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Pela humanização do trânsito

Por: . 20/09/2023

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Mobilidade para quê?

Pela humanização do trânsito

Precisamos atingir um nível de conscientização que torne impossível nos conformarmos com a violência no trânsito

4 minutos, 7 segundos de leitura

20/09/2023

mortes no trânsito: acidente de trânsito reduz
Brasil é o quinto país em mortes no trânsito, segundo a OMS. Foto: Getty Images

Estamos no período mais importante do ano para quem busca um trânsito mais humano no País. Criada em 1998, juntamente com o Código de Trânsito Brasileiro, a Semana Nacional de Trânsito é o momento em que todos os órgãos do Sistema Nacional de Trânsito se dedicam integralmente ao trabalho de conscientização.

Leia também: Segurança viária: cidades dão exemplo para redução de acidentes

Tudo isso para tornar ruas e estradas mais seguras para quem está a pé, de bicicleta, de motocicleta, de carro, no transporte público ou em um caminhão. Esse é o objetivo principal da semana, que está em sua 26ª edição. 

E o que conquistamos até aqui? A resposta triste é: pouco, bem pouco. Nos últimos 15 anos, figuramos entre os países mais violentos no trânsito do mundo. Nesse tempo, perdemos 572.732 vidas, que, certamente, fazem falta, todos os dias, a muitas pessoas. O trânsito carece de humanização: porque não são números, índices e estatísticas, são pessoas.

O último levantamento da Organização Mundial da Saúde (OMS), de 2019, aponta que ocupamos o trágico quinto lugar, atrás apenas de China, Índia, Estados Unidos e Nigéria. 

Quando a OMS e a Organização das Nações Unidas (ONU) criaram a Década de Ação pela Segurança no Trânsito, em 2011, a busca era pela redução, em pelo menos 50%, no alarmante número de mais de 1,35 milhão de vidas perdidas em todo o mundo. Como quase nenhum país alcançou o objetivo, o desafio foi relançado em 2020. 

Raiz do problema

E quais são as principais causas de tantas mortes e vítimas de sinistros no País? Excesso de velocidade, consumo de álcool e, claro, as distrações que são o uso do celular, em qualquer modo. Essas três imprudências são as principais praticadas no País. E aqui vale refletir: será que você cometeu alguma delas nesta semana, enquanto dirigia? 

O que nos falta é conscientização. Impossível não mudar esse cenário sem eliminar velhos conceitos que têm impacto negativo na maneira como nos deslocamos. Será que, passado tanto tempo da implementação do CTB, com notificações e pontos na CNH, ainda não entendemos o risco que corremos de perder a vida ao exceder a velocidade, nos distraindo com o celular ou ingerindo álcool? 

Estrutura

Dados da OMS mostram que países de baixa e média renda concentram 60% das mortes por sinistros de trânsito no mundo. Comparando os dados do Brasil com a Europa, podemos apontar quatro diferenças importantes para compreendermos por que a insegurança viária é tão alarmante por aqui: infraestrutura, segurança veicular, educação e economia. 

Qualquer um que cruze o Atlântico percebe, em poucas horas observando ruas e rodovias do Velho Continente, que a infraestrutura da Europa, em geral, tem melhor pavimento, sistemas modernos contra impactos, sinalização ostensiva e uma manutenção regular. Quem conduz um veículo percebe, claramente, que lá é mais seguro do que aqui. 

Em relação aos veículos, os vendidos na Europa passam por regulamentações mais restritas. A cada lançamento, surgem novos recursos tecnológicos que reduzem cada vez mais os riscos aos ocupantes dos veículos. Além disso, eles possuem uma frota mais nova, primam pela segurança em detrimento das características dos veículos ou mesmo o status que eles representam. 

Leia também: Detran-SP anuncia medidas em segurança viária e mudanças para tirar a carteira de habilitação

Sinal vermelho

Neste último semestre (jan.-jun./ 2023), a Polícia Rodoviária Federal registrou 180 sinistros por dia nas rodovias federais do País. A cada dois sinistros, um deles produziu um ferido. A cada dia, somente nas estradas federais, perdemos quase cinco brasileiros (4,7) vítimas da violência no trânsito. 

Dos últimos cinco anos, o primeiro semestre de 2023 foi o mais violento, registrando mais de 32.000 sinistros, sendo que 848 pessoas morreram nas rodovias federais. Por essas e muitas outras pessoas é que a Semana Nacional de Trânsito é tão importante. Precisamos atingir um nível de conscientização que torne impossível nos conformarmos com tamanha violência. 

O veículo não é arma. É possível ir e voltar ilesos, viver até ou além da atual expectativa de vida e não machucarmos outra pessoa, que, certamente, fará falta na vida de alguém. Nesta e em todas as demais semanas, repense, refaça, remonte seus hábitos e respeite a sinalização. Esqueça o celular ao transitar e, claro, eduque quem está do seu lado. Apenas dessa forma faremos da Semana Nacional de Trânsito um momento de comemoração.

Saiba mais sobre segurança viária no canal Maio Amarelo



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