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Reurbanização das cidades e o direito à escolha

Por: . 28/07/2021
Mobilidade para quê?

Reurbanização das cidades e o direito à escolha

“Os benefícios de colocar as pessoas no centro de novos modelos de urbanização serão notórios˜

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28/07/2021

Segundo dados do anuário de 2020 da Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave), o Brasil tem, hoje, uma frota de mais de 60 milhões de carros, cerca de 700 mil ônibus e 28 milhões motos. 

Apesar da crise, o País ainda foi o sétimo maior mercado de veículos novos, em 2020, considerando novos emplacamentos, ligeiramente à frente da Inglaterra. Já estivemos em quarto lugar, nesse mesmo ranking, entre 2012 e 2014. Se mantivermos apenas a média dos cinco primeiros meses de 2021, teremos um crescimento de 10% nas vendas de novos veículos, contra o ano anterior.

Frente a esses números, surgem alguns desafios: como acomodar essa frota, garantir a democratização dos meios de transporte e melhorar a vida das pessoas, dos negócios e das cidades?

Infraestrutura deficiente

Durante muitos anos, o uso dos automóveis definiu muitas das características dos grandes centros urbanos, no Brasil e no mundo, que foram sendo construídos ou adaptados para suportar esse modo de transporte. Mas a infraestrutura das cidades não acompanhou esse desenvolvimento.

O resultado é conhecido por todos: grandes deslocamentos entre áreas periféricas e centrais, trânsito, poluição, além de outras consequências sociais, econômicas e ambientais.

Antes disso, eram as pessoas, e não os meios de transporte, que disputavam espaço nas ruas e calçadas das cidades. Ainda que muito menos sofisticados do que as grandes metrópoles atuais, esses espaços eram mais igualitários, na medida em que as disparidades entre regiões, bairros e as formas de deslocamento eram menores. As ruas eram de todos. 

A partir da década de 1990, inicia-se um movimento de urbanistas – o Novo Urbanismo –, que pretende redesenhar as grandes cidades em função das necessidades das pessoas, e não dos motoristas, tendo quatro princípios como direcionadores de suas ideias: cidades compactas e de alta densidade, caminhabilidade, trânsito de massa e uso misto do solo.

Novo desenho das cidades

Entre algumas das propostas, estão o redesenho de ruas, a ressignificação de áreas comerciais e residenciais, a criação de espaços de uso misto, o replanejamento de deslocamentos de veículos e meios de transporte, o incentivo à micromobilidade, entre outras. Faz muita diferença entender onde as pessoas moram, trabalham, consomem, se divertem. Onde estão, para onde vão e como vão.

Nesse sentido, cabe mencionar ainda que as necessidades humanas devem ser consideradas não somente em seu âmbito geral mas também em todas as suas particularidades. Isso significa dizer que todas as carências de grupos, como pessoas portadoras de qualquer tipo de deficiência e idosos, apenas para citar dois exemplos, devem ser endereçadas à reurbanização das cidades. 

Respeitados os propósitos e as premissas descritas, chega-se ao conceito conhecido como direito à escolha. Ou seja, a garantia de que qualquer pessoa possa usufruir da estrutura e dos espaços públicos de sua cidade, com igualdade de utilização.

Além da promoção da cidadania e do respeito à população, os benefícios de colocar as pessoas no centro de novos modelos de urbanização serão notórios. Seja na limpeza, seja na organização de ruas e calçadas, seja na redução de tempo de deslocamentos, da poluição sonora e dos danos ao meio ambiente, seja no controle da violência no trânsito, seja até na melhoria da saúde da população, é fundamental que, mesmo que pouco a pouco, as grandes cidades caminhem em direção à reurbanização planejada para as pessoas.

Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião do Estadão

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