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Por uma educação no trânsito transformadora para o Brasil

Por: Redação Mobilidade . 06/02/2023
Mobilidade para quê?

Por uma educação no trânsito transformadora para o Brasil

Especialista em segurança viária defende uma revisão completa do processo de formação de condutores

3 minutos, 36 segundos de leitura

06/02/2023

Por: Redação Mobilidade

maio amarelo
Campanhas de conscientização, como o movimento Maio Amarelo, são fundamentais para uma mudança cultural no trânsito. Foto: Rogério Viduedo

A falta de uma cultura de segurança no trânsito capaz de fazer com que cada motorista perceba o risco do ato de conduzir um veículo, atuando de maneira preventiva, é um dos graves problemas da nossa sociedade. Para repercutir o tema e, mais que isso, refletir sobre suas soluções, conversamos com Paulo Guimarães, CEO do Observatório Nacional de Segurança Viária (ONSV). Confira a seguir.

A falta de investimento público em educação de trânsito é notória. O que é preciso fazer para mudar esse cenário?

Paulo Guimarães: Em primeiro lugar, é preciso desenvolver na sociedade brasileira a percepção de risco no trânsito. Culturalmente, possuímos essa percepção para várias situações como altura, fogo, doenças e violência urbana, mas para os perigos do trânsito ela ainda não é tão presente. Isso leva, por exemplo, uma mãe a ter uma grande preocupação em vacinar seu filho recém-nascido, mas o transporta no colo ou no banco da frente do carro até o posto de vacinação. O primeiro a ser conscientizado deve ser o gestor público, para que os investimentos sejam canalizados para o desenvolvimento de políticas que proporcionem essa evolução cultural. E recursos não faltam. O Fundo Nacional de Segurança no Trânsito, Funset, por exemplo, dos seus mais R$ 18 bilhões acumulados desde 2005, teve autorização para utilização de pouco mais de 20% dos recursos do fundo. E desses 20%, apenas 2,5% foram investidos em campanhas de educação.

O recurso do Funset seria suficiente para a realização de uma política de educação para o trânsito transformadora para o País, com resultados a médio e longo prazo, contemplando as três fases de desenvolvimento da cultura de segurança viária.

A primeira contempla a formação (conceitos de cidadania no trânsito para o ensino fundamental); em segundo lugar a informação (conceitos técnicos de trânsito para o ensino médio, ensino universitário e processo de formação de condutores); e, por último, a reformação (campanhas continuadas, como o Maio Amarelo e a Semana Nacional de Trânsito, por exemplo).

De que maneira a formação de motoristas pode ser aperfeiçoada?

Guimarães: É necessário uma revisão completa do processo de formação de condutores, como já vem sendo proposto publicamente pelo ONSV desde 2015. Dessa forma, na proposta, foi feita uma análise do perfil de motorista que o Brasil precisa para rever o alarmante quadro de violência no trânsito em que vivemos.

A partir desse perfil foram definidos os conteúdos necessários e as ferramentas metodológicas para a estruturação desse novo processo, com o objetivo de elevar as auto-escolas ao patamar de verdadeiras instituições de ensino, tendo o desenvolvimento do aluno-condutor como foco central.

Como o poder público pode fiscalizar essas infrações com mais rigor e punir os motoristas que praticam essa infração?

Guimarães: Como se trata de uma questão de mudança de cultura, a fiscalização deve ser encarada como parte de um processo de segurança que passa por três etapas.

A primeira delas é a de engenharia, em que é necessário preparar a infraestrutura para essa mudança cultural, posicionando as faixas de pedestres em locais adequados, revitalizando a sinalização e eliminando obstáculos que coloquem em risco a travessia dos pedestres.

Em segundo vem a fase de educação, com a utilização da sinalização educativa como forma de despertar a conseciência da sociedade sobre a importância do respeito a faixa. Ela vem acompanhada de ações de comunicação em massa e abordagens nas vias públicas.

A terceira etapa contempla um processo de fiscalização transparente, fundamental para para deixar claro o objetivo da fiscalização na proteção da vida, bem como garantir que a aplicação da penalidade seja efetiva, com o cumprimento de todo o rito legal exigido no processo de penalização, garantindo a credibilidade das ações.

Leia também: Atropelamento na faixa de pedestres: por que motoristas não respeitam a sinalização

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