Tarifa Zero em BH custaria menos de 1% da folha salarial das empresas, aponta estudo da UFMG
Pesquisadores destacam que mais de 80% das empresas da capital mineira teriam economia com o novo modelo

A proposta de Tarifa Zero para o transporte coletivo de Belo Horizonte pode ser financeiramente viável e benéfica para a maior parte das empresas da cidade. É o que aponta o estudo técnico da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
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A análise mostra que a contribuição mensal para custear o transporte gratuito representaria, em média, 0,91% da folha salarial. Ou seja, o impacto é considerado baixo diante da economia gerada, especialmente para microempresas, que seriam isentas da cobrança.
O estudo da Faculdade de Economia da UFMG reforça ainda que mais de 80% dos negócios da capital mineira seriam favorecidos com o novo modelo. “Há baixa possibilidade de impactos negativos para o setor produtivo e alto potencial de ganhos sociais, especialmente pelo caráter redistributivo da proposta”, afirma Ana Maria Hermeto. Ela é professora do Departamento de Economia da UFMG e uma das autoras da nota técnica.
O economista André Veloso, também da UFMG, destaca que cidades que adotaram a Tarifa Zero registraram aumento no número de empresas e empregos. Dessa forma, pode atrair novos CNPJs para Belo Horizonte.
A proposta é parte do Projeto de Lei 60/2025, que prevê substituir o atual gasto com vale-transporte por uma taxa fixa de R$ 185 por trabalhador. Porém, empresas com até nove funcionários ficam isentadas. O objetivo é compartilhar o financiamento do transporte público entre setor produtivo e poder público, democratizando o acesso ao deslocamento e impulsionando o desenvolvimento urbano.
Tarifa zero teria impacto positivo na economia local
Além de liberar renda para a população mais pobre, a Tarifa Zero pode impulsionar o comércio e os serviços locais. Conforme o estudo ressalta, o IBGE revela que o transporte chega a comprometer 20,7% da renda mensal da população baixa renda.
De acordo com a FGV, municípios que já adotaram o modelo registraram, em média, 7,5% de aumento no número de empresas. Além disso, houve 3,2% de crescimento no emprego formal e queda de 4,1% nas emissões de gases de efeito estufa.
“Hoje nossa empresa tem 13 funcionários e gasta mais de R$ 6 mil com VT. Com a Tarifa Zero, vamos economizar cerca de R$ 5 mil mensais, o que permitirá investir no restaurante e valorizar nossa equipe”, afirma Keyla Pitanga, fundadora do Querida Jacinta. Rafael Quick, sócio de estabelecimentos como o Juramento e o Forno da Saudade, também vê benefícios. “Mais gente circulando nas ruas significa mais movimento para o comércio”.
O estudo também considera a rigidez locacional da cidade. Ou seja, as características que dificultam a saída de empresas para outras regiões, como um fator que minimiza o risco de evasão de negócios. “
O receio de fuga de CNPJs é pouco fundamentado”, avalia Ana Hermeto. Para os pesquisadores, a proposta da Tarifa Zero pode se tornar um exemplo nacional de política urbana com impacto social e econômico concreto.
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