falta de priorização na agenda de municípios e do governo federal, projetos mal elaborados e imbróglios judiciais. “Está tudo paralisado nessa área. Infelizmente, essa é a realidade. Os dados estão aí para mostrar que a mobilidade urbana não está dentro das prioridades do governo”, avalia Otávio Cunha, professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e presidente executivo da NTU.
O estudo mostra que, em 2009, os anúncios do governo federal davam conta de que as obras de mobilidade urbana receberiam aporte total de R$ 151,7 bilhões. O setor foi explorado como um dos maiores beneficiados pela realização da Copa do Mundo e da Olimpíada.
Dez anos depois, o resultado é frustrante. Pelos cálculos da NTU, somente R$ 14,2 bilhões, o equivalente a 9,4% do previsto, foram efetivamente injetados em projetos que saíram do papel e que estão em operação.
Fatia do Orçamento
O balanço aponta que, atualmente, existem 706 empreendimentos de mobilidade urbana em alguma fase de obras no País, uma elevação de apenas 3% em relação ao ano passado, que contabilizava 691 projetos nessa área. Somente R$ 348 milhões foram destinados pela Lei Orçamentária Anual de 2019 para a implantação de empreendimentos de transporte público coletivo, ou seja, 0,01% do Orçamento total do governo federal.
A baixa qualidade do serviço oferecido à população ajuda a explicar a queda de demanda. O brasileiro, quando pode, tende a usar menos o ônibus.
No período de 1994 até 2017, segundo a NTU, o transporte público por ônibus teve redução de 50,3% da demanda de passageiros no País. Em contrapartida, os dados do Denatran deste ano apontam que a frota de automóveis aumentou 175% desde o ano 2000, passando de 20 milhões para 55 milhões de unidades nos dias atuais. No mesmo período, a frota de motocicletas passou de 6 milhões para aproximadamente 27 milhões, representando um acréscimo superior a 570%.
Na tarde de segunda-feira, 10, a reportagem procurou o Ministério do Desenvolvimento Regional (MDR), responsável pelos empreendimentos de mobilidade urbana, para comentar o assunto, mas a pasta não se pronunciou.
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