Seguro RCF: por que você não pode esquecer essa sigla de proteção
Acidentes acontecem por diversos motivos. Quando isso acontece, surge uma pergunta. Quem será responsável pelo pagamento dos danos?
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01/12/2025
O trânsito brasileiro está entre os que apresentam os maiores índices de acidentes graves ou fatais no mundo, o que levanta uma questão necessária: estamos preparados para lidar com os danos que podemos causar a terceiros? Acidentes podem acontecer por diversos motivos – uma distração, um ponto cego, um buraco na pista ou até a atitude inesperada de um pedestre desatento. Quando isso ocorre, surge uma pergunta inevitável: quem será responsável pelo pagamento dos danos?
O principal instrumento disponível no Brasil para esse tipo de situação é o Seguro de Responsabilidade Civil Facultativa de Veículos (RCF-V), que oferece proteção financeira ao motorista ou proprietário do veículo quando ele é responsabilizado por danos causados a terceiros. Essa cobertura inclui tanto os prejuízos materiais – como reparos em veículos, postes ou fachadas – quanto os danos corporais, que podem envolver despesas médicas, indenizações por invalidez ou morte e até mesmo danos morais. Apesar da importância dessa cobertura, apenas cerca de 30% da frota segurada no País conta com o RCF-V, segundo dados da Confederação Nacional das Seguradoras (CNseg).
O cenário reforça a necessidade de atenção ao tema: em 2024, a Polícia Rodoviária Federal registrou mais de 73 mil acidentes em rodovias federais, que resultaram em mais de 6 mil mortes e 84 mil feridos — o maior número desde 2020. Considerando também as vias urbanas, o Brasil soma mais de 800 mil acidentes por ano, trazendo consequências diretas para famílias, para a economia e para o sistema público de saúde.
Seguro opcional
Em vários países, a cobertura de responsabilidade civil é obrigatória, como Estados Unidos, França, Alemanha, Espanha, Reino Unido, Canadá e Austrália. Na União Europeia, por exemplo, nenhum veículo pode circular sem, pelo menos, essa proteção básica, o que garante indenizações mais rápidas às vítimas e seus familiares, reduzindo disputas judiciais prolongadas. No Brasil, o Judiciário normalmente estabelece a indenização com base na renda e idade da vítima, podendo o valor chegar a centenas de milhares de reais, afinal uma família pode ter ficado sem o seu provedor.
Muitos ainda confundem o RCF-V com o extinto DPVAT. Porém, o Seguro de Responsabilidade Civil Facultativa de Veículos (RCF-V) é opcional e protege financeiramente o motorista quando ele é responsabilizado por danos a terceiros, sejam materiais ou corporais, visando amparar a vítima e/ou seus familiares.
O desconhecimento desse risco e da possibilidade de sua cobertura leva muitos condutores a optar por contratar limites de cobertura muito abaixo da realidade, que não condizem com a realidade dos custos de um acidente. É comum encontrar apólices com valores entre R$ 50 mil e R$ 100 mil para danos corporais, mas esses montantes nem sempre são suficientes para cobrir todos os custos decorrentes de um acidente.
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Custos elevados
Como exemplo, um atropelamento envolvendo um cidadão de 35 anos, casado e com um filho pequeno pode gerar indenizações significativas, mesmo que esse tenha uma renda baixa. O Judiciário em geral presume que 2/3 da renda da vítima — que para fins desse exemplo vamos arbitrar em R$ 1.000 mensais — sustentava a família, gerando uma pensão mensal de R$ 666,67 até a expectativa de vida de 73 anos. Isso representa uma indenização superior a R$ 300 mil, sem contar despesas médicas, custos judiciais e eventuais danos morais. Quando a cobertura contratada não for suficiente, a diferença terá de ser arcada com recursos próprios do condutor ou proprietário do veículo, ou ainda sua renda futura, dado que a família da vítima ficou desassistida.
É preciso compreender o RCF-V como uma proteção essencial. Essa cobertura não é apenas um item opcional da apólice, mas uma forma ética e consciente de mitigar riscos financeiros, garantir proteção em situações inesperadas tanto para quem dirige quanto quem compartilha as ruas e estradas. Em um trânsito imprevisível e com altos índices de acidentes, estar preparado para arcar com os próprios atos é um compromisso de responsabilidade social, cuidado com o próximo e preservação de suas finanças. A experiência de décadas no setor de seguros e tendo visto muitas vezes essa situação de insuficiência de cobertura se repetir, recomendo que procure o seu corretor e avalie com ele se a sua cobertura está adequada às suas necessidades.
Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião do Estadão
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